Write you a song

11 2 0
                                        


A vista de Moscow parecia ainda mais bonita e excitante. Todas as pessoas que andavam apressadas em meio a vida movimentada do lugar, dali de cima, assemelhavam-se a pequenos insetos. Perdidos em suas próprias tarefas e assuntos intermináveis, a normalidade habitualmente conhecida por aqueles olhos castanhos, levemente irritados em decorrência as lentes de contato que era obrigado a usar com frequência.

O ex modelo contemplava a imensidão que a sacada de sua suíte de luxo lhe proporcionava, aproveitando dos raios de sol que aqueciam docemente sua pele exposta, o começo do degelo da estação, a medida em que a televisão ligada ao longe anunciava incessante a notícia que satisfazia seu ego.
Em sua direita, um cigarro que jazia a metade, enquanto a esquerda envolvia uma taça do champanhe mais caro que conseguiu encontrar. Estava comemorando afinal.
Era satisfatório demais para si ver toda a comoção que sua suposta morte havia causado nas pessoas do mundo.
Que choravam e organizavam círculos de orações nas mais diversas religiões possíveis. Todos sentindo o pesar da perda tão prematura do "garoto de ouro da moda". Este sempre tão preocupado com os outros menos afortunados, as doações milionárias agora expostas em forma de manchetes sensacionalistas, além dos testemunhos calorosos por parte de seus fãs, que sempre ressaltavam, onde e quando podiam, a forma gentil que tal ser sempre lhes tratou. A imagem perfeitamente envernizada daquele belo garoto dourado, e seu valioso coração.

A aquele ponto Wakatoshi não conseguia controlar as risadas que surgiam toda a vez em que pensava em como Yuu e seus amigos estariam reagindo a tudo aquilo. Como deveria ser frustrante, e invejável, a maneira que toda a imprensa lhe colocou como um ser que beirava o divino.
Era bem feito para eles afinal. O jovem de fios claros conseguiu safar-se das consequências de seus atos profanos, e agora mantinha-se muito bem.
Era questão de tempo até que os bens familiares e finanças fossem descongelados, e Jaques seria a ponte de entrega, em um oásis que ambos viveriam da melhor maneira possível. O plano ia de vento em polpa, e o homem brindou a isso incontáveis vezes.

Eventualmente retornou ao cômodo principal, apagando do fumo que anteriormente tragava, e levando consigo apenas a bela taça vazia. Esta que não demorou em pousar sob uma superfície qualquer, acomodando-se desleixado em um dos sofás macios. Suspirando fundo, sorrindo tão grande que poderia jurar que sua face começava a doer, mas de fato não importou-se.
Tomou então seu aparelho celular contra um dos dígitos livres, havia chegado a hora de detalhar os próximos passos que deveriam seguir. E aquela altura sabia que nem ao menos a inconveniência de Jaques poderia estragar aquele dia perfeito.

— Alô, meu querido Tio! Podemos falar? Conseguiu contactar o Satori, né? — A voz melodiosa indicava perfeitamente o humor tão ensolarado quanto o dia lá fora. Usando dos dígitos livres para acender outro cigarro, tragando vagarosamente do mesmo

— O ruivo é o menor dos nossos problemas! Garoto, me escute bem, entendeu? — Em contra partida o timbre do mais velho estava apressado, quase como se o pânico pudesse ser sentido do outro lado da linha. O que fez com que Ushijima erguesse o corpo em um salto

— O que aconteceu com ele? Não me diga que você fez alguma merda! Caralho, você só tinha que avisa-lo! Será tão difícil assim?

— Seu pirralho estúpido! Cale a boca e me escute — Continuou em mesmo tom, colocando seu aparelho no viva voz enquanto fazia o que tinha que ser feito —
Ele não quis saber, disse que não quer mais nada que seja relacionado a você, e o celular que combinados fica constantemente na caixa postal, mas...

— Não interessa! Dê seu jeito, ele não merece passar pelo inferno que deve estar passando agora! — O jovem esbravejava — E eu bem sei que ele te deu uma grande quantia em dinheiro, então seja minimamente descente ao menos uma vez na vida, e avise ele que eu estou bem! O Satori é alguém puro e bom, não merece sofrer mais por causa da nossa merda!

Broken ModelsWhere stories live. Discover now