Broken Models

Sour

A noite passada fora divertida, todos os amigos que a compartilharam poderiam afirmar este fato. Nem mesmo aquela onda incômoda, sempre presente, foi capaz de amenizar tal sentimento bom.
Entretanto, eventualmente, os convidados partiram para suas casas, deixando o casal de modelos finalmente sozinhos.
Em certo ponto era exatamente o que tais anfitriões queriam, mas, ao contrário do que Asahi pensou, não tiveram oportunidade de conversar sobre o que ainda lhes incomodava.
Para falar a verdade, tal fato se deu por Nishinoya esquirvar-se de qualquer tentativa de o fazer. Fazendo com que, mesmo a contra gosto do de fios longos, optassem por ir para a cama. Onde cada um carregou suas próprias aflições e medos junto de si para debaixo dos lençóis. Bem, aquela noite não foi nada fácil para nenhum deles.

A cidade não havia começado a clarear.
O silêncio total também não fazia-se mais presente, visto que aquela hora da madrugada alguns carros e outros meios de transporte davam início a mais um dia.
Já de dentro do enorme cômodo correspondente a suíte de Yuu, algo ali não parecia certo. Ou ao menos era esta a impressão que Azumane tinha.
O de fios longos havia despertado a pouco mais de uma hora em resposta a movimentação incontrolável que o menor apresentou aquela noite. Era como se até mesmo o subconsciente de seu amado soubesse que tinha algo errado, então manifestava-se daquela forma durante o sono.
Asahi não sabia o que fazer, apenas acalentou o outro da forma que podia, acariciando delicadamente a face alheia, e, por vezes, sussurrando amorosamente a melodia conhecida. — E que Yuu cantarolava todas as noites antes de dormir — Mesmo assim não foi capaz de evitar o descontrole que se materializou em um grito estridente vindo do menor, que agora despertava do que parecia um de seus piores pesadelos. Sua face suada, corpo trêmulo e fios despenteados evidenciavam a confusão estampada no rosto delicado do rapaz:

— Amor, está tudo bem, estou aqui com você! — Asahi informou amoroso como de costume, instintivamente trazendo o outro para perto de seu peito, onde o pequeno aninhou-se sem precisar pensar muito a respeito, ainda afoito

— Me desculpe por te acordar... Foi apenas um pesadelo idiota, podemos voltar a dormir — A voz baixa e rouca indicavam que não estava tudo bem, e que, muito provavelmente, Nishinoya apenas tentava usar de mais artimanhas para não falar a respeito. O que fez com que seu amado bufasse descontente, desvencilhando-se do aperto apenas o necessário para que pudessem manter certo contato visual

— Noya... Eu estou acordado faz tempo. — Começou da melhor forma que podia, levando os dígitos aos fios do outro, dedilhando o local conforme continuava —  Precisamos conversar, se continuarmos indo pra cama com coisas guardadas, eventualmente isso vai corroer o que nós temos. — Usou dos dígitos livres para fazer com que Yuu lhe fitasse também, podendo notar sutis lágrimas descendo por sua bochecha — Não chore, por favor...

— Sim, acabei de ter um pesadelo! — Defendeu-se ríspido, afastando-se mais a medida em que limpava as gotas que derramou a pouco — O que você quer tanto saber? Pensa que não notei você me olhando diferente ontem?

— Yuu, eu quero saber de tudo. Não precisa esconder nada de mim... Já passamos por tanta coisa, justamente por não conversamos... Eu sei que é difícil... mas... — Fora interrompido rapidamente, vendo o menor sair da cama em que estavam, arrumando as madeixas da forma que podia.

— Não, não ouse dizer que você entende o que eu passei! — Mordia o lábio inferior a fim de buscar certo alento que nem sabia precisar, mas estava irritado. Ou talvez soubesse que não teria como sair daquela situação — Quer tanto assim saber o que houve? Eu posso resumir perfeitamente: foi um inferno.

— Amor... é claro que eu respeito, mas me dói te ver sofrendo e não poder fazer nada para ajudar... — Levantou-se com cuidado, tentando uma aproximação que não ocorreu, cessando tal ação ao que o outro retrocedia a medida em que o fazia