touchdown!

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Sempre foi você, sempre foi você.
Você é a única para quem meu coração sempre volta.

Always been you
Shawn Mendes.

— AXL —

Touchdown.

Estou quase lá. Quase lá. A bola está encaixada fortemente debaixo do meu braço, minhas pernas correm em uma velocidade avassaladora e só consigo pensar na linha branca pintada na grama, delimitando a área do campo.

Os gritos do meu pai são abafados ao longe, me orientando. Aquela voz firme e autoritária que eu tanto gostava. Nunca gostei muito que gritassem comigo, ainda mais grosseiramente, mas eu amava quando ele gritava comigo em campo. Ele era minha roda de escape, sabia como e quando me fazer travar, e o momento certo de me liberar.

Antes que um sorriso se forme em meu rosto, minha corrida até o touchdown é interrompida e um ombro forte me joga contra o chão. As risadas dos meus idiotas companheiros de time são escutadas e quero quebrar a cara de cada um deles.

Um apito é soado pelo treinador, e sei que vou levar meu terceiro sermão do dia.

— O que está havendo com você, Axl? — me sento ainda na grama ao ver a sombra da sua silhueta alta se aproximar de mim.

Garret Barreto e seus companheiros ainda riam a alguns metros o que me fez fuzilá-los.

— Eu vou quebrar a sua cara, Garret! — vociverei pra ele ao mesmo tempo que retirava o capacete na cara.

— Não vai quebrar a cara de ninguém! — meu pai, ordenou, calmamente — O treino acabou, pessoal! — avisou aos outros — Já pros vestiários.

Acompanho o sorriso cínico de Garret e seus amigos enquanto o time corre para fora do campo. Esse tarado imbecil estava escondido debaixo das arquibancadas esperando as líderes de torcida chegarem apenas pra ver por baixo de suas saias.

— Já falamos sobre isso, Axl. — me levantei, com raiva e vergonha demais para lhe encarar — Precisa se dar bem com seu time.

Odeio decepcionar meu pai. E mesmo sabendo que seus sermões não tem nada de decepção envolvida, e sim, preocupação. Mesmo assim, eu me autocensurava constantemente quando não conseguia alcançar meus objetivos, ainda mais em campo.

— Eles são uns idiotas sem cérebro. — solto, ainda com raiva — Não posso ser amigo deles.

Jogo meu capacete no chão, indo em passos pesados para fora do campo, indo para os vestiários. A essa altura, todos já tinham banhado e se trocado, então eu teria meu momento de paz longe deles.

Fecho meu armário ouvindo os passos do meu pai entrando.

— Filho, se não melhorar seu desempenho, terá que sair do time.

Por sorte, eu já havia me sentado em um dos bancos, calçando meus tênis, porque teria caído no chão com suas palavras.

— Mas minhas notas são ótimas, e—

— Sim, suas notas são ótimas, mas elas não são a única coisa te mantém você no time. Precisa melhorar. — aconselhou, a testa enrugada a me encarar — Você será o quarterback quando entrar no ensino médio, próximo ano e pode entrar em uma ótima faculdade com suas notas boas e sua habilidade em campo.

— Eu odeio eles. O que eu posso fazer? — baixo os ombros, exausto de tentar não ligar pra forma como eles tratam as garotas, os professores e em como não se importam se vão insultar alguém com aquelas piadas infames.

Contos de Greendale e RiversideOnde histórias criam vida. Descubra agora