14 || Os Marotos

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Levou alguns segundos para absorvermos a afirmação. Então Rony disse em voz alta o que provavelmente Harry e Hermione estavam pensando:

– Vocês dois são malucos.

– Ridículo! – exclamou Hermione baixinho.
Acho que eu era a única entre meus amigos que estava absorvendo essa história de uma forma diferente. Minha reação foi de surpresa, é claro, mas eu me sentia muito mais intrigada em saber sobre os detalhes, do que com vontade de chamá-los de loucos.

– Peter Pettigrew está morto! – afirmou Harry. – Ele o matou há doze anos! – o garoto apontou para Sirius, cujo rosto tremeu convulsivamente.

– Tive intenção – vociferou o acusado, os dentes amarelos à mostra –, mas o Peterzinho levou a melhor... só que desta vez não!
E Bichento foi atirado ao chão quando Sirius avançou para Perebas; Rony berrou de dor ao receber o peso de Sirius sobre sua perna quebrada.

– Sirius, NÃO! – berrou Lupin atirando-se à frente e afastando o homem para longe de Rony. – ESPERE! Você não pode fazer isso assim... eles precisam entender... temos que explicar...

– Podemos explicar depois! – rosnou Sirius, tentando tirar Lupin do caminho. Ainda mantinha uma das mãos no ar, com a qual tentava alcançar Perebas, que, por sua vez, guinchava feito um porquinho, arranhando o rosto e o pescoço de Rony, tentando escapar.

– Eles têm... o... direito... de... saber... de... tudo! – ofegou Lupin, ainda tentando conter o amigo. – Ele foi bicho de estimação de Rony! E tem partes dessa história que nem eu compreendo muito bem! E Harry... você deve a verdade a ele, Sirius!
Eu já com os olhos arregalados, me lembrei da vez em que vi Sirius pela primeira vez, neste mesmo lugar, e ele com os olhos cheios de lágrimas dizia que era inocente. Na mesma hora, senti meu corpo estremecer por inteiro. Será que aquela era mesmo a verdade... e eu não acreditei?
Sirius parou de resistir, embora seus olhos fundos continuassem fixos em Perebas, firmemente seguro sob as mãos mordidas, arranhadas e sangrentas de Rony.

– Está bem, então – concordou Sirius, sem desgrudar os olhos do rato. – Conte a eles o que quiser. Mas faça isso depressa, Remo, quero cometer o crime pelo qual fui preso...

– Vocês são pirados, os dois – disse Rony trêmulo, procurando com os olhos o apoio de Harry e Hermione. – Para mim chega. Estou fora.
O garoto tentou se levantar com a perna boa, mas Lupin tornou a erguer a varinha, apontando-a para Perebas.

– Você vai me ouvir até o fim, Rony – disse calmamente. – Só quero que mantenha Peter bem seguro enquanto me ouve.

– ELE NÃO É PETER, ELE É PEREBAS! – berrou Rony, tentando empurrar o rato para dentro do bolso das vestes, mas Perebas resistia com todas as forças; Rony oscilou e se desequilibrou, mas Harry o amparou e empurrou de volta à cama. Então, sem dar atenção a Sirius, Harry se dirigiu a Lupin.

– Houve testemunhas que viram Pettigrew morrer – disse. – Uma rua cheia...

– Eles não viram o que pensaram que viram! – disse Sirius ferozmente, ainda vigiando Perebas se debater nas mãos de Rony.

– Todos pensaram que Sirius tinha matado Peter – confirmou Lupin acenando a cabeça. – Eu mesmo acreditei nisso, até ver o mapa hoje à noite. Porque o Mapa do Maroto nunca mente... Peter está vivo. Na mão de Rony, Harry. Lembra quando disse que viu ele no mapa?

– É, mas talvez estivesse mentindo, ou enfeitiçado... ou quebrado.
Harry baixou os olhos para Rony, e quando seus olhares se encontraram, os dois concordaram silenciosamente: Black e Lupin estavam delirando. Acharam que a história dos dois não fazia o menor sentido.
Então Hermione falou, numa voz trêmula que se pretendia calma, como se tentasse fazer o professor falar sensatamente.

Hogwarts Legacies - A Filha de Sirius Black Where stories live. Discover now