𝗜𝗺𝗮𝗴𝗶𝗻𝗲 𝗕𝗲𝗻 𝗕𝗮𝗿𝗻𝗲𝘀

CLAIR DE LUNE

Você tocou essa música toda vez que encontrou um piano. Você disse que lembrava sua avó. Você nunca disse a ele por quê. Ele nunca admitiu isso para você, mas comprou um pequeno piano para colocar em seu apartamento apenas para que você pudesse tocar quando fosse à sua casa.

Mas você e Andrew queriam se mudar para a Austrália. Ou bem, Andrew queria se mudar para a Austrália para conseguir uma promoção. Você estava pronto para seguir. As três ruas que separam suas casas se tornariam milhares de quilômetros. Ele não poderia aqui você tocar Clair de Lune em seu piano novamente.

Uma lágrima rolou por sua bochecha com o pensamento, permanecendo presa em sua barba, mas ele não a afastou. Ele nem tinha notado a gota, pois escapou de seus olhos. Ele simplesmente continuou olhando para você. Talvez tenha sido a última vez que ele ouviu você tocando essa música ...

Sem você, a vida parecia tão pálida, como se todas as cores tivessem sido tiradas do mundo. Nada mais importava para ele. Ele não ligou para seu agente por semanas, mas ele não se importou. Ele não comia uma refeição adequada há dias, não dormia mais do que algumas horas por noite desde que soubera da notícia. Você estava prestes a ir morar com seu namorado em outro país, e ele perdeu a chance de estar com você. Ele se perguntou se sua vida sempre seria sem gosto de agora em diante. Ele adivinhou que seria, você era a razão pela qual o mundo era bonito para ele. E agora que ele havia perdido você, ele não conseguia encontrar nenhuma boa razão para viver.

Quanto mais você tocava, mais lágrimas rolavam por seu rosto, mas ele não percebeu o líquido salgado que molhava seu rosto.

Ele reconheceu as últimas notas e você parou.

"Você está me perseguindo agora?" você perguntou, brincando, ao reconhecer os passos de Ben enquanto ele entrava na sala.

Mas antes que você pudesse se virar, ele falou, sua voz rouca e abafada como um sussurro.

"Jogue de novo," ele respirou.

"Você não ouviu isso ainda?"

"Você fica linda quando joga."

Você se virou para ele, notando imediatamente seus olhos vermelhos e bochechas úmidas.

"Ben, o que há de errado?" você perguntou, já preocupado.

"Você poderia jogar de novo?" ele apenas perguntou mais uma vez.

"O que aconteceu?"

"Nada."

"Você está chorando, Ben."

Ele finalmente percebeu a água em suas bochechas e barba, e as varreu.

"Não é nada."

"Você geralmente não chora por nada, no entanto."

Mas, em vez de responder, ele caminhou até o piano e sentou-se ao seu lado.

"Você me ensinou uma vez como tocar essa música" ele disse suavemente, um pequeno sorriso aparecendo em seu rosto com a memória. "Você se lembra?"

"Sim, eu me lembro."

"Nunca consegui jogar tão bem quanto você", ele riu.

"Você nunca jogou tantas vezes quanto eu."

"Toque de novo, por favor," ele pediu mais uma vez.

"Por que?"

"Gosto de ver você jogar."

Você não respondeu. Então ele ergueu as mãos, seus dedos roçando nas teclas do piano, e tocou as primeiras notas. Ele parou e tocou desde o começo novamente quando você não se juntou a ele. Na terceira tentativa, você cedeu e suas mãos se juntaram às dele no instrumento.