Depois que a enfermeira fez todas as checagens necessárias e saiu do quarto, minha mãe voltou a se aproximar de mim.

– O Jonas disse que já está a caminho.

– Obrigado, mãe.

– Eu vou avisar o teu pai que você acordou, é o mínimo...

– Não, por favor não faz isso – implorei.

– Ele é o teu pai – ela tentou argumentar.

– Não, eu não quero ter nenhuma ligação com aquele homem.

– Yago, eu não sei o que ele fez, mas ainda assim o Tadeu merece ter notícias do filho.

– Exato, mãe. Você não sabe o que ele fez. É para minha segurança que eu te peço, não deixa meu pai e o Yuri saberem que eu acordei. Não ainda.

– Segurança? Do que você está falando?

– Você vai saber.

Não demorou muito e Jonas apareceu na porta do quarto. Ele deu duas leves batidas na porta aberta antes de entrar sorrindo para mim.

– E aí, cara. Finalmente, estava quase chamando o príncipe para acordar a Bela Adormecida – brincou.

– Hahaha, todo engraçadão – debochei.

– Sério agora, como você se sente?

– Algumas coisas ainda estão confusas, minha cabeça dói, mas tem algo importante que eu preciso te falar.

– A tia Vera disse que era urgente, – ele disse olhando para minha mãe que assentiu – o que foi?

– No dia do meu acidente, eu descobri algo e estava indo te contar.

Em detalhes contei para ele e minha mãe o que ouvi no escritório do meu pai, as coisas que me revelaram e como Yuri me seguiu enquanto eu tentava ir para a casa do Jonas até que eu bati o carro naquela árvore. Obviamente os dois ficaram horrorizados, minha mãe mal podia acreditar que meu pai foi capaz de fazer e ainda admitir todas essas atrocidades.

– Yago o que você pretende fazer com essas informações?

Jonas estava com uma expressão séria e eu sabia exatamente o que ele queria dizer, olhei para minha mãe e ela me encarava com expectativa. Meus olhos voltaram a marejar e minha voz falhou ao dizer:

– Eu preciso contar à polícia – declarei.

Jonas apenas confirmou com a cabeça.

– Por mais difícil que seja, é o certo a se fazer, filho – o olhar da minha mãe mudou para compaixão.

– E também preciso contar para a Camilla – suspirei. – Ela vai me odiar para sempre.

– Eu to contigo, irmão – Jonas garantiu. – Vou ficar do teu lado enquanto fala com a polícia e com a Cami, você não tá sozinho nessa.

– Valeu, Jonas. Isso significa muito.

– Amigo é para isso – disse dando uma tapinha em meu ombro.

Minha mãe se encarregou de ligar para a polícia avisando que eu tinha uma denúncia a fazer e Jonas ligou para Camilla, enquanto o telefone chamava eu só conseguia sentir vergonha dela, por pouco não desisti de fazer isso. Era humilhante demais ter que admitir que o verdadeiro bandido era meu pai, depois de todas as coisas que falei sobre o namorado dela. Cami já não era exatamente minha fã, agora ela com certeza passaria a me odiar e com toda razão.

Jonas começou a falar, dava a entender que Camilla não queria falar comigo e por um momento eu desejei que realmente não falasse, mas então Jonas estendeu o telefone para mim. Coloquei o aparelho ao meu ouvido e minha voz quase não saiu, mas respirei fundo e despejei o que precisava dizer, eu precisava pelo menos que ela acreditasse que eu não sabia. Não podia esperar mais do que isso.

Um Lugar para Nós DoisWhere stories live. Discover now