— Não se preocupe. — o ignoro e me viro, enfiando a adaga no saco novamente. — Não preciso de você.

— Sua teimosia é um enorme defeito, alteza.

— Sua covardia também.

— Como? — ele segura o meu braço, parando a minha ação e me olha incrédulo. Se ele achava que apenas ele poderia me atacar com frases ousadas, ele estava muito enganado.

— Isso mesmo que ouviste. — me solto de seu braço, e ele me olha em tom de desafio.

— Pois bem, esteja aqui a noite, no mesmo horário em que marcávamos. Vamos descobrir se consegue mesmo se virar sozinha, princesa.
— Apolo me dá as costas e sai, me deixando com raiva. Eu odiava a capacidade que ele possuía de sempre me deixar com raiva.

Saio do estábulo escondendo a adaga por dentro do vestido, e me encaminho a passos pesados até meu quarto. Vejo Margot arregalar os olhos no susto ao me ver entrar e tento ignorar a sua atitude estranha. Ela faz a reverência e deixa o quarto. Ando até minha escrivaninha e me assusto ao ver outro bilhete encaixado sob o vaso.

Agora Violetta havia ido longe demais

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Agora Violetta havia ido longe demais. Saio de meu quarto e ando furiosa até o seu, fechando a porta com força atrás de mim. Minha irmã afasta o livro que estava lendo e me olha com as sobrancelhas arqueadas. Jogo o bilhete em cima dela, e solto todas as palavras que eu havia guardado.

— Você acha isso engraçado? Em meio a tudo que Beaumont está vivendo, acha engraçado continuar a me mandar esses bilhetes? Você é tão infantil, Violetta.

— Do que está falando, Cecília? — ela pega o bilhete e finge surpresa ao ler. Típico dela.

— Não se faça de sonsa, Vi. Cansei desses recados. Não precisa brincar com meus sentimentos de medo porque adivinhe só? Eu já sinto medo suficiente sozinha!

— Eu não escrevi isso aqui. — ela franze o cenho e me estende o papel. — A única vez que fiz isso com você foi quando estávamos sentadas com Arabella no jardim. Ficaste chateada, eu jamais repetiria isso novamente.

— És mentirosa e fria Violetta, igual ao soldado Carter. Vocês se merecem.

— Ah pronto, agora minha própria irmã enlouqueceu! — ela retira as pernas da poltrona, como sempre sentada de forma inteiramente inadequada, e anda em minha direção. — Eu não escrevi essa porcaria a você e nunca tive nada com o soldado Carter. Não te devo satisfações, e mesmo se devesse, não perderia meu tempo lhe explicando.

— Ah não? E onde você estava no dia do baile quando sumiu durante a festa inteira e só apareceu no final ao lado dele? — aproveito e jogo toda a dúvida que eu havia carregando durante esse tempo. Os olhos dela se arregalam, e ela resolve me contra-atacar.

— Respondo se você disser quem beijou durante o apagão. — ela cruza os braços e eu abro a boca em completo estado de choque.

— Como você sabe disso?

— HÁ! Eu não sabia, mas acabei de descobrir. — ela sorri de orelha a orelha. — Então minha irmã séria e conservadora beijou alguém no baile!

— Não mude de assunto, Violetta. — tento desconversar, sentindo meu coração se acelerar.

— Porque lhe interessa tanto saber a minha relação com o Apolo? — ela me olha de perto, franze os olhos, e após alguns minutos leva a mão a boca. — Pelos reinos, gostas dele.

— NÃO! — respondo alto demais. — Agora você que está louca Violetta. Não sinto nada além de desprezo pelo soldado Carter.

— Não acho que este ataque de ciúmes seja motivado apenas por desprezo.

— Eu não estou com ciúmes. Quer saber? Esqueça! Nunca adianta tentar ter uma conversa civilizada com você.

— Falou a princesa que quase quebrou a porta de meu quarto. — ela revira os olhos. — Você está apaixonada pelo pretendente que a beijou na festa, pelo príncipe Christian, ou por Apolo?

— Eu não estou apaixonada por ninguém! — grito com os nervos a flor da pele e saio do quarto dando de cara com Apolo, do outro lado da porta. Prendo a respiração e sinto meu rosto corar ao perceber que ele havia escutado a minha última frase.

Saio quase correndo desviando de seu olhar profundo e ando a caminho de meu quarto, pronta a me trancar de lá e não mais sair.

Saio quase correndo desviando de seu olhar profundo e ando a caminho de meu quarto, pronta a me trancar de lá e não mais sair

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Permanecer em meu quarto não adiantou. Levantei de minha cama cansada de ter ficado tanto tempo deitada sobre ela após um dia inteiro de neve, e deixei novamente meus pensamentos partirem em direção ao baile de máscaras que eu não conseguia esquecer.

Ando até a sacada e observo os pequenos flocos de gelo caindo, me fazendo ter pequenos arrepios de frio sob a pele. Abraço meu próprio corpo e levo uma das mãos ao meu lábio inferior, fechando os olhos e recordando o beijo.

Você é linda, ele repetiu duas vezes. O timbre da sua voz retorna como uma melodia aos meus ouvidos e eu abaixo involuntariamente a manga de meu vestido, passando a mão pelo meu pescoço. Saio de meu transe quando ouço uma voz grossa me arrepiar, e me viro no susto encontrando um soldado me encarando de braços cruzados em meu quarto sem permissão.

— Está atrasada.

— Estás louco? — encaro o soldado Carter, e coro ao ver meu ombro exposto com a manga do vestido descida. A levanto rapidamente no desespero, e vejo que o olhar dele foi parar ali.

— Temos um compromisso, não tolero atrasos. — ele desvia o olhar.

— Não marquei nada com você, seu arrogante. Agora saia do meu quarto! Guardas! — digo alto inutilmente. Ele me olha com um sorriso de lado, e dá um passo à frente.

— Eu sou o seu guarda, alteza.

— És mesmo muito ousado!

— Não deveria se incomodar com minha presença se me despreza tanto. — ele diz e eu congelo. Abro e fecho a boca chocada demais para responder. Ele havia escutado toda a conversa com Violetta.

— Só irei porque deveras quero lhe mostrar como estou pronta para lutar. — fujo de sua afirmação e abro o armário, pegando um grande casaco quente. Apolo assente saindo do quarto. O sigo com o coração na mão.

O castelo estava quieto e o caminho que sempre fazíamos até a saída também fora silencioso. Não dizemos mais nada um ao outro até que chegamos ao estábulo, e ao invés de andarmos até o quarto aos fundos, Apolo para em frente a um enorme cavalo de pelagem escura e começa a desamarrá-lo.

— O que está fazendo? — pergunto batendo o queixo.

— Não podemos treinar aqui nesta noite. Está nevando bastante, certamente ficaria doente exposta ao frio. Não há lareira no fundo do estábulo. — ele responde sem me olhar e sobe no cavalo, me deixando confusa. O olho tentando entender, e ele estende a mão, me convidando a subir no cavalo. — Vem.

Inquebrável Coração Where stories live. Discover now