Capítulo XII

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Depois da clara fala sugestiva da princesa de Allis, eu estava completamente convencida de que tinha mais inimigos do que pensava ter. Pensei seriamente no caminho para a aula em como eu realmente precisava continuar meus encontros noturnos com o soldado Carter. Olhei ele balançando a cabeça, esperando que ele entendesse o meu sinal de que queria continuar com o treinamento.

Eu não tive mais muito tempo para pensar. Logo, estava na presença de meu tutor, Dominic Stuart, que há anos havia me ensinado boa parte do que eu sabia. Além de aulas de história e de línguas diferentes de reinos distantes, ele que havia me instruído acerca da maioria dos instrumentos musicais. De todos eles, o que eu ainda precisava me aperfeiçoar, sem dúvidas, era a harpa.

— Bom dia, vossa alteza. — Dominic faz a reverência, e como sempre, sorri de forma larga demais.

— Bom dia senhor Stuart. Deveras devo confessá-lo de que não tive tempo hábil nestas últimas semanas para o treino das últimas partituras. — me sento no banco acolchoado diante ao enorme instrumento dourado, e vejo o homem a minha frente colocar os braços para trás e sentar em outro banco perto de mim.

— Sem problemas, princesa, estou aqui para ajudá-la. Além do mais, já lhe disse que não me chame de senhor. Sabes que temos quase a mesma idade, não é? — ele sorri me encarando com seus olhos azuis, e ajeita a considerável barba escura sob o rosto.

— Sim sim, só prefiro manter sempre as formalidades. — assinto, e elevo os dedos até as cordas da harpa, tentando rapidamente encerrar o assunto.

Eu nunca fui tola. Sempre percebi que meu tutor não me olhava apenas como uma aluna, ou muito menos como uma futura rainha. Seus olhares sempre foram disfarçados, mas nos últimos tempos, suas investidas haviam começado a se tornar cada vez mais incômodas.

Dominic não era feio ou deselegante, mas eu nunca consegui sentir qualquer espécie de atração por ele. Arabella, por outro lado, sempre dizia que sentia borboletas no estômago ao vê-lo e ansiava para que, um dia, nossos tutores fossem trocados e ele passasse a instruí-la.

Segundo suas palavras, os olhos dele eram como oceanos e por debaixo daqueles fios de barba deviam haver lábios com gosto de maçã. Eu não fazia ideia do porque essa frase sempre me fazia ter vontade de gargalhar.

— Está fora do tom, minha princesa. — Dominic se aproxima e toca os meus dedos, tentando me mostrar o ritmo. Meus olhos se abriram e eu não sabia se ficava mais chocada com o fato dele ter usado o pronome "minha", ou ter me tocado de forma tão audaciosa.

— Senhor Stuart, peço que se afaste. Podes perfeitamente me ensinar mantendo a distância adequada. — me solto de seus dedos, e ergo a cabeça vendo o mesmo coçar a garganta.

— Claro, claro, me perdoe pelo inconveniente. — ele olha para baixo constrangido e pega alguns livros que havia trazido e posto sob a modesta mesa dourada da sala. — Bom, podemos partir para a lição que deixei sobre as variações de linguagem Várzeana. Pelos boatos que ressoam pelo reino, essa aula é de mais interesse da senhorita.

— Pelo visto, meu futuro casamento é o assunto do momento. — sorrio fraco cansada de sempre ouvir a mesma coisa e vejo os olhos de Dominic brilharem.

— Não parece feliz com tal acontecimento, princesa. — ele me encara profundamente, e em uma atitude que eu não esperava, se ajoelha no meio da sala. Deixo meu queixo ir ao chão em completo estado de choque e olho para o lado vendo Apolo levantar uma sobrancelha. — Cecília, nunca tive oportunidade de confessar meus sentimentos...

— Dominic, não. — me levanto assustada demais e toco em sua mão fazendo o mesmo se levantar. — Por favor, não faça isso.

— Eu sei que não sou um príncipe, mas tenho muitas terras... — a mão dele aperta a minha como se tivesse aproveitando a oportunidade e antes que os passos de Apolo chegassem perto o bastante para o impedir de continuar me segurando, Arabella aparece na sala e abre a boca em completo estado de choque.

Inquebrável Coração Where stories live. Discover now