01 Chaotic

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Aviso aos leitores

As publicações dos capítulos não possuirão distinção nem marcação de outras contas, mas foram escritas por 3 pessoas.

Nós já sabemos o fim ao qual o Patrick tem, mas aqui decidimos que ao invés de juntar ele com o Charlie, como ocorre em muitas histórias, juntaremos ele com o Michael. No filme ele é citado apenas uma vez e nos livros tem uma parte introducional do seu falecimento. Bem...aqui ele não morreu e Michael é seu nome do meio, então vai ficar sendo chamado de William.

É isso, aproveitem a leitura.

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O que pode acontecer no intervalo de tempo em que uma taça cai no chão e se estilhaça? O que pode acontecer no Universo de tão único enquanto cada fragmento se espalha pelo espaço e forma um pequeno caos? 

Em quantas partes irá se dissolver? De quem será o primeiro dedo cortado? A quem pertencerá a roupa que o vinho irá tingir antes de se esvair? Quem irá sofrer por aquele pobre objeto? Para onde ele vai agora que deixou de ser ele?

Foi assim que tudo aconteceu; no momento em que me distraí, a pequena taça escorregou de minhas mãos e beijou o chão, se transformando em cacos irreconhecíveis de algo que não existe mais. 

Foi exatamente assim que soube que um pedaço de mim se foi e nem tive a oportunidade de me despedir apropriadamente. 

Foi exatamente no espaço de tempo em que Dionísio resolveu parar de sorrir que sua mais preciosa obra se perdeu nos vincos da escuridão para sempre. O pequeno príncipe foi embora; o problema de ir é que algo — independentemente do que somos ou fazemos — sempre fica para trás. O problema é que todos ficamos. E ele foi.

É estranho abrir os olhos e saber que seu sol não vai estar lá para acordar ao seu lado. O tempo corre, as horas passam, e o que podemos fazer para que parem? Para que o relógio ande no sentido contrário e deposite o tempo em nossas mãos?

Do meu corpo frágil emaranhado nos lençóis brancos parece escorrer um líquido prata de origem inexplicável, rompendo de uma ferida coexistente. 

Olho para o teto enquanto um disco qualquer continua tocando suas intermináveis e melancólicas notas musicais, esperando o curso daquele oceano de lágrimas cessar.

Minha mente se desgasta em palavras que vêm e vão, cenas aleatórias, detalhes distantes, em instantes que pensei — a verdade é que se tratava de uma realidade utópica — estar conhecendo e amando cada vez mais Arthur.

 Nunca consegui perfurar ou alcançar sua mente com os olhos assim como ele fazia comigo. Enquanto me rendia aos seus traços, ele não me dava nenhuma nota de si.

Mas você tem que continuar, William, todos têm. — As vozes de cada pessoa que me encontrou na última semana se mesclavam e atingiam meu subconsciente resumindo-se nesta simples sentença.

Patético.

Levanto sem ânimo, arrastando meu corpo até o espelho que já me observei tantas vezes, mas agora não me enxergo. Uma vez meu príncipe — apelido carinhoso que dei à Art — disse que quando nos olhamos em um espelho quebrado, não nos vemos, são os outros que nos observam. Naquele dia não consegui entender suas palavras, apenas anui com um sorriso. 

Hoje compreendo; quem está quebrado não é o espelho, sou eu.

E agora sou eu, um outro que não reconheço, o observador de quem já fui um dia.

Fito meu armário.

Que roupa usar para voltar àquela escola que só quero esquecer? Um casaco cinza e uma calça jeans parecem apropriados. Uma blusa branca? Preta? A primeira que pegar, não importa.

Somos TulipasWhere stories live. Discover now