Capítulo dois

424 51 60
                                    

Lisandra

Eu deixei a casa dos meus pais, no interior do Rio de Janeiro, assim que entrei na faculdade. Vim morar no apartamento que minha avó deixou de herança para mim e durante os dois primeiros anos meus pais me ajudaram com as despesas, mas eles deixaram de mandar dinheiro quando se separaram e, como havia acabado de ser demitida, decidi procurar uma colega de apartamento. E foi assim que conheci Bianca.

Era o seu primeiro ano como veterana, ela havia recém-completado dezoito anos e decidiu que já era adulta o suficiente para não morar com os pais - mas não para deixar de ser sustentada por eles - e correu para me procurar assim que viu o meu anuncio em um dos murais da faculdade. E como ela era a única que parecia ser normal, e os pais se comprometeram em pagar as despesas dela, nós passamos a dividir o apartamento.

O dinheiro que os pais dela mandavam ajudava bastante, mas desde que Bianca veio morar comigo eu fui obrigada a abandonar o costume que adotei assim que fui morar sozinha: andar sem roupa pela casa. Era completamente libertador, mas não era algo que eu pudesse fazer na presença da minha colega de apartamento. Por isso, no domingo, dia seguinte à sua viagem, eu acordei tarde e não me preocupei em vestir nada. Levantei-me da cama, ainda espreguiçando-me e saí do quarto bocejando, minha intenção era ir até a cozinha procurar algo para comer porque estava morrendo de fome. Entretanto, a porta do quarto de Bianca se abriu assim que eu passei por ela e eu congelei no lugar quando vi Natan saindo lá de dentro.

Ele se assustou quando me viu e o susto pareceu ser ainda maior quando desceu os olhos sobre meu corpo e se deu conta da minha falta de roupa.

— Caralho. — soltou, o rosto ficando vermelho e virou-se de costas rapidamente. — Desculpa.

Ainda parada no mesmo lugar, eu abri a boca para falar algo, mas um grito estridente saiu pela minha garganta quando vi aquele roedor horroroso saindo do quarto e vindo na minha direção. Natan virou-se novamente para mim depois do grito e a minha única reação no momento foi pular no seu colo, rodeando minhas pernas em sua cintura. Senti seu corpo se enrijecer e ele me encarou com a boca aberta e os olhos arregalados, completamente chocado e, provavelmente, sem entender o que estava acontecendo.

— O que esse bicho está fazendo fora da jaula? — berrei e suas sobrancelhas se franziram, mas então ele olhou para o chão e seus lábios se curvaram levemente em um pequeno sorriso.

— Você sabe que ele é inofensivo, não sabe? — indagou e eu bufei.

Tão inofensivo que já me mordeu uma vez.

— Prende esse rato logo, Natan. — resmunguei e senti um arrepio quando suas mãos tocaram minha cintura. Suas mãos estavam um pouco frias, mas seu toque era firme, bem diferente do que eu imaginei ao olhar para o seu rosto de menino tímido. Contive um suspiro quando seu polegar acariciou levemente a minha pele, mas logo apertei meus braços em volta do seu pescoço quando percebi sua intenção. — Nem ouse me colocar no chão.

— Como eu vou colocar o Tuco na gaiola com você no meu colo? — indagou, soando divertido.

Ah, ele estava achando engraçado? Então eu também poderia me divertir um pouquinho.

Abrindo um sorriso sensual, eu arrastei minhas unhas na sua nuca e aproximei meus lábios da sua orelha para sussurrar:

— Me leva para o quarto.

Senti seu corpo estremecer e o aperto em minha cintura se tornar mais firme, então ele coçou a garganta e assentiu com um movimento de cabeça.

— Tudo bem. — Natan murmurou, com a voz levemente rouca, e começou a caminhar em direção ao meu quarto.

LisWhere stories live. Discover now