𝐭𝐰𝐞𝐧𝐭𝐲 𝐟𝐢𝐯𝐞

300 37 6
                                    

|Nos tempos da existência da família dos Tomlinson, memórias e pensamentos passados de Louis William Tomlinson|

Era uma época árdua, os vampiros da família Tomlinson estavam sendo caçados sem piedade em Nova Orleans e seus arredores. O decreto do prefeito da cidade permitia a caça livre dos sanguessugas, - assim eram chamados pela população local -, o temor se espalhava gradativamente de porta em porta, crianças e mulheres não saim mais de suas residências por nada, apenas os homens - chefes dos lares - tinham a permissão para andarem pelas ruas depois do toque de recolher.

Da noite para o dia, rebanhos de ovelhas eram assassinados, estripados cruelmente e deixados sem uma mísera gota de sangue. Os vampiros estavam deixando seus rastros de morte com animais, até chegarem no ponto de precisarem atacar as pessoas por instinto e/ou fome. Louis nunca quis aquilo, jamais quis ser caçado ou taxado como monstro. Não era um, nem almejava ser.

- Se você não caçar, será a caça. Não vê o que os humanos estão nos fazendo? Estão acabando com a nossa linhagem! - O pai do Louis gritava para ele mais uma vez -

- Você acha certo nós matarmos para termos vida? - Tomlinson questionou incrédulo ao encarar o pai -

- Você acha certo eles matarem sua família? Nossa família? - O mais velho perguntou severo -

- Essa não é a questão, os dois lados estão errados, mas eu não posso fazer eles mudarem, eu estou aqui, com vocês. Eu preciso que vocês me escutem! - Louis explicou bravo ao olhar do seu pai para todos os outros que estavam reunidos na sala, sua família - Nós não precisamos ser caçadores, nem a caça. Nós não precisamos lutar!

- Você não entende? Somos nós ou eles, não há um meio termo. Se baixarmos a guarda, podemos considerar que já morremos. Se nos pegarem, não vão ter piedade nenhuma. - O patriarca disse -

A mente de todos os outros já havia sido feita, apenas Louis ia contra a maré, apenas ele tentava encontrar um meio termo em que ninguém precisasse morrer. Mas lutar contra a correnteza sozinho podia ser muito cansativo às vezes, principalmente quando se está do lado oposto da sua família.

O imortal estava cansado, de estar rodeado pela morte, de não ser bem-vindo pelas pessoas, de não ter uma vida normal, de não poder viver como os outros. Queria uma casa pra chamar de lar, uma família comum com problemas pessoais como qualquer outra, um emprego, amigos, amor. Tinha tanta sede de viver e amar algo, alguém, qualquer coisa.

- Você não ama ninguém, né? - Questionou incrédulo - Não ama minha mãe, meus irmãos ou eu, não ama nem a si mesmo, você não ama essa família. Essa sua sede por sangue, por matança, vai nos matar também, vai chegar o dia em que todos nós vamos ser pegos pelos caçadores, e a culpa vai ser toda sua. Vai ficar tão cego de poder, que vai morrer por ganância. Mas eu não vou ser arrastado pra morte com você, não vou mesmo. - Completou com os olhos marejados e as bochechas banhadas por lágrimas espessas -

- O que pretende fazer, então? Criar sua própria família sem nós? Você aqui ou não, não vai ter diferença nenhuma, sabe muito bem. A porta está aberta para quem desejar sair, mas quem ficar vai seguir as minha regras e decisões. A escolha é sua.

A mãe e seus irmãos se mantinham em silêncio ouvindo a conversa, nenhum deles era autorizado a se meter na discussão dos dois. A mãe do Louis tinha um semblante carregado de tristeza, machucaria muito ver seu próprio filho sair de casa, sair da família deles, se tornar exilado e correr o risco de morrer sozinho no mundo. Ela sabia como a vida podia ser cruel com os desavisados e inexperientes como ele.

- Acha que seria capaz de sobreviver sozinho lá fora? Aqui está sob minha proteção, mas lá fora sem ninguém? Vão te comer vivo e vai se arrepender de ir embora. Sugiro que pense bem.

Ele olhou para sua mãe, agora ela também chorava silenciosamente e abraçada com uma das filhas que dava consolo, o que fez o coração do jovem se apertar no peito. Queria ser livre, mas não queria que sua liberdade custasse a alegria da sua mãe. Secou seu próprio rosto com as mãos e encarou duramente seu pai.

- Eu vou ficar. - Disse com a voz embargada -

- Sabia que iria, acho melhor que siga minhas ordens e não questione mais minhas decisões. Caso contrário, na próxima vez a escolha não vai ser sua, eu quem vou te expulsar da nossa família.

- Pode tomar as decisões que bem entender, e mandar que a gente termine com quantas vidas quiser, mas saiba sempre que quem vai nos matar não são os caçadores, o senhor já está nos matando. Nós já estamos mortos. - Louis falou antes de sair da sala

Ao chegar no seu quarto, o imortal bateu a porta depois de entrar no cômodo. Em seguida desabou, caiu sentado lentamente no chão, enquanto sua revolta se transformava em lágrimas novamente. Aquele sentimento de incapacidade era tão persistente. Não podia fazer nada pela sua família, estavam predestinados a morrer pelas vontades do seu pai.

Com sua visão embaçada pelas lágrimas se levantou do chão e andou até sua escrivaninha. Jogou tudo que estava ali direto pro chão, descontando sua raiva e frustação, aliviando o peso em seus ombros.

Irritava saber que era o único vendo que a situação estava errada, o único pensando numa possibilidade em que ninguém precisasse morrer. Talvez fosse um sonho estúpido, ou ele seria o primeiro a encontrar um ponto de paz entre os mortais e os imortais. Tinha apenas um desejo, acabar com aquela guerra sanguinária e sem sentido.

bloodthirsty love |CONCLUÍDA|Onde as histórias ganham vida. Descobre agora