– Me parece que não teve boa noite de sono... - dr. Filipe comentou divertido. – Se não há dores, uma noite mal dormida explicaria o mau-humor.

– Está mais para como eu acordei – disse me lançando um olhar enraivecido.

Eu apenas dei de ombros.

– Bom, então aí vai uma boa notícia para te animar: eu vou assinar a tua alta agora, com base nos monitoramentos que fizemos você pode ir embora. A imobilização permanece por mais algumas semanas até você se sentir confortável ao movimentar o braço, tente mexe-lo devagar ao menos uma vez ao dia para ver se sente dor, depois pode abandonar a tipoia.

– Certo – Bernardo assentiu finalmente olhando para o médico.

– Vou te passar alguns medicamentos para tomar em casa, anti-inflamatório e analgésicos, se as dores forem muito intensas mesmo com os remédios retorne para o hospital. No mais, repouso o resto do dia.

– Obrigado, dr. Filipe. Posso me organizar para sair então?

– Claro, a enfermeira logo virá trazendo a receita e a alta assinada. Assim que pegar os documentos com ela já pode ir.

Acompanhei o médico até a porta agradecendo-o e procurando o segurança para informar que partiríamos. Havia tido uma troca de turno entre eles, mas o guarda-costas estava no mesmo lugar que o anterior, ele informou que o carro estava à disposição para partirmos assim que quiséssemos, então voltei a entrar no quarto.

Bernardo já havia se levantado e estava recolhendo os poucos pertences que estavam com ele quando veio ao hospital, coloquei a jaqueta sobre seus ombros de forma que também cobrisse seu braço imobilizado e recolhi minha bolsa na poltrona.

– Consegue andar? – Perguntei.

– Consigo, pode deixar – ele respondeu em tom baixo levando a mão livre na costela machucada ao dar o primeiro passo.

– Certeza que não quer ajuda?

– Tá tudo bem, amor. É só um leve desconforto – garantiu com calma.

Apenas concordei e me pus a caminhar em silencio o acompanhando para fora do quarto.

Fizemos todo o trajeto até minha casa sem trocarmos uma palavra sequer, o segurança dirigindo e nós dois no banco de trás

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Fizemos todo o trajeto até minha casa sem trocarmos uma palavra sequer, o segurança dirigindo e nós dois no banco de trás. Be encarava a janela observando a rua, eu do outro lado do banco fazia o mesmo, vez ou outra ele me lançava um sorriso torto e eu sabia que ele estava apenas reconsiderando nosso desentendimento no hospital. Era uma questão de tempo ele tocar nesse assunto de novo.

Glorinha arrumou minha cama com diversos travesseiros para que ficasse confortável para Bernardo, com o auxílio do meu pai ele subiu as escadas devagar e se acomodou no meu quarto. Meus pais, depois de se certificarem que Be estava bem e perguntarem diversas vezes se ele precisava de algo mais, resolveram nos deixar a sós para que meu namorado pudesse descansar.

Um Lugar para Nós DoisWhere stories live. Discover now