𝐞𝐥𝐞𝐯𝐞𝐧

532 72 35
                                    

- Você já pensou em sair daqui? - Harry indagou enquanto se apoiava na árvore obsoleta do jardim -

O pesquisador sentia suas mãos tocando o gramado vistoso, onde alguns insetos pequenos passavam para lá e para cá carregando seus alimentos, prosseguindo suas próprias vidas sem se importarem com os homens sentados naquele lugar.

- Já, muitas vezes. Acho que em algum momento todos nós pensamos em partir. - Tomlinson falou assistindo as nuvens no céu voando para variadas direções -

Styles anotou em sua caderneta, a questão e a resposta, tinha sido muito difícil convencer Louis a responder suas questões pessoais.

- Como foi perder sua família? - Perguntou ao fechar seu bloco de anotações -

O vampiro suspirou encarando o azul do céu e virou seu rosto na direção do outro, ambos se fitaram em silêncio por um tempo. Louis procurava coragem pra falar sobre como aquilo foi horrível, parecia mais inconveniente ainda quando ele lembrava que Harry era descendente dos assassinos da sua família. Embora não parecesse.

- Você não perdeu a sua? Devia saber que é uma droga, não ter ninguém do seu sangue pra te ajudar quando precisa, não ter apoio, nem ser bem aceito, sofrer sozinho por que todos que podiam te dar amor estão mortos. Todos mortos. - Tomlinson respondeu com seus olhos fixos na imensidade azulada -

O pesquisador concordou mentalmente, sabia bem o que ele queria dizer, tinham passado pela mesma situação, ou quase. Compartilhavam a mesma dor, a angústia de viverem isolados de todos os outros.
O cacheado limpou a garganta e olhou para o rosto do anfitrião.

- Sei como é isso, cresci num orfanato. Não sei nem quem são meus antepassados, é angustiante acordar dia após dia sem lembrar de ninguém da sua família, sem lembrar nomes ou rostos, eu não lembro da minha própria infância. É como se eu fosse o único da minha espécie vivo. Nunca comemorei um feriado com as pessoas da minha família, não que eu seja capaz de lembrar. - Harry disse distraidamente -

O imortal não falou mais nada por um tempo, ficaram apenas observando a natureza que rodeava a área de onde estavam. As coisas pareciam correr calmas desde a tentativa de homicídio do Zayn, não falaram mais nisso, mas Harry ficou se indagando sobre haver uma biblioteca escondida ou não naquele casarão, todavia, achou melhor não perguntar sobre isso para seu superior. Ainda tinha seus receios em meio ao seu entendimento sobre partes da situação.

- É, ao menos sabemos que passamos pelo mesmo tipo de experiência. Temos algo em comum.

Styles suspirou e colocou suas anotações de lado, se posicionou deitado ao lado do imortal na grama. Tomlinson estranhou a ação inusitada e olhou para o rosto do outro com oscilação, era de fato singular o encanto vindo dele.

- Porque se deitou ao meu lado? - Louis perguntou quase que num sussuro -

Harry sorriu ainda olhando para o imenso céu, sorriso esse que provocou a aparição da covinha na sua bochecha. As orbes esverdeadas dirigiram-se em direção ao olhar do anfitrião. E foi como a colisão de dois astros, terrivelmente incrível.

- Não sei, só me deu vontade. Você não faz as coisas ocasionalmente por querer?

- Sim, eu faço. É que foi meio repentino, só isso.

- Estou te incomodando?

O imortal desviou o olhar e respirou fundo, era tão árduo manter seus olhos longe das partes tentadoras do hóspede. E no momento presente estava mais difícil ainda. Tudo nele parecia arrebatador.

- Não, de modo nenhum.

- E o que te fez desviar o olhar? Se não pode falar olhando nos meus olhos, é por que está mentindo.

- Isso importa? Claro que não, mas de qualquer maneira, não estou mentindo.

- Então, por que não olha pra mim?

Louis sorriu de leve e suspirou antes de voltar seus olhos azuis em direção ao pesquisador.

- Porque eu simplesmente não quero. É isso.

- Eu te deixo desconcertado? Não acredito, eu deixo Louis Tomlinson, o imortal temido, completamente intimidado.

- Eu não fico intimidado, por que ficaria? Você é só um humano qualquer.

- Assim você me ofende, Louis. Se eu não significasse nada pra você, qual seria sua reação se eu te beijasse? - Questionou com um sorriso perverso -

O imortal ficou em silêncio absorvendo a questão, Harry estava jogando sujo.

- Eu não sei, mas eu certamente não ia revidar. Acredite.

O hóspede sorriu de canto e molhou seus lábios com auxílio da própria língua, uma expressão sacana surgiu no rosto do jovem.

- Quer fazer o teste? - Styles perguntou sorrindo ao se apoiar no próprio cotovelo e deitar sua cabeça na palma da mão -

Tomlinson olhou incrédulo para seu hóspede, a ousadia daquele humano era tanta que chegava a ser inacreditável.

Harry puxou o vampiro pela gola da camisa. A distância entre eles foi reduzida para muito pouco, os olhos do imortal foram direto para os lábios vividos que encontravam-se centímetros distantes dos seus. Estava perto de saciar sua vontade e longe de controlar seus desejos.

- Promete ser apenas isso? - Louis questionou embriagado por seus próprios anseios -

Não importava realmente se ia prometer que seria apenas um beijo para saciar sua cobiça, por que ambos sabiam que após aquele afago não seria possível suspender seus impulsos por busca de prazer.

- Claro, como você quiser. - Styles disse ao aproximar mais o seu rosto do outro -

Tomlinson ainda de lembrava bem da sensação dos seus lábios beijando com total deleite aquele humano, secretamente ansiava pelo momento em que poderia executar aquele ato novamente. Nunca havia ansiado tanto algo.

- Então, apenas um beijo. - O vampiro sussurou já de olhos fechados, esperando pelo prelúdio do toque -

O jovem fechou seus olhos também e uniu sua boca na do anfitrião, era uma sensação nova, apenas para Harry que não lembrava do primeiro beijo deles. Para Louis era como refrescar a memória, mas com melhorias.

As mãos do visitante deslizavam suavemente pelo pescoço do imortal, causando leves choques de desejo por todo o corpo dele. Enquanto isso, o vampiro acariciava as curvas do tronco do outro com suas mãos gélidas e hábeis.

Mais alguns instantes de carícias seguiram até que Harry precisasse parar para respirar fundo. Era uma sensação boa, prazerosa.

- Satisfeito? - Tomlinson perguntou ao encarar o humano -

Styles respirou fundo ainda com seus olhos fechados e concordou com um aceno de cabeça.

- Sim, isso me ajudou a ter uma idéia do que você sente por mim.

Louis sorriu de leve e beijou com ternura a testa do pesquisador, o único problema era que logo ele teria que morrer, e o faz de conta que Tomlinson tinha criado iria acabar tão rápido quanto tinha começado.

bloodthirsty love |CONCLUÍDA|Onde as histórias ganham vida. Descobre agora