Na casa da Cami ela me ajudou a tirar a tipoia e tomei um banho, ao sair ela avisou que também tomaria uma ducha e lavaria o cabelo. Enquanto esperava deitado na cama voltei aos pensamentos que tive no carro, dessa vez focando no sentimento de alívio em saber que meu pai não corria mais riscos de voltar para a prisão. Estava livre do pesadelo que vivi até então.

Ver meu pai ser preso foi uma das piores sensações da minha vida, mesmo sabendo que ele não era culpado. Me peguei pensando em como Yago estaria lidando com o fato de descobrir que o pai e o irmão eram criminosos e, pior ainda, ser o responsável pela prisão dos dois.

Me levantei da cama pegando a chave da camionete em cima da mesa de cabeceira, nem avisei a Camilla porque sabia que ela ia querer me acompanhar. Já na garagem um dos seguranças me viu indo até a camionete e veio até mim.

– Senhor Bernardo, se o senhor for sair preciso acompanha-lo.

– Certo, – estendi a chave do carro para ele – então você dirige.

Dei a volta entrando pelo lado do passageiro, enquanto eu passava o cinto o homem ao meu lado já ligava o motor aguardando o portão da garagem se abrir.

– Só por curiosidade, como o senhor planejava dirigir com um braço imobilizado? – Ele perguntou disfarçando um sorriso.

– Não planejei – confessei rindo também. – Ah, nós vamos ao hospital.

– Entendido. Está tudo bem? Está sentindo alguma coisa?

– Não, não é para atendimento. Vou fazer uma visita – expliquei.

Na recepção do hospital me apresentei e segui pelo corredor até o quarto 303. Ao chegar na porta fechada hesitei, eu sabia exatamente o que eu queria dizer, mas eu não sabia como falar e muito menos se ele gostaria de me ouvir. Eu só queria fazer algo bom por ele após ter ajudado a inocentar meu pai. Respirei fundo e bati na porta, uma voz feminina me mandou entrar, abri devagar ainda inseguro da minha decisão, Yago parou de rir e me olhou surpreso.

– Com licença... eu... oi... – me enrolei nas palavras.

– Mãe, esse é o Bernardo, namorado da Camilla – ele disse para a mulher ao seu lado. – Essa é Vera, minha mãe.

– Ah sim, o namorado daquela mocinha adorável – ela disse simpática. – O que houve com o teu braço, rapaz?

– Um acidente – sorri estendendo a mão para cumprimenta-la.

– Bom, enquanto vocês conversam, eu vou até a cantina comer alguma coisa – ela avisou e Yago assentiu.

Observei Vera sair e fechar a porta atrás de si, me voltei para Yago que me encarava curioso e tentei formular as palavras, mas foi ele quem falou primeiro:

– Um acidente? – Disse apontando para o meu braço.

– O teu irmão, na verdade. Eu não quis dizer na frente da tua mãe... - expliquei encarando o chão.

– Não se preocupa, ela não é mãe dele e na verdade nunca foi muito fã do Yuri.

– Entendo... – voltei a olhar para Yago ainda meio sem jeito. – E você, como se sente?

– Melhor, não vejo a hora de sair daqui.

– Que bom. Yago, não vou ficar de rodeios. Eu vim agradecer por ter falado com a polícia sobre o teu pai e teu irmão.

– A Cami te contou – ele constatou.

– É, ela contou. Graças a tua denúncia podemos provar a inocência do meu pai, eu só lamento que isso condene o teu.

Um Lugar para Nós DoisWhere stories live. Discover now