18. Contar tudo

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Wuxian não soube ao certo quantos sinais vermelhos ultrapassou no caminho, ou quantos xingamentos ouviu de motoristas e pedestres.

Não soube dizer quais palavras duras o segurança disse tentando o impedir de invadir a casa, e não se importava nem um pouco.


De longe avistou cerca de cinco carros estacionados em fileiras perfeitas e alinhadas, mas um em específico fez seus olhos subitamente se arregalarem.

Um Hatch roxo escuro.

"Aquele não é o carro da..."

- "Shijie! Você sabe se a mamãe está em casa?" - O rapaz perguntou assim que sua irmã atendeu a ligação.

"Se não me engano ela tinha uma reunião hoje com uma família. Por quê?"

- "Nada demais... Pode pegar Chenqing e ficar com ele? Obrigado, shijie!"

Desligando o celular, Wuxian ponderou por algum tempo enquanto batucava o volante do carro.

Quer saber? Foda-se!




- "Madame Yu."

Adentrando a sala com o pequeno no colo, o rapaz cumprimentou brevemente a mulher de aparência juvenil que tanto conhecia.

Ziyuan acenou rapidamente e logo sua expressão de surpresa fora substituída pela seriedade, sua feição natural.

Wuxian caminhou pela sala enquanto sentia olhares pousados em si.

- "Lan Zhan!"

Sorriu terno assim que parou ao lado do outro, gentilmente apoiando Yuan sob o braço e acariciando as costas do homem.

- "Quem é você?"

Seu olhar caiu na mulher estranha que estava em pé ao lado de um homem feio. Seu rosto manchado pelas lágrimas e a maquiagem escorrida dava uma sensação dramática e miserável para ela.

- "Este é o jovem Wei, secretário de Wangji."

Percebendo que nenhum dos dois iria se pronunciar, Xichen o apresentou formalmente a amigavelmente.

- "Ele é apenas um secretário, não tem que se meter em conversas pessoais. Se você nos der licença..."

- "Essa casa não é sua. Eu decido quem entra ou sai, e ele fica."

Wangji estava sem paciência e sensível. Wuxian havia percebido desde o momento que chegou.
Mas ouvindo a maneira grosseira que o chefe usou ao falar com o homem velho e repugnante que estava presente, teve total certeza.

Mesmo que sua face fosse pálida, normalmente as bochechas protuberantes eram pintadas em uma clara tonalidade de magenta. Seus olhos cerrados e dourados brilhavam constantemente, como pequenas galáxias vizinhas. Sua boca bem desenhada sempre estava rosada e hidratada.

A visão que Wuxian tinha no momento era completamente diferente.

Seus olhos estavam escuros e sem brilho. Suas sobrancelhas grossas e retas abaixadas, em uma expressão triste. Seu rosto pálido e sem um traço colorido mantinha lábios ressecados e olheiras azuis. Ele também estava mais magro.

Sua voz grave e rouca trazia uma sensação de angústia assustadora, tão grande que a criança nos braços alheios se encolheu minimamente, levando sua mão pequena até o braço do pai.

- "Senhores, meu cliente está cansado e precisa descansar. Ele está a duas semanas sem trabalhar e sua saúde está sendo afetada. Podemos marcar outra audiência e discutirmos com o juiz? Creio que a senhora Wen também não está em condições para tal ato." - Ziyuan falou calmamente.

𝙾 𝙵𝙸𝙻𝙷𝙾 𝙳𝙾 𝙼𝙴𝚄 𝙲𝙷𝙴𝙵𝙴Onde histórias criam vida. Descubra agora