12_ O terraço.

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Rain Miller

- Você pode, pelo menos, me contar para onde a gente ta indo? - Pedi ainda sendo puxada pelo Marcus.

Eu já quase cai umas 3 vezes e esse vagabundo continua me puxando igual um saco de batatas.

Se ele estivesse puxando o meu cabelo, invés de quase arrancando o meu braço, seria una história completamente diferente.

- É uma surpresa. - Fez mistério. Tudo que eu conseguia imaginar, era ele sorrindo igual um idiota depois de ter falado isso.

Enquanto ele me levava pelos corredores, eu observei algumas salas e uma em específico me chamou a atenção.

"Sala de música"

- Vocês têm aulas de música? - Perguntei interessada.

- Não... - Respondeu o Marcus pensativo. - Não mais.

Eu apenas assenti um pouco decepcionada e após de subir mais uma escada e andar um corredor, o Marcus parou. Observei as portas e o letreiro que estava na nossa frente com uma cara confusa.

Um segundo depois, o meu rosto se distorceu de ódio.

Peguei o extintor da parede e me preparei pra jogar no Marcus.

- Você me fez andar isso tudo pela droga de uma biblioteca? - Reclamei irritada.

A gente estava no último andar do colégio, um lado das paredes era todo de vidro e dava uma bela visão para uma floresta que eu nunca notei.

Era lindo de se ver.

Antes que eu conseguisse acertar aquela cabeça idiota com o extintor, o Marcus recuou assustado.

- Se você jogar isso em mim, vai ser agressão contra animais. - Se defendeu rapidamente e eu fiquei ainda mais brava.

- Por que você é um cachorro? Um burro? Um cavalo? Uma mula? - Questionei andando na direção do Marcus enquanto ele ainda recuava por medo.

É melhor ele sentir medo mesmo, porquê eu vou espancar ele com esse extintor.

- Eu ia falar "um gato" mas cavalos são pirocudos, então eu acho que também serve. - Fez piada e eu puxei ele pelo moletom trazendo os nossos rostos mais pra perto.

Isso foi um erro...

De perto, o sorriso idiota que enfeitava sua boca avermelhada e tentadora, parecia ainda mais bonito e charmoso. Os seus olhos castanhos penetravam nos meus verdes com intensidade.

O peito dele subia e descia lentamente e ao mesmo tempo irregularmente.

Eu quase esqueci que o meu foco era dar uma surra nele quando a sua mão deslizou lentamente pela minha cintura.

Ele usou a mão que passou pela minha cintura pra arrancar o extintor das minhas mãos frias e mortas, eu sai daquele encantamento todo, ficando ainda mais brava.

- Seu grande...

- Não esquece quem tem o extintor agora. - Ameaçou com um sorriso vitorioso e eu ri desacreditada.

- E você vai fazer o quê? Me pintar de branco? - Usei o sarcasmo.

- Então você quer recriar aquela cena do livro? - Provocou com um sorriso de lado.

- Idiota. - Falei bem próxima do rosto dele e o sorriso dele só aumentou.

O Marcus se afastou de mim e colocou o extintor de volta na parede, logo se virando pra mim.

- Eu te trouxe aqui por um motivo. - Caminhei até ele ainda com raiva. - A biblioteca é um dos únicos lugares que não fica trancado durante o fim-de-semana. - Explicou.

- Eu nem sei ler. - Protestei.

- Você tava lendo um livro ontem. - Me lembrou ele e eu revirei os olhos.

Droga...

Eu realmente preciso aprender a mentir melhor.

- Eu tava lendo um livro que tinha putaria, é diferente. Todo mundo sabe ler putaria. - Expliquei e o Marcus gargalhou diante do meu discurso de vagabunda safada.

- De qualquer jeito, a gente não está aqui pelos livros. - Falou e eu aumentei a minha careta confusa.

- E o que a gente veio fazer na biblioteca então? Você quer transar na biblioteca? - Sussurrei confusa e ele me olhou surpreso.

- Continuando... - Riu voltando ao assunto inicial. - O que muita gente não sabe, é que a biblioteca tem uma pequena passagem secreta. - Contou abrindo as portas de vidro da biblioteca.

Ele me puxou mais uma vez pela mão, dessa vez, para dentro da biblioteca.

O cheiro agradável de livros invadiu as minhas narinas e eu tive vontade de pegar um livro e ficar cheirando pela eternidade.

Desejo de drogada...

O que eu faria, se o idiota do Marcus não tivesse começado a me puxar pela biblioteca.

A gente deu tantas voltas que eu jurei que estávamos fugindo de um maconheiro.

O que não faria sentido, já que eu sou a maconheira.

De repente, o Marcus parou, na frente de uma estante de livros.

Eu encarei aquela estante com uma careta e me perguntei quantas vezes eu já fiz essa careta confusa desde que cheguei nesse colégio de loucos.

- Eu não sou mágica, não sou fantasma, não sou bruxa e muito menos vampira pra atravessar paredes. - Peguei um livro e comecei a bater no Marcus.

O Marcus puxou o livro das minhas mãos e segurou as mesmas apenas com uma de suas mãos.

Ele me deu um sorriso e caminhou até à janela que estava do lado da estante de livros, destrancou e abriu a mesma, se virando pra mim.

Eu ignorei ele e caminhei até a janela.

Se ele tá sugerindo suicídio, eu quero saber se a queda vai me matar mesmo ou apenas me deixar paraplégica.

Eu não só vi uma queda absurda, mas também como uma escada.

- Não que a minha vida seja tão preciosa mas se eu vou arriscar ela só pra seguir você, eu quero saber o que tem no final da escada. - Falei e o Marcus mordeu o lábio inferior para esconder o sorriso.

- O terraço.

continua...

O Colégio InternoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora