Capítulo 25

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Harry

Desliguei o rádio dando um forte golpe ao botão. Estava farto de "Breathe without you, but I have to". Porque raio tinha que me calhar a cantora preferida da Bella num momento como aquele? Nem sequer conseguia acreditar no que tinha acabado de fazer. Sentia-me idiota e magoado. Idiota porque tinha deixado o amor da minha vida com uma nota e porque, ao vê-a correr até mim molhada e apenas com uma toalha, tinha fugido como um covarde. E magoado porque me tinha apercebido de que já não era igual. Tinha-me chateado vê-la com a camisola do Marcel, muito. E não sabia o que faria quando o visse, porque estava tão chateado e destroçado que não conseguia tomar consciência dos meus atos. Odiava ir-me embora quando o que mais desejava era perder-me entre os seus braços e beijos. Sinceramente, podia classificar este dia como o pior da minha vida.

Continuei a conduzir em direção ao hospital, tinha decidido algo e os meus dois irmãos iam ouvir-me. Tentei manter a mente em branco durante todo o trajeto, coisa que me era praticamente impossível. Ela continuava em todos os meus pensamentos. É normal! Foste para a cama com ela ontem! disse a minha consciência. Bufei enquanto tentava manter o olhar fixo na rua que, à diferença do meu coração, estava cheia de vida. Tinha sido tudo tão perfeito na noite anterior. Tudo tão animado e perfeito que pensei que voltaria a ser como dantes. Até que começou a chorar. Quando disse "Não sei o que fazer, Harry. Isto é um desastre" apercebi-me do que se estava a passar. Cada "amo-te" estava a esconder um "não sei se é só a ti". Para quê mentir-me a mim próprio? Isso era o que se estava a passar. Aí finalmente apercebi-me. Os meus irmãos tinham-na confundido até ao ponto em que nem ela sabia quem amava mais. Ela dizia que me amava a mim, ela pensava isso... Mas pensaria o seu coração o mesmo?

Quando cheguei ao hospital estacionei e, sem afastar o olhar do chão, caminhei até à porta principal, praguejando em voz baixa ao lembrar-me que no dia seguinte tinha um encontro com a Rebecca.

-Genial. - murmurei em voz baixa antes de embater contra alguém.

-Ei, Harry, vê por onde andas que pareces um maluquinho.- a voz riu e franzi a testa para ver quem era. Marcel.

-Era mesmo contigo que queria falar. - espetei-lhe agarrando-lhe no braço e fez uma careta.

-O que se passa? - perguntou confuso. Dei uma rápida vista de olhos por toda a entrada enquanto a secretária que estava atrás da mesa olhava para nós com cara de poucos amigos.

-Vem cá. - disse arrastando o meu irmão até à zona do elevador.

-Harry, tenho que ir para casa. - queixou-se. - Tenho sono e a cadeira é muito incómoda para dormir.

-Cala-te, idiota.

-Harry, solta-me! - queixou-se de novo quando chegou ao elevador e o empurrei para dentro, encurralando-o contra a parede quando as portas se fecharam.

-Ouve-me, inútil. - murmurei pegando-lhe pela gola da camisa. Estava a perder o controlo dos meus atos e precisava de descarregar forças de alguma maneira. - Por tua culpa! A culpa é toda tua e desse cabrão que é parecido a mim. Não se sabem meter nas relações de outros? Olhem que há mais raparigas no mundo, foda-se.

Marcel franziu a testa.

-Estás assim por causa da Bella? - perguntou e, sem que eu pudesse tomar consciência dos meus atos, o meu punho aterrou contra a sua bochecha. Ele gemeu de dor.

-Porque é que não a deixas em paz?  Porque caralho lhe tinhas que dar a tua camisola? - gritei antes de que o rapaz me empurrasse para longe dele.

-Mas tu estás maluco?! Porque é que me estás a bater? E eu dou a minha camisola a quem quiser! - respondeu respirando com nervosismo.

-Mas não à minha namorada!

Os Trigémeos Styles 3: Déjà vu (tradução)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora