Capítulo 15.

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— Feche a porta. E me desculpe por isso. — ela entrou e já se direcionou a sua enorme poltrona. — Foi antiético falar daquela maneira com você. Sente-se, por favor.

Fiz o que ela mandou, e mesmo confusa, a olhei, tentei decifrar o que seus olhos azuis dizia, mesmo que o seu rosto estivesse tomado por uma expressão de espanto e o seu olhar estivesse distante, ela não conseguia disfarçar o medo e a tensão.

— Quem é o seu novo namorado, Chloe?

— Srª. Evans, houve um engano. — ri sem graça e envergonhada. — O Vitor não é o meu namorado, nós estamos saindo, eu gosto dele, mas não somos um casal. E em relação ao Artur, nós também não tínhamos nada.

— Eu não quero saber sobre o Artur, não agora. Me fale sobre o Vitor.

— Ele não é importante! — a cortei, enquanto pensava em algo para mudar de assunto. — Quer dizer, ele é importante sim, para mim, mas eu não sei se devo falar sobre ele, sobre a vida dele com a senhora.

— Aonde você o conheceu?

— Por aí, em uma festa ou outra. — falei e respirei fundo, isso soava estranho, será se ela tinha um caso com o Vitor? — A senhora o conhece?

— Não. Não o conheço, eu pensei ser uma pessoa, mas depois que você falou o nome, vi que me enganei. — ela não conseguia esconder o medo, mais uma vez.

— Senhora Evans, há algo que queira me contar? — me aproximei dela, tentei ser um pouco acolhedora, ela talvez não estivesse bem da cabeça.

— Eu acho que preciso tirar uns dias de licença, Chloe. Eu estou começando a ver coisas e criar situações em minha mente, situações que nunca acontecerão, confundido tudo, meu mundo está... de cabeça para baixo desde que Artur e Aaron se desentenderam. Quer dizer, tudo começou antes, quando eu perdi o Tyler, tudo mudou, o Artur mudou e hoje eu estou assim.

— Eu te entendo, senhora Evans. Eu também estou criando coisas, vendo coisas que não existem. Acho que isso é mal de Artur. — falei, e logo em seguida dei uma risada acanhada, tentando amenizar o clima. — Ele foi embora e eu me desestabilizei, eu sei bem do que a senhora está falando, mesmo que sejam em situações diferentes, estamos vulneráveis e nossa mente está nos pregando peças.

— Nós duas precisamos descansar, Chloe. Tire alguns dias de férias, eu farei o mesmo, ficaremos bem. — ela deu um sorriso acolhedor e segurou a minha mão. — Você promete me dar notícias do Artur?

— Sim. — engoli seco. — Eu prometo.

[...]

Hoje era mais um dia de aula de dança, mas eu não estava tão bem para ir, e ainda ia sair com o Vitor à noite, precisava descansar e aproveitar a minha semana de licença pós Artur, talvez ficar afastada da revista e das pessoas me ajude a pensar e decidir o que realmente quero, esperar por ele ou ir atrás dele e aceitar todos os seus planos malucos para ficarmos juntos.

A sensação de estar sendo seguida era rotina, então, entrei no prédio sem olhar para os lados, resolvi ignorar esse problema, o blogue anônimo já não era mais problema meu, e a próxima ameaça eu já estava decidida a ir até a delegacia. O joguinho dele não ia tão longe. Peguei o elevador e quando o mesmo chegou no meu andar, a vizinha estava encostada ao lado do meu apartamento e deu um sorriso amigável, ela descruzou os braços e se aproximou.

— Oi, vizinha. — ela riu, igual uma desesperada. — Encontrei isso, você sabe a quem eu entrego? Parece ser caro e pode ser do vizinho antigo, não quero problemas caso ele volte atrás.

Ela abriu a mão e revelou a pulseira dourada, a pulseira de Artur que tanto me deu motivos para ir falar com ele quando nos conhecemos. Será se ela ainda carregava o cheiro do seu perfume?

Meu Inesquecível Vizinho Onde as histórias ganham vida. Descobre agora