País das Maravilhas

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"Eu mergulhei e era tudo cinza. Cinzas caíam do céu e se desfaziam no oceano...E eu era apenas molécula daquela nuvem de caos, onde minha única função era descarregar sofrimento aos seres".


— Está para nascer alguém para eu amar. No dia que Medusa não transformar alguém em pedra com seus olhos.— ele afirma e sai.

Solto aquela maldita trança e abraço minha mãe, respirando profundamente.

— Vou sumir por algumas horas, tenho que ao menos tentar entender isso tudo.— explico e vejo Hermes se afastando. Talvez não querendo deixar óbvio que escutava a conversa.

— Enquanto isso eu falarei com Apolo e Hermes. Mesmo desconfiado de nós, podem ser de grande ajuda.— ela para brevemente, olhando para a fonte.— Tentarei fazer Hades lembrar de você...

Hades. Meu tio e padrinho...

Ainda me doía saber que ele me despreza agora. Eu me achava tão renegada por ser Tessália, porém sendo Pandora, sou nada mais que uma serva. Continuo caminhando até parar próxima a uma rocha. Encosto nela e fecho os olhos, me lembrando de minha infância, onde tive uma conversa com o meu padrinho.

¨Correr pelos Campos Elíseos era a melhor coisa que eu fazia no meu dia. Gostava de reparar nas reações das pessoas quando descobriam que estavam mortas. E que ali, era o fim.

O fim de um começo de vida. Não que aqui fosse vida após a morte, somente um local de descanso...Para aqueles que já sofreram, ou apenas tiveram vitórias em suas vidas.

Uns aceitavam, outros não.

Ando por mais alguns minutos, quando chego perto do Rio Aqueronte, onde as almas tinham que deixar todos os seus sonhos que não foram realizados em vida. Caronte, meu irmão, estava com os ombros mais curvados que o normal. Deu dois passos para o lado, quando uma menina de cabelos acobreados e olhos cor de mel desce do barco, e estava estranhamente alegre, observando tudo ao seu redor.

Eu tinha uns nove anos na época, e ela não parecia ter menos.

— Tessa...Chame Hades, o mais rápido que conseguir.— faço um aceno com a cabeça, concordando e fecho os olhos, concentrando minha energia no Aqueronte e no Estige, como se minha mente estivesse atravessando eles para chegar até meu tio.

— Sim?— A voz grave do Rei do submundo ecoava fortemente pelas sombras, se encerrando apenas quando ele apareceu do meu lado. Ele olha um pouco surpreso para a criança, que continuava saltitante.

— Essa é a Lis, disse que estava brincando de voar com seus irmãos, até que a empurraram para um buraco, afirmando que ela chegaria ao país das maravilhas.— Caronte diz com pesar, o qual eu não entedia na época. Lis me olhou no mesmo momento que eu a observava. Mas eu indagava: ¨Se aqui era o país das maravilhas, por qual motivo os outros deuses chamavam de inferior?¨

Conforme os anos foram se passando, me toquei que eles mataram Lis, mataram a própria irmã.

Olho para Hades que tira seu elmo e se abaixa, ficando da altura da menina.

— Você seria o chapeleiro?— ela questiona com um leve sorriso.

Ele sorri e afaga o cabelo dela.

— Seja bem-vinda. O país das maravilhas não é mais como antes, mas crianças como você e minha pequena guerreira ali.— Hades aponta para mim e aceno para ela, que retribui.— Farão isso aqui criar vida novamente...Vamos?

Lis caminha com meu tio, e Caronte volta ao seu trabalho.

Essa memória é uma das minhas preferidas. Sempre o julgavam por ser cruel, porém justamente por conviver com as almas, o tornava mais humano. Ele fez Lis se sentir no país das maravilhas. Era o seu sonho, era para onde queria ir.

Ela conversava comigo, éramos melhores amigas. Mas eu evitava memórias com ela, eu tinha inimigos o suficiente para machucarem Lis.¨

( Memória off)

Abro os olhos e fico surpresa com quem estava na minha frente.

— Como você me chamou?

================================================================================ volteeei. Sumi por problemas de saúde, mas agora estou bem.

Me digam o que acharam!!!!

Herdeira de Nyx: O LegadoWhere stories live. Discover now