Os Trigémeos Styles 3: Déjà vu (tradução)

Capítulo 26

Abri os olhos preso pelo pânico para me encontrar com algo a soprar-me na cara. Franzi a testa e desloquei o olhar para me encontrar com o Marcel a examinar-me diretamente com cara de preocupação.

-Estás bem, Harry? - perguntou e elevei a mão para afastar o pano ou o que quer que fosse que estava a abanar na minha cara quando vi uma enfermeira a sentar-se ao lado da minha cabeça.

Não respondi.

-Vamos lá ver. - começou a falar a enfermeira enquanto me agarrava pela cabeça para me fazer beber o que parecia ser sumo. - Bebe isto e estarás como novo.

-O que aconteceu? - perguntei bebendo o sumo de laranja.

-Desmaiaste no meio do corredor. - informou o meu irmão enquanto eu me perguntava que raio tinha sido isso. Jurava que estava na mente do Edward, depois na do Marcel e que éramos um só enquanto uma voz narrava tudo como se fosse um filme. E depois tinha uma filha que se chamava Sophia mas o Marcel ia-se casar com a Bella mas ela era namorada do Edward e a minha cabeça ia explodir porque nada disto fazia sentido.

Tentei incorporar-me quando a enfermeira de pelo menos quarenta anos afastou o copo dos meus lábios.

-Melhor? - perguntou com um sorriso amigável e assenti ainda mais atordoado. Parecia mesmo real.

-Mas não percebi porque é que desmaiei. - disse e ela assentiu.

-Tiveste alguma situação extrema de nervos ultimamente? -  perguntou e sem pensar assenti enquanto o Marcel me ajudava a incorporar-me para me sentar.

-Acabei com a minha namorada hoje de manhã. - disse com algum ressentimento e ela assentiu enquanto o Marcel olhava curioso.

-Talvez tenha sido por isso, se gostas muito dela pode ser que te tenhas sobrecarregado tanto com esses pensamentos que o teu corpo não aguentou mais a situação. Tens problemas com ela? - perguntou e de repente senti que podia confiar na mulher para lhe contar o que se estava a passar. O Marcel ajudou-me a apoiar as costas na parede do corredor enquanto os médicos e as enfermeiras passavam por nós tentando esquivar-nos. A mulher continuava a olhar para mim paciente. Parecia uma psicóloga. Olhei para o Marcel, não queria falar disso com ele à frente.

-Podes ir-te embora, Marcel? - isso era mais uma ordem ressentida que uma pergunta. Continuava chateado com ele. Ele assentiu e desapareceu pelo corredor que o levava até ao quarto do Edward.

-E então? - perguntou a mulher enquanto me dedicava a examinar as suas feições. Algumas rugas deixavam-se ver no seu rostro e os seus olhos azuis mostravam um olhar carinhoso e sincero.

-Tenho problemas com ela já há alguns meses. - admiti. - Bem, com ela não. Com os meus irmãos. - apercebi-me que falar do assunto com alguém desconhecido que não me julgaria me podia ajudar, um peso estava a sair dos meus ombros. - Ela veio como estudante de intercâmbio viver na nossa casa e no início eu só queria ir para a cama com ela. - ela fez uma careta e eu soltei uma risada. - Que foi? Ele é boa. - ela negou divertida. - Mas ela não cedia e acabei por me apaixonar dela. Mas claro, nesse momento ela estava louca pelo meu irmão Marcel. É o que acabou de ir embora. Somos trigémeos, e o outro está aqui internado, chama-se Edward. - informei e ela assentiu.

-Sim, é uma história complicada, mas acho que vai tudo ao sítio. - disse.

Apanhei ar e dispus-me a continuar a história com a esperança de que a mulher me pudesse explicar porque é que tinha desmaiado e o que significava isso com que tinha sonhado.

-Então, o Marcel é muito adorável e o rapaz correto em tudo, inteligente e simpático. Ela estava louquinha por ele, mas ele foi com outra. Aproveitei que estava mal porque já andava há muito tempo atrás dela. Praticamente mudei por ela, para que me desse atenção e gostasse de mim. A verdade é que antes dela eu não era eu, mas quando a conheci apercebi-me de quem era realmente. Consegui que aceitasse ser minha namorada. Até aí estava tudo bem, mas depois o meu irmão Edward começou a sentir coisas por ela, e aí começaram os problemas quando ele se fazia passar por mim e a enganava para ir para a cama com ela.