06

50 10 35
                                    

Já havia anoitecido quando Antonella retornou para a casa dela. Jeff a acompanhou até a porta. 

— Obrigada por me trazer até aqui, mas não precisava. 

— Não foi nada, a rua pode ser perigosa ainda mais a noite — Jeff se aproximou o suficiente e cochichou no ouvido dela. — Sabia que têm um assassino em série na cidade? 

Jeff se afastou e Antonella riu. 

— Sabia, sim, ele apareceu no meu quarto noite passada e certamente vai ir hoje também, não é? 

— Não — negou. — Pode ficar tranquila. 

— Ok, eu preciso entrar até amanhã, Jeff. 

— Até amanhã Anto. 

Jeff foi embora e Antonella entrou em casa, ela deixou sua mochila em cima do sofá e seguiu até a cozinha. 

Em cima da mesa havia um bilhete e um prato de biscoitos com gotas de chocolate, ela tirou o plástico e pegou um mordendo. 

Eles tinham os mesmos gostos daqueles que sua mãe e ela faziam quando o seu pai ainda era vivo. 

Anto abriu o bilhete. 

Filha, eu sei que não tenho sido a melhor mãe do mundo para você desde que descobri o que o Nicai fazia quando eu não estava ao seu lado, me sinto incapaz, a mulher mais incapaz desse mundo.
Não me sinto digna de ser a sua mãe Antonella porque eu falhei com você, eu falhei em ser a sua mãe, em ser sua amiga porque eu sempre disse que seria a sua melhor amiga e que poderia contar comigo sempre, mas eu não te protegi e coloquei dentro da nossa casa na sua vida um monstro, mas quero que saiba o quanto eu te amo filha.
Você é a minha menina, o meu raio de sol, a luz da minha vida, é o meu pequeno milagre.
Sei que esses biscoitos não vão apagar o que aconteceu com a gente e que eles não irão trazer a sua inocência que foi roubada de você, assim como sei que isso não vai diminuir a minha culpa e eu não quero que ela diminua porque não vou me perdoar nunca, mas espero que me entenda e que um dia possa me perdoar.
Tudo que eu quero é que possamos ser felizes novamente, são os biscoitos que fazíamos com seu pai quando era pequena, espero que ainda saiba fazer.
                    Espero que goste, te amo. 

Antonella colocou a carta em cima da mesa e começou a chorar, ela correu para a sala e subiu as escadas indo até o quarto de sua mãe. 

Ao abrir a porta, ela a encontrou sentada no sofá, Márcia se levantou e Anto correu até ela abraçando fortemente. 

— Tudo bem, filha, o que aconteceu? 

Antonella a olhou. 

— A culpa não foi sua mamãe, você não teve culpa de nada, eu te amo muito e eu senti a sua falta. 

— Oh, meu amor, me perdoa, eu sinto muito por tudo. 

— Nada é sua culpa, mamãe, vamos esquecer o que aconteceu e seguir em frente, seremos como antes. 

Márcia a abraçou novamente e começou a chorar. 

— Eu prometo que de agora em diante vamos ficar juntas e eu vou cuidar de você — ela beijou a cabeça da filha. — Vou me esforçar para ser a melhor mãe do mundo e seremos como antigamente. 

— É tudo que eu mais quero. 

Elas se afastaram novamente. 

— Então que tal descermos e eu fazer um chocolate quente para comermos com os biscoitos? 

— É uma ideia maravilhosa, eu só tenho que tomar um banho e já desço. 

— Eu vou preparar o nosso chocolate quente. 

2• Trevas e Desejos -  Série Desejos |Concluída|Where stories live. Discover now