Capítulo 29 - Mudança

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Eu não sei dizer o que aconteceu

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Eu não sei dizer o que aconteceu. Parece tudo muito irreal ainda.

Em um dia o Eren estava la me abraçando e sendo gentil, no outro, tinha se tornado um monstro... E eu estava o matando.

Como isso é possível? Anthony certamente tem culpa nisso, já que o Eren disse que ele matou seu pai e sua irmã estava morrendo por causa dele também.

Eu estou agora em uma delegacia, mas não consigo sequer falar. Estou mortificada.

- Senhorita, precisamos saber para quem podemos ligar.

Eu pisco algumas vezes, mas nem sequer sei do que está acontecendo.

- Annelise. Ligue para ela, é um dos contatos do meu celular.

- Não vamos te perder na delegacia, você claramente tem problemas psicológicos. Vai pra uma clinica de tratamento.

- O que? - Digo piscando.

- Vai ficar tudo bem, os criados e seguranças da casa afirmaram que você não é uma pessoa mentalmente saudável, por isso matou seu namorado.

- Não... Ele não era meu namorado e eu não o matei, tentei tirar a faca que ele apontou pra mim, logo após ter me dado uma bofetada na cara. Porém ele me levou pro chão e caiu por cima de mim. EU. NÃO O MATEI.

- Claro... Claro. Um acidente.  - Ele olha para os outros policiais na sala. - Podem levá-la.

- Não! Pra onde vão me levar? Eu não sou louca! EU NÃO SOU LOUCA! EU NÃO O MATEI!! ME SOLTEM!

Como as coisas ficaram assim, estão me levando para um hospício e eu não fiz nada de errado!!

Quando chegamos do lado de fora, vejo os enfermeiros de branco me esperando.

- ME SOLTEM! EU NÃO VOU, EU NÃO SOU LOUCA, ELE ME SEQUESTROU!! ME BATEU! EU NÃO O MATEI... Eu não o matei... De propósito. - Termino com um sussurro.

- Melhor seda-la, ela está fora de controle.

- Não! Não toquem em mim! - Me debato.  - Não me toque!! Eu não quero dormir.

Mas meu show só fortaleceu a minha imagem de desequilibrada e por fim eles me  sedaram.

- Calma, temos um excelente médico e ele vai cuidar bem de você. Pode ficar tranquila.

- Eu não sou louca, poe favor! Eu não sou...

Não consigo concluir meu raciocínio.

Meus olhos pesam e eu adormeço novamente.  Não antes de dizer:

- Thony me salva, por favor.

Se alguma vez eu achei que a vida estava ruim, certamente eu foi muito burra

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Se alguma vez eu achei que a vida estava ruim, certamente eu foi muito burra.

Nem mesmo quando estava em cativeiro com o Anthony eu sofri tanto.

Estou tomando vários remédios que eu não preciso, porque não estou doente, estou presa com varias pessoas com problemas psicológicos e algumas delas até perigosas.

Eu não sei como a minha vida acabou desse jeito, mas nada me tira da cabeça que Anthony está por trás disso.

- Você sabe onde está, senhorita Bonn?

- Em um hospício. - Digo com raiva.

- É uma clínica de tratamento para pessoas com problemas e você tem um problema.

- Meu único problema é que ninguém acredita em mim. - Digo desolada.

- Acreditamos no que é a verdade, senhorita. A verdade é que você precisa de ajuda.

Eu sorrio amargamente.

- Conseguiram falar com a Annelise? Ela é a única ajuda que preciso.

- A senhora Beaumont não atendeu naquele número, talvez ela tenha trocado de celular.

Suspiro cansada.

- Teria mais alguém que você poderia ligar?

- Meus pais. Mas vocês dizem que já tentaram eles também, certo?

- Sim, parece que estão viajando e não há forma de se comunicar com eles.

- Conveniente. - Digo por fim.

- Para quem?

- Para quem quer me deixar presa aqui. - Digo o encarando com ódio.

- Ninguém a quer aqui, senhorita. Você está aqui porque precisa.

Reviro os olhos.

Eu sempre tentei ser uma boa garota, sempre procurei fazer o que era correto... Como posso merecer o que estou passando aqui?

Um sentimento de fúria e rebeldia cresce dentro de mim, mas antes que se solidifique, minha atenção é tomada por uma enfermeira que entra na sala.

- Com licença doutor.  O psiquiatra dela já retornou da sua lua de mel e pode iniciar o tratamento dela amanhã mesmo.

- Muito bom. Senhorita, Bonn, está liberada e amanhã pela manhã terá a sua primeira consulta com seu psiquiatra.

- Foda-se. - Digo com raiva.

O doutor sorri e me libera.

Eu saio o encarando de cara feia.

Quero mais quero mais que todo mundo se foda aqui.

Volto para o meu quarto de doente e fico encarando o teto. Se meus instintos então corretos o maldito psiquiatra é o meu irmãozinho infeliz.

Vamos ver o que ele vai achar quando eu furar seu olho com uma caneta.

Me surpreendo com meus pensamentos agressivos. Nunca estive com tanta raiva na vida e nunca fui tão agressiva.

Certamente esses remédios estão mexendo com meu psicológico. Mas eu não vou pre preocupar com isso, tudo o que eu quero é acertar as contas com meu irmãozinho.

Um pensamento invade minha cabeça e eu fico surpresa.

Disseram que ele estava retornando de lua de mel?

Meu couro cabeludo formiga enquanto sinto minha cara arder.

Não... Não é possível que ele se casou. Impossível.

Engulo em seco. Tem alguma coisa muito errada aqui...

Mas não importa o que custar, mesmo que minha vida esteja em risco, eu não vou parar, até descobrir toda a verdade.

A minha maior preocupação é que eh não sou mais a mesma... Algo em mim mudou desde que eu matei o Eren... E não foi pra melhor.

Por que eu sinto que não me desesperei o suficiente, porque agora o fato de sua morte ter sido causada por mim não me deixa louca?

Por que tudo que eu penso é em vinga-lo... Matando meu próprio irmão?

Sinto uma nova Clarisse surgindo... E ela não é tão boa quanto a outra.

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