Capítulo 11 este capítulo e muito importante para a história

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ANO 791

Era uma noite nublada no castelo ao norte do clã Mclvol e uma mulher corria em desespero pelos corredores gelados com lágrimas em seus olhos escuros como a noite. Era uma jovem de vinte anos, esguia, alta, seus cabelos eram escuros e possuía uma pinta no canto esquerdo abaixo da boca.

Seu coração doía pela tristeza e decepção. O homem o qual ela amava tirou sua honra, a coisa a qual os vikings mais prezam. Principalmente seu pai, um homem frio e cruel.

Com a decisão já tomada, ela vai para a parte mais sombria e solitária da floresta. O lugar onde se encontra o velho poço.

A dor em seu peito é muito profunda e a jovem leva a mão ao seu ventre pedindo perdão a vida que cresce dentro de si. O fruto do terrível pecado que cometeu e que se lembra perfeitamente de como tudo começou.

''Erica

Era uma tarde ensolarada e os homens do clã estavam alegres fazendo apostas para a corrida que aconteceria em instantes.

Eu estou com um vestido verde e meus longos cabelos negros estão em uma bela trança.

As mulheres estavam preparando o hidromel para o festival de corrida de cavalo que estava acontecendo.

- Por que minha irmã não está com as outras mulheres? -assusto-me quando escuto a voz de meu único irmão.

Tenho medo de falar para ele que gostaria de estar ali e cavalgar com os homens. Queria ser livre para poder fazer minhas próprias escolhas.

Os homens de nossa terra são muito machistas e não aceitam a ideia de mulheres se imporem e fazerem as mesmas coisas que eles fazem. Sempre dizem que nosso lugar é abaixo deles.

Fico revoltada com esse pensamento idiota, enquanto eles se divertem temos que ficar na cozinha preparando as carnes assadas e administrando tudo para não faltar vinho e hidromel.

Sempre quis lutar e ir para guerra, sempre quis ser livre. Admiro os pássaros, pois eles são livres e podem voar para onde quiserem.

- Estava apenas vendo a comemoração dos homens. -ele me olha desconfiado.

- Sabes que se papai te pegar aqui olhando os homens irá lhe punir, e desta vez não poderei me meter.

Automaticamente levo minhas mão às minhas costas e faço uma careta de dor me lembrando da última surra que levei. Até hoje minhas costas doem.

- Vá para a cozinha e mande algumas escravas do prazer para satisfazerem os homens.

Concordo com a cabeça e me retiro, afinal meu irmão tem razão. Não seria nada bom meu pai me pegar olhando para o salão de festa.

Vou até a cozinha e vejo mamãe e as outras duas esposas do meu pai arrumadas e administrando tudo.

- Onde você estava menina? -minha mãe pergunta com um sorriso doce nos lábios.

- Esta menina, com certeza estava envergonhando o pai por aí, é a única cisa que faz. -a segunda esposa do meu pai fala fazendo minha mãe se levantar.

- Não fale da minha filha Val, sua cobra. Não deposite suas amarguras em minha filha.

Este comentário me deixa mais desanimada, mesmo sabendo que Val sempre teve inveja da minha mãe por ser a primeira esposa do meu pai e a única que conseguiu gerar filho.

Lembro-me do pedido do meu irmão.

- Mãe, Axel está pedindo para mandar escravas para servir os homens no salão principal.

Minha mãe bufa contrariada.

- Hoje a orgia dos homens começará bem cedo, antes mesmo da vitória na corrida. -diz com desprezo.

A terceira esposa do meu pai vai para escolher as escravas.

Saio daquela cozinha sem ser vista e vou em direção ao meu quarto, chegando lá pego meu diário e começo a escrever sobre meus sonhos e meus medos.

Escuto uma grande movimentação do lado de fora da minha janela. Quando me aproximo para ver observo os homens com meu pai e meu irmão iniciando as apostas. Meu irmão já este montado em seu cavalo negro, ao seu lado está Bjorn e o nosso primo Rolfo.

Sempre fui apaixonada por Rolfo, seus cabelos são loiros e seus olhos me lembram o céu em uma linda tarde de verão. No entanto, seu jeito arrogante sempre foi um obstáculo em nossas vidas, todos sabem que ele sempre inveja tudo que pertence ao meu irmão.

Despeitadamente vejo ele olhar para cima e fazer um sinal para me encontrar com ele. Meu coração dispara de alegria e amor.

Hoje vamos aproveitar a corrida para ficarmos juntos, quero me entregar para ele. Odin abençoará nossa união.

Olho-me no espelho do meu quarto e analiso se estou apresentável. Solto minha longa trança deixando meus cabelos soltos e corro as escadarias do fundo do castelo.''

Erica olha novamente para o poço se lembrando daquela tarde em que arruinou sua vida. Ela entregou a um homem seu coração, seu corpo e sua honra. E no fim, acabou destruída.

Seu coração? Estraçalhado. Seu corpo? Impuro. Sua honra? Manchada.

Para a jovem foi preferível a morte, pois sabia o que aconteceria no futuro. Seu pai, o qual nunca demonstrou afeto pela jovem, iria culpá-la pela vergonha, mandaria para longe sem nada e fingiria que nunca existiu.

E o homem para quem se entregou? Ah, esse seguiria com sua vida e a esqueceria.

Erica respira fundo, fecha os olhos e leva as lembranças consigo para o fundo do poço.
Revisado por @prettysavage116.

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