a white demon love song

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Era uma noite quente. O verão era uma das estações favoritas de Kara, pois o sol naquela pequena vila da Romênia dava esperança ao povo. Era a filha de um fazendeiro que havia partido há muito tempo, então a mãe, dona de casa, mesmo não tendo o mesmo valor como um homem perante os olhos da sociedade, virou chefe de família. Kara e sua irmã, Alexandra, ajudavam a mãe o quanto podiam, mas, se tivessem sorte, uma boa colheita podia fazer com que elas sobrevivessem ao inverno.

Por estar calor, Kara deixou a janela do quarto aberta. Mosquitos de todas as espécies invadiam o cômodo, mas a pequena vela de ervas matava todos os insetos que insistiam em ficar no local. A lua era cheia e sua luz iluminava todo o quarto. A trilha sonora da noite era composta por corujas, sapos, grilos e raposas.

Então quando todos os animais ficaram em um silêncio sinistro e o quarto ficou parcialmente escuro, um instinto de Kara a fez despertar. Apesar de estar cansada por trabalhar sob o sol no plantio, acordou totalmente atenta. Alguém sentava no beiral de sua janela.

Uma mulher, Kara notou. O longo vestido era do tom mais escuro já visto, assim como o cabelo. Com a luz do luar, a pele era pálida, como se nunca tivesse sido exposta ao sol. Os olhos eram intensamente negros como ônix e a boca era num incrível tom de vermelho.

A mulher era linda, hipnotizante. Entretanto, aquela aparência era uma armadilha e Kara era a presa.

- Quem é você? - a voz de Kara quebrou o silêncio.

Um erguer de sobrancelhas era a única expressão de surpresa que a mulher indicou. Ela desviou o olhar para fora por um momento antes de entrar completamente no quarto de Kara e fechar a janela. Os animais voltaram a fazer barulho, como se o perigo estivesse fora de vista.

Kara olhou para sua porta. Alex dormia com a mãe naquela noite, pois Eliza havia amanhecido febril em decorrência de ter pego chuva no dia anterior, então a filha mais velha ficou cuidando da mãe no período noturno. Se fosse em qualquer outro dia, as irmãs estariam dividindo o quarto como sempre.

A mulher andou precisamente até a porta e bloqueou a entrada com uma cadeira que ficava ali ao lado. O coração de Kara palpitou mais rápido, uma fuga seria impossível. Qualquer que fosse o motivo, a mulher estava ali por Kara.

- Não tenho nada de valor - Kara engoliu em seco.

A mulher encarou o pescoço de Kara como se pudesse ver a pulsação do sangue da garota ali. O sorriso vermelho revelou um par de caninos afiados e mortais.

Todos os seus instintos gritavam fuja, fuja, FUJA, mas como Kara poderia se mover quando aqueles olhos estavam sobre ela?

A mulher se sentou na cama de Kara, bem ao seu lado. Tão perto que a camponesa notou que os olhos da mulher não eram pretos, a pupila dilatada deixava apenas um arco da íris verde floresta. Com o dedo indicador pálido, a mulher tocou o pescoço de Kara e pressionou a jugular.

- Sua vida não é nada valioso para você, Kara? - A voz da mulher era antiga e sombria.

A respiração de Kara aumentava ao mesmo tempo que a mulher descia sua mão até segurar seu pulso.

- Como sabe meu nome? - Kara não sabia o motivo de não estar gritando naquele momento.

A mulher trouxe o pulso de Kara até o rosto, a bochecha acariciando a pele. Ela pareceu sorrir quando pôde sentir a frequência da pulsação, mas foi apenas um instinto refreado de ataque.

- Sei tudo sobre você. - A mulher sussurrou no mesmo tom de voz sombrio. - Nasceu numa primavera ensolarada há quase vinte anos atrás, no mesmo quarto em que sua mãe e irmã dorme no momento. O início da juventude foi difícil sem seu pai, mas as mulheres dessa casa são fortes e conseguiram se manter por um tempo. Entretanto, agora, passam por dificuldade, a colheita não deu o rendimento esperado e logo os impostos serão recolhidos. Sua irmã preferiria arrancar o próprio coração, mas se casaria para tirar a família da miséria e você faria o mesmo. - Os lábios vermelhos roçaram a pele do braço de Kara em reverência. - Nunca foi casada. Nunca foi tocada. - A mulher olhou intensamente para o azul oceano que era os olhos de Kara, antes de descansar o rosto entre os seios da camponesa, ouvindo cada batimento frenético daquele coração. - Pura.

Elas ficaram naquela posição até o momento que o coração de Kara se acalmou. A mulher se afastou minimamente, somente o tanto para que as duas ficassem com o rosto a um palmo de distância, dor passou naqueles famintos olhos verdes.

Kara por um momento abaixou a guarda e não sentiu medo daquela mulher estranha.

- Quem é você? - Perguntou novamente.

A mulher olhou para a boca da camponesa e o coração de Kara acelerou dessa vez não por medo, mas por uma sensação que nunca tinha sentido antes. Desejo.

- Meu nome é Lena.

Kara ainda encarava aquele belo rosto, sentindo um calor dentro de si que não tinha nada a ver com a temperatura ambiente.

- E o que você quer de mim, Lena? - Kara falou baixo, mas com a voz firme.

Devagar, Lena beijou o vale dos seios de Kara e a respiração da camponesa cessou no mesmo momento. Com uma mão, a mulher de preto afastou a camisola do ombro da camponesa, beijou toda aquela pele firme e bronzeada de tanto trabalhar no campo durante o dia.

Um suspiro de prazer escapou dos lábios de Kara quando Lena beijou e passou a língua levemente no lugar onde o pescoço e ombro se encontravam.

- Não vou fazer nada que não queira. - Lena falou extremamente baixo. Se não estivesse tão perto, Kara não entenderia. - Prezo pela sua vida mais do que imagina.

Os caninos afiados passaram pelo pescoço e o arrepio da camponesa foi imediato.

- Quero provar seu gosto - a voz da mulher sombria saiu rouca.

Muito devagar, a Lena aproximou seu rosto de Kara. O nariz roçava a bochecha e Kara fechou os olhos com o carinho, sentia que o coração pararia com a expectativa de sentir Lena em sua boca. Kara mordeu o lábio para não deixar escapar um som sequer.

- Preciso da sua afirmação - o hálito quente de Lena acariciou o rosto da camponesa. - Você me quer?

Kara não conseguia pronunciar mais palavras, suas coxas estavam unidas com força para que a fricção buscasse algum alívio. Então ela balançou a cabeça em concordância.

Os lábios tocaram os de Kara suavemente. Lena deixou escapar um grunhido de satisfação quando a camponesa abriu mais a boca para que sua língua explorasse todo canto.

Kara tremeu ao sentir com a própria língua aqueles afiados caninos, no primeiro momento eles a tinham a apavorado, mas agora trazia excitação. A boca de Lena se movia sedutoramente e a camponesa sentia seu sangue ferver sobre o toque daquela mulher misteriosa. No momento, não pensava em nada e apenas apreciava a sensação.

Lena se afastou e respirou fundo, Kara se perguntou se sua presença exigia esse tipo de controle.

- Desculpe por tudo isso - Lena sussurrou para a ofegante camponesa. Sem mais avisos, Lena mordeu o pescoço de Kara.

Por mais que o instinto implorasse para fugir, o corpo de Kara reivindicava Lena como proprietária. Uma vampira era aquela mulher em seu quarto. Lena, saiu diretamente de um conto de terror noturno para se materializar em seu quarto.

A mordida não doeu como Kara esperava. Sentia seu sangue sendo drenado quase como uma reverência a cada gole que Lena dava, sentia o corpo ficando leve e a presença daquela mulher ficando cada vez mais longe. A intimidade daquele momento era inimaginável.

Num estado de estupor, Kara sentiu Lena se afastar, depois de lamber o local que mordeu. O sangue parou de correr no mesmo momento. Fraca e sonolenta, a camponesa apenas observava a vampira arrumando sua camisola e a cobrindo com a coberta fina. Lena colocou a cadeira de volta no lugar ao lado da porta e jogou um pequeno saco de tecido tilintante dentro de uma das gavetas da cômoda desgastada.

A vampira trocou olhares com Kara quase adormecida apenas uma vez antes de abrir a janela e sair pela noite.

Desejo e SangueUnde poveștirile trăiesc. Descoperă acum