Capítulo 2

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Eu estava na praia, no Brasil, andando na areia, sentindo a água sob meus pés, sorrindo com o calor do sol sobre meu corpo. Sinto os dedos de alguém tocando minha mão a segurando carinhosamente enquanto caminhava, mas de repente o toque se torna mais apertado me impedindo de andar, tento puxar minha mão de volta mas não consigo, sinto a mão começar a puxar meu braço para trás, tento me desvencilhar então escuto meu celular começar a tocar. Eu estava de biquíni, onde estava meu celular?

Acordo assustada tateando a cama em busca do meu telefone que insistia em tocar, me arrasto até a ponta e estico o braço pegando o celular em cima da escrivaninha, atendo sem olhar o chamador com os olhos ainda meio fechados pela claridade do sol que entrava pela janela que eu havia deixado aberta noite passada.

-Alô? - Digo com voz de sono.

-Claire? - Pronuncia a voz desconhecida do outro lado da linha.

-Sim. Quem é? - Continuo ainda deitada na cama torcendo para que fosse engano e eu pudesse voltar a dormir.

-É o Mikey. Eu trabalho com você na revista Rolling Stone.

-Uhum... Aconteceu alguma coisa? - Questiono repassando todos os meus últimos passos pela revista tentando me lembrar se havia me esquecido de entregar algo ou feito algo errado.

-O editor chefe pediu pra te ligar você está sendo requisitada imediatamente pra um local de entrevista. - Ele diz um pouco tenso.

-Mas eu não tenho turno hoje... e eu nunca cubro entrevistas... nunca me chamaram antes eu... - Balbucio incoerente ainda confusa me sentando na cama.

-Olha eu já estou no local da entrevista, eu sou só um assistente. Acabei de sair do telefone com o editor chefe e ele exigiu a sua presença aqui agora. - Ele diz com o tom de voz claramente no limite do desespero.

-Okay, Okay. - Digo me levantando cambaleante da cama. - Em quanto tempo eu preciso chegar aí? - Coloco a mão tá testa olhando em volta procurando alguma coisa que eu nem sabia o que era.

-Não importa, mas seja rápida. A equipe toda já tá aqui, tá tudo pronto pra começar. Te mando o endereço por mensagem. - E com isso ele desliga.

Olho confusa pra tela do celular e vejo o endereço, jogo o telefone na cama e corro para o banheiro, no caminho para o box me assusto com a minha imagem no espelho. A maquiagem borrada, o cabelo espetado. Merda cheguei e nem tirei a maquiagem, lá se vai minha juventude. Prendo o cabelo pra cima e abro o chuveiro, lavo o rosto e o corpo apressada torcendo pra que toda a maquiagem da noite anterior saísse. Fecho a água e me estico pegando a toalha, firmo os pés para não escorregar e caminho até meu guarda roupa. Pego minha roupa íntima, um par de mom jeans azul escuro rasgados e uma blusa branca de botões. Me visto dobrando as mangas da blusa até abaixo dos cotovelos, calço um par de all star preto e corro até o espelho, amarro o cabelo em um rabo de cavalo alto frouxo, passo uma base e um corretivo tentando disfarçar um pouco das olheiras. Pego meu celular e me deparo com mensagens desesperadas do assistente. Inferno, já vou, pego minha bolsa e tranco o apartamento atrás de mim, corro até o elevador e mando uma mensagem para Cindy até chegar no andar da garagem. Entro no meu carro sentindo meu estômago roncar de fome, merda espero que tenha comida lá. Abro o porta luvas e encontro uma barrinha de cereal de emergência, a como enquanto dirijo tentando seguir as instruções do gps.
Após longos minutos de trânsito chego ao endereço informado, era um hotel chique, minha barriga gela. Provavelmente era entrevista de alguém importante, o que caralhos eu tava fazendo aqui então? Eu ainda não tinha entrevistado nem o dono da padaria da esquina do escritório, o que que eu tô fazendo em uma entrevista em um hotel de luxo.
Saio do carro e dou passos trêmulos até o lobby do hotel, informo meu nome e o andar que me esperavam, uma ligação e um olhar espantado depois me liberam. Entro no elevador e checo a mensagem que Cindy havia me mandado.

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