Treze - Fotografia

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- Sério mesmo, Melissa. – Brian confirmou com a cabeça, voltando a fitá-la de modo preocupado. – Qual a necessidade? O cara tentou te machucar! Pra que ficar sabendo o que ele faz, quem o trata? Esqueça Corey Sanders! – pediu.

Em seguida, voltou a atenção para seu prato mais uma vez.

- Ele não ia me machucar, Brian, achei que já tivéssemos estabelecido isso.

Brian largou o garfo sobre o prato e voltou a atenção para ela. Parecia irritado dessa vez.

- Acho que sua impressão sobre Corey Sanders está bastante distorcida.

- Acho que a sua impressão sobre Corey Sanders está bastante distorcida.

- Claramente ele tinha uma posição agressiva, você não está sendo capaz de...

- Pare, Brian, pare de tentar me fazer parecer uma garotinha indefesa que seria atacada por um psicopata. Eu sei me cuidar sozinha, obrigada.

Ele engoliu a seco e voltou a comer.

- Que seja.

- Só achei que seria bom saber, caso vocês se desentendam de novo.

- Não vai acontecer, não se preocupe.

- Espero que não. – Melissa suspirou, comendo um razoável pedaço de seu peixe.

O almoço com Brian terminou de modo silencioso e com um clima estranho pairando entre os dois. Melissa não estava satisfeita com aquilo, mas também não sentia necessidade de dar um fim. Ele se despediu dela com um aceno – como deveria ser feito desde o início -, na porta de seu consultório e ela continuou.

Melissa respirou fundo, balançando os braços de um lado para o outro, enquanto fazia o caminho até seu consultório, no fim do corredor. Antes que desse cinco passos, entretanto, alguma coisa a obrigou a parar, como se fosse uma barreira invisível. Já ciente dos acontecimentos estranhos, seus instintos entraram em alerta. A testa franziu, os olhos cerraram em desconfiança, para logo depois se arregalarem, no exato momento em que ele surgiu.

O frio.

Aquele característico frio do arquivo. Lento, sorrateiro, gélido, exalando perigo e algo que Melissa achava estar além da racionalidade humana.

A doutora engoliu em seco e olhou em volta, à procura de algo lógico que pudesse explicar a queda repentina de temperatura. Claro, não havia nada. E, quando passou os braços ao redor do corpo, a fim de manter o calor por ali, sentiu a familiar presença do corredor dos arquivos logo atrás de si.

Melissa suspirou, resignada. Ainda presa ao mesmo lugar, criou coragem e se atreveu a girar o pescoço, na intenção de encontrar a explicação que tanto buscava, apenas para não encontrar nada atrás. O corredor comprido pintado de tinta a óleo branca estava deserto. Era um corredor macabro por natureza, constatou, sorrindo irônica.

Sua reação seguinte foi suspirar mais uma vez. Acompanhou com olhos a fumacinha de vapor que escapou por sua boca quando soltou o ar. Após um instante de reflexão, preferiu balançar cabeça de um lado a outro e ignorar a situação absurda em que se encontrava. Voltou a caminhar, os passos hesitantes fazendo eco pelas paredes.

No entanto, a doutora não conseguiu chegar à segurança de seu consultório em paz. A sensação de estar sendo seguida se tornou ainda mais forte e lhe causou um arrepio violento. Melissa parou mais uma vez, dessa bastante irritada, e novamente olhou para trás.

Ninguém.

Antes que pensasse em voltar a caminhar, entretanto, ouviu uma voz sepulcral, feminina, doce e distante proferir seu nome. Tudo ao seu redor paralisou. Então girou rápido demais.

Psicose (Livro I)Onde histórias criam vida. Descubra agora