chapter xiv

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ALGUNS MESES ATRÁS

Tony... — Steve protestou com um pequeno sorriso, lançando-o um olhar cético.

— Por favor, Steve. Você vai gostar, eu prometo! — ele pressionou os lábios em um bico, suas orbes castanhas assemelhando-se às de um cachorrinho pidão no processo.

Rogers revirou os olhos com o drama, mas por fim cedeu às suas súplicas com um leve aceno de cabeça. Tony deu um pulo contente no sofá e o abraçou, deixando beijos estalados por todo seu rosto antes de pegar o telefone para pedir a bendita pizza de chocolate. Era muito mais sério do que deveria, até mais do que novas posições no sexo, às vezes; o sabor da pizza de sábado tornou-se sagrado. Era de suma importância que ele fosse de bom gosto, caso contrário seria a pauta em absolutamente todas as discussões entre os dois pelos próximos três meses.

Dos poucos aspectos que Tony e Steve possuíam em comum, talvez o amor por comida fosse o que mais se sobressaía desde que se conheceram. Estava acima até do amor às bebidas — especificamente o café de Steve — na lista de prioridades alimentícias no seu relacionamento. Bem, ainda não era um relacionamento como Anthony gostaria que de fato fosse, mas ele sabia que na hora certa iria acontecer. Steve Rogers era um cavalheiro, afinal. Ele deveria estar apenas esperando o momento certo enquanto planejava o melhor pedido de namoro de todos.

— Eu amo o seu perfume. — Tony murmurou abafado, inalando o cheiro da colônia forte de Steve em seu pescoço.

— Anotado. Nunca mais vou mudar de perfume. — o mais baixo revirou os olhos com o comentário, pois era simplesmente tão Steve agir como um robô mesmo quando queria soar fofo. — Tony... — ele ergueu o rosto para encará-lo, admirando seus olhos azuis. O loiro pareceu pensativo por um momento antes de menear a cabeça, deixando um beijo singelo nos lábios de Anthony. — Não é nada. Besteira minha.

— Sinto que devo me preocupar...

— Não, imagina! — abriu um sorriso rápido, acariciando seus cabelos. — Coisas do trabalho, nada importante. Você nem iria gostar de saber, na verdade. Sei que acha chato.

— Não posso discordar de você nesse ponto — respondeu em um bocejo, fazendo o mais velho revirar os olhos novamente. Havia um sorriso humorado em seus lábios, contudo. — O quê?

— Você encheu meu saco por causa da pizza e está aí quase caindo de sono, Anthony.

— Eu sou de momentos, Steve. — apontou como se fosse um fato irrefutável, então deu de ombros e voltou a esconder o rosto no pescoço do maior. Em meio a outro bocejo, ele concluiu: — Achei que já estivesse acostumado...

— Eu estou. — murmurou afetuoso, observando Tony adormecer em seus braços antes mesmo de encerrar sua fala.

Steve meneou a cabeça novamente e desligou a TV, carregando o menor em seu colo até o quarto. Ele o pousou na cama com cuidado e o cobriu com o lençol, indo fechar as janelas. Um arrepio correu por seu corpo quando a rajada fria da noite o acertou. Passava das onze e eles haviam acabado de assistir a um filme debaixo de várias cobertas no sofá, como era o seu programa de fim de semana favorito nos últimos tempos. Eram aqueles pequenos momentos que faziam-no encantar-se mais e mais com a personalidade única de Tony; ouvir a sua risada por conta de uma piada idiota em uma comédia romântica era capaz de amolecer seu coração de tal forma que chegava a ser aterrorizante. Aquele ser humano minúsculo o tinha na palma da mão, para fazer consigo o que bem entendesse.

Rogers suspirou e contemplou o céu escuro por alguns instantes, inevitavelmente recordando a conversa reveladora que tivera com James mais cedo no escritório. Por mais que o rapaz houvesse participado de um crime, ele continuava sendo amigo de Tony. Sem contar que Rhodes estava arrependido, o que tornava a atitude de puni-lo da forma devida um tanto quanto complexa. E por mais que fosse mais fácil simplesmente entregar o caso às autoridades e esquecer aquele assunto para sempre, algo — ou alguém — impedia o loiro de fazê-lo.

I HATE U, I LOVE U | 𝘀𝘁𝗼𝗻𝘆Where stories live. Discover now