0.2 - Weak

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Eu tenho medo de que quando for a hora mesmo [de verdade], eu não tenha mais forças pra aguentar sua partida. 


Sinto o meu coração acelerar, meu corpo todo tremer, enquanto meus pensamentos me atormentam. É difícil controlar a ansiedade, o desespero, o medo e a dor quando ela chega sem avisar e, simplesmente, me invade. Eu me sinto como se tivesse presa em um vazio. A mesma sensação de cair de um penhasco, a diferença é que não tem chão pra cair, eu não tenho mais um lar. O meu lar, minha morada estava prestes a partir me deixando para trás. Lauren estava partindo sem dar adeus a mim e a nossa pequena, como era possível? "Deus não a deixe partir, por favor! Eu lhe imploro, de mais uma chance a ela" exclamava alto sentindo meus olhos arderem e meu pulmão implorando por ar.


Alguns meses atrás

"Sua chamada foi encaminhada para caixa postal"

Meu peito subia e descia tão rápido que eu não conseguia controlá-lo mais, meu medo estava tomando conta de mim. Sofia assim que percebeu que a chamada havia ido para caixa postal pegou o meu celular e discou novamente o número de Lauren. E assim me rendi a espera novamente, mas desta vez no segundo toque.  

- Alô - Escuto a voz rouca de minha esposa e sinto meu coração ir se acalmando e minha respiração voltar ao normal e a sensação de paz começa a invadir meu corpo novamente. Ela estava bem. - Camz esta tu bem?

- Eu estava com medo e precisava ouvir sua voz amor - massageio a testa com as pontas dos dedos enquanto respirava fundo. - como vocês duas estão? Já comeram? Tomaram banho? Estão seguras? - perguntei tudo em um fôlego só.

- Ei ei versão feminina do Flash, vamos com calma! Respira fundo - e assim o fiz, respirei fundo e soltei o ar devagar. - Isso meu amor, e respondendo suas perguntas - deu uma pausa em sua fala já que o barulho de algo quebrando se fez presente na chamada - RAFAELA CABELLO JAUREGUI, é melhor você correr e bem rápido mocinha - ouvia a voz de Lauren um pouco distante já que deve ter largado o celular para brigar com nossa filha. 

- AAAAA MÃEEE, NÃO ME MATAA

- O que!!! você estava falando com a mamãe sem mim? - Escuto a voz da minha pequena perto do telefone, é parece que alguém está encrencada agora, Rafa odiava quando viajava e eu e Lauren conversávamos sem ela. - Filha não é o que você está pensando 

Não me aguentei e caí na risada, eu tinha uma mulher louquinha de pedra e uma filha mais louquinha que nós duas juntas. Eu amava essa sensação que elas me passavam, Lauren  e Rafaela me completavam de uma forma única. 

- Oii mamãee, estou com saudades!

- Olá minha pequena, eu estou mortinha de saudade de vocês duas! E o Totó também está com saudades de fazer bagunça com vocês - Falo olhando para Sofi que estava sentada no chão acariciando os pelos do nosso cachorrinho que Rafa encontrou na rua e o trouxe escondido em sua mala até em casa. - Como vai as coisas ai, esta sendo legal? 

- Sim!! Mamá e eu fomos conhecer os corais junto com a tia Dinah e tia Mani e Mel.

- Aé meu amor, que legal e co.. - antes mesmo que eu consiga falar, Rafa acaba me interrompendo - Mamãe o que é quebrar chifre e porque mamá tem chifres? 

- Sua mãe tem chifres? Da onde tirou isso meu amor? - Pergunto meio confusa. 

- Tia Dinah disse que a mamãe Laur quebrou os chifres quando bateu a cabeça. - Agora está explicado, Dj não tinha jeito sempre com brincadeirinhas e provocações com Lauren. 

- Oh meu bem sua mãe não tem chifres sua Tia Dinah que está ficando doida. 

Estávamos tão concentradas em nosso mundo particular que nem percebemos que estávamos em ligação a mais de duas horas e que já eram uma da manhã, resolvemos nos despedir comigo fazendo Lauren prometer que iriam se cuidar o restante dos três dias. 

E com o barulho da chamada encerrada eu me permito cair no meu mundo, onde o medo predomina. A pior parte de um trauma é quando ele se instala dentro de você como se fosse parte da sua essência. Ele fica ali, te corroendo por dentro, gritando que nada nunca vai fazer com que aquilo melhore nem um pouco. Eu, particularmente, já tive muitas esperanças de que no final das contas um trauma é simplesmente um trauma. Mas meu corpo inteiro dói sempre que me lembro, sempre que vejo que nunca vou conseguir esquecer daquela ligação, ou do tempo parado no hospital enquanto esperava em uma recepção fria uma notícia da minha esposa. Essa é a pior parte de um trauma quando ele fica na sua mente e na sua alma, martelando cada detalhe perturbador daquilo que já deveria ter sido esquecido. 





Caso não tenha pegado a ideia da história e ainda está confuso (a) leia as minhas mensagens no meu perfil, deixei uma INFO lá para ficar mas fácil de acompanhar.  

Não vou deixar muitos recados nos começos e finais dos capítulos, sempre vou postar no meu perfil assim não atrapalha na hora da leitura. 🙃

O sopro da vidaWhere stories live. Discover now