– Melhores amigos são para isso – ele disse me puxando para um abraço – Eu não tenho ideia do que faria se você não voltasse logo. Sério, Cami. Eu fiquei muito preocupado.

Não respondi. Eu não sabia como responder àquilo. Jonas e eu crescemos muito próximos, nossa amizade passou por várias fases, incluindo o namoro adolescente que agora parece ter sido a fase mais estranha desses anos, mas ele nunca deixou de ser a pessoa em quem eu mais confiava. Eu não me via sem o Jonas e tenho certeza do quão ruim foi para ele cogitar a possibilidade de ficar sem mim, não há dúvidas de como sentiu minha falta.

Já havia algum tempo que eu estava na minha cama encarando o teto mal iluminado pela fresta de luz que passava pelo meio da cortina, Jonas estava deitado na cama-auxiliar que saía da minha. Eu correndo no meio do bosque. Eu não conseguia fechar o olho sem que as cenas assustadoras dominassem meus pensamentos. Eu dentro do porta-malas.

– Jonas... tá dormindo? – Sussurrei.

– To – ouvi em resposta.

– Mentira! Não to te ouvindo roncar – ele imitou o barulho de um ronco – agora sim está dormindo – ri.

– Precisa de alguma coisa?

– Não – fiquei em silencio.

– Tá tudo bem? – Ele perguntou após algum tempo.

– Eu senti tanto medo... – meus olhos ficaram marejados novamente.

Jonas não disse nada, apenas colocou sua mão em cima do meu colchão para que eu a segurasse. Ele havia feito isso quando tínhamos 6 anos e eu precisava tomar uma injeção, depois aos 9 anos quando tive medo de atravessar a ponte de madeira no acampamento de férias. Aos 12 quando eu estava com medo de apresentar um trabalho na escola. Aos 17 quando esperava a nota do vestibular e estava com medo de não passar. Era o jeito dele me dizer que tudo ficaria bem e que ele estava ao meu lado. Coloquei minha mão sobre a sua e segurei firme até me sentir mais segura.

– Como está você e a Débora? – Mudei de assunto.

– Estamos bem – ele disse com um risinho – ela é... eu não sei. A Débora me faz muito bem.

– Isso me deixa feliz, sabia? Vocês dois realmente combinam.

– Eu acho que a gente tá namorando.

Acha? – Virei no colchão para encará-lo abaixo de mim – Como assim "acha"? Você pediu e ela não respondeu?

– Digamos que eu não pedi.

– Então vocês não estão namorando, Jonas!

– É quase como se tivéssemos, nos vemos com frequência, nos falamos o dia todo quando estamos longe, meus pais conhecem ela e eu só não conheci os pais dela ainda porque eles não vieram visita-la, mas eles sabem da gente.

– Mas não teve pedido – reforcei.

– Eu fico nervoso, Cami – ele se sentou exasperado. – Quando olho para ela eu esqueço tudo e não sei como falar, as palavras não saem da minha boca. Eu fico com medo – ele admitiu por fim.

Dessa vez fui eu quem estendi a mão, ele sorriu e voltou a deitar ainda a segurando.

– E se você escrevesse?

– Cami, você me deu uma ótima ideia – Jonas disse animado.

– Cami, você me deu uma ótima ideia – Jonas disse animado

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