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Demorou exatos três dias para Bucky compreender a razão de Andrew ter conversado com ele sobre a caderneta e a razão dele ser chamado de corvo. Devia ter sido uma das poucas, senão a única, vez que eles tiveram uma conversa franca sobre o passado e um pouco do peso que carregavam nos ombros, que nunca discutiram sobre nas quase três semanas em que dividiram um apartamento. Apesar disso, Barnes não entendeu as motivações de Andrew em querer ser sincero até sábado de manhã, quando o viu se arrumar.

– Para onde está indo? – Barnes pergunta a Andrew, reparando na maneira que ele arrumava a gravata azul-marinho várias vezes. – Ainda são seis da manhã, porque está se arrumando tanto?

Ele está encostado no batente da porta do banheiro, os braços cruzados em frente ao corpo, observando o Stark se arrumar. Em pequenos períodos de alguns segundos, Andrew para de se arrumar para beber um gole de seu café que provavelmente já está frio considerando há quanto tempo ele está se arrumando.

Andrew olha para Barnes através do reflexo do espelho, um sorriso amplo e estranhamente provocativo direcionado a Bucky, ainda ajeitando a gravata até ficar satisfeito com sua aparência. Os cachos foram aparados por uma tesoura às cinco da manhã, nunca estiveram tão brilhantes quanto agora, o perfume que banha o terno de Andrew chega até a porta, onde Bucky considera se Andrew irá ignorar a sua pergunta.

– Tenho uma reunião importante daqui a três horas, preciso estar a altura. – Andrew responde vagamente, Bucky continua sem saber qual é o lugar e o porquê de ser importante.

Os olhos verdes de Andrew alcançam os de Bucky quando ele volta a arrumar o cabelo, tesourando os cachos com os dedos, certificando que estavam impecáveis.

– Essa noite vamos sair. – Andrew decide por eles, sem ao menos perguntar se Bucky gostaria de ir.

Não que ele tivesse planos, desde que Steve o mandou para o apartamento de Stark, ele não tem muito o que fazer além de aprender a cozinhar e ler os livros da estante de Andrew. Ah, é claro, ele aprendeu a como cuidar de plantas depois de ter matado três após esquecer de regá-las. Ele nunca pensou que veria alguém chorar por plantas, porém Andrew chorou e quase fez um funeral.

– Eu acho que não tenho roupa para a ocasião. – Bucky diz, olhando Andrew de cima a baixo, reparando nas roupas caras e o sapato social perfeitamente limpo que poderia servir de espelho pelo reflexo que produzia.

– Não se preocupe com isso, não vamos a nenhum lugar chique ou coisa do tipo. – Andrew assegura. – Na verdade, acredito que você vai gostar.

Bucky apenas acena com a cabeça.

– Antes que eu me esqueça, consegui seu boné de volta. – Andrew conta, abrindo a bolsa carteiro que estava em cima da tampa do vaso. – O cara que você bateu ficou um pouco rancoroso, mas consegui convencê-lo a devolver.

Barnes pega o boné e o analisa, convencido de que havia algo de errado para Andrew estar se arrumando tão cedo. O boné em si era o mesmo, nada mudou e Barnes não sabia se ficava decepcionado em não encontrar nenhum bilhete secreto entre as costuras.

Obviamente, Andrew está estranho.

Tudo nele indica uma perfeição inumana, os hematomas em seu corpo e pescoço sumiram, sem sinais de uma vez terem estado lá, sua aparência em si está perfeita; com os cachos de seu cabelo alinhados sem nenhum fio fora do lugar, a roupa está impecavelmente passada com nenhum sinal de amassado à vista. Bucky não se lembra da última vez que viu alguém bonito igual a Andrew, com a aparência semelhante a de um anjo, o que faz com que desconfie sobre o lugar em que o Stark está indo.

Sua preocupação é justificável, da última vez que Andrew o levou ao lugar que frequentava todos os dias, Bucky o viu morrer.

Ele não pode ser culpado por se preocupar com Andrew, uma das pessoas mais próximas de Steve e logo o peso da responsabilidade de mantê-lo vivo caia sobre os ombros de Bucky.

Lar, doce lar - Bucky BarnesWhere stories live. Discover now