Cap 4

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Giulia ficou. Por um convite de Maísa, elas abriram uma garrafa de vinho raro que tinha e ambas estavam agora na varanda da casa com mantas em suas pernas pelo leve frio que fazia, cada uma em uma cadeira, mas não distantes.

- Eu não lembro a última vez que fiz isso com alguém.

- Beber um vinho na praia a noite? Não acredito que antes do Alex ninguém tenha feito algo do tipo por você. — Maísa gargalhou, o vinho agora a deixava mais leve e Giulia gostou do que ouvia.

- Chega a ser curioso a maneira que você me vê. Eu não sou uma deusa da beleza, minha querida, estou longe disso.

- Você acredita nisso, não sei porque, mas não é. Teus olhos são lindos, teu rosto, tuas mãos... teus cabelos. — Giulia tocou nos fios loiros que voavam, Maísa sorriu abaixando um pouco a cabeça.

- Acreditaria se dissesse que só tive um namorado antes do meu atual marido? Nos casamos muito rápido, meu falecido pai adorava ele. Em pouco menos de um ano eu já esperava por Davi.

- Que rápido! — Giulia olhou para o mar, só então se deram conta do quão tarde estava, o vinho estava terminando.

- Melhor irmos dormir.

- Não sei se é o melhor mas... tudo bem. — ela brincou e as duas levantaram.

Enquanto fechavam algumas portas, seguiram conversando baixo.

- Me desculpa, os quartos devem estar todos ocupados com adolescentes pela casa. — Maísa realmente não lembrava desse importante detalhe. Caso não fosse o vinho, já estaria vermelha pelo que diria a seguir. — Espero que não veja problema em dormir no mesmo quarto que o meu.

- Não, claro que não vejo, mas não queria te tirar do conforto, eu poderia dormir aqui, esse sofá é enorme. — Maísa fez uma expressão de absurdo para Giulia e ela riu. — Ok, já entendi.

- Que absurdo, não iria te deixar dormir aí. — Elas começaram a subir as escadas.

- Se ao menos fôssemos casadas e você estivesse com raiva de mim, talvez. — Giulia brincou.

- Hm... talvez. — Maísa riu depois da própria resposta. Elas já estavam no quarto principal.
— Por favor, fique a vontade. No banheiro tem tudo o que pode precisar, tenho algo de dormir também se quiser.

Giulia consentiu, estava um pouco envergonhada, talvez até mais que a própria Maísa. Minutos mais tarde estavam as duas se preparando para deitar, ambas haviam se trocado logo após o banho.

- Obrigada, a camisola serviu em mim.

- Eu não teria dúvidas, tem um corpo bonito. — Maísa falava sem olhar para Giulia, estava pegando lençóis.

- Você também.

- Eu o quê? — ela parou o que fazia e já deitavam agora.

- Não, não era nada. Alex não quis vir? — Giulia nem mesmo sabia porque fazia aquela pergunta, se arrependeu no mesmo instante.

- Não. Está confortável? — Agora somente com a luz de um abajur aceso, as duas viraram uma de frente para a outra.

- Eu não sei... — Giulia suspirou.

- Não sabe? Falta mais alguma coisa? Quer que eu pegue?

- Não, Maísa. Só é um pouco estranho o fato de estar na cama que é sua e do Alex. — Giulia tocou no rosto de Maísa e ela fechou os olhos, segurando carinhosamente sua mão.

- Se te conforta, durmo mais aqui sozinha que com ele. — ela encontrou a voz, o azul dos seus olhos pareciam intensos.

Elas não conseguiram dizer nada mais, a menos que pudessem ler por dentro da outra com seus corações saltando do peito. Elas adormeceram próximas, uma segurando a mão da outra. Em um momento da madrugada, Giulia sentiu como Maísa lhe abraçou com ternura, Giulia nem mesmo conseguiu dormir depois disso.

- Mãe! Ei, mãe! — Era a voz de Alessandro que mesmo baixinho, acordava Maísa nas primeiras horas da manhã.

De imediato ela assustou, lembrou de Giulia e sentou-se rapidamente na cama, ela já não estava mais ao seu lado. Maísa passou a mão em seus cabelos e colocou o robe por cima da sua camisola azul.

- Meu filho, por favor, quem eu preciso tirar de um incêndio? — foi a primeira coisa que disse quando abriu a porta.

- É que o papai já ligou umas três vezes pra esse número da casa, tá chato eu atendendo. Perguntou pelo seu celular.

- Tudo bem, querido. A Nina já chegou? — o menino fez que sim. — Então vá até a cozinha e tome seu café.

- A senhora não vem?

- Vou em alguns minutos, meu filho me derrubou da cama, já não me ama mais. — Alessandro abriu a boca com o drama da mãe e ela riu. — Anda, desce lá.

Maísa voltou e finalmente olhou seu celular. Haviam no mínimo sete chamadas do seu marido, duas delas ainda na madrugada.

"Bom dia, Alex. Recebi agora o recado, o que houve?" — ela falava com pouco ânimo enquanto ia ao banheiro.

"Queria saber só se estavam na casa."

"Poderia ter perguntado a um dos nossos filhos, não?"

"Por favor, Maísa, não quero brigar, quero passar o domingo com vocês aí na praia, por isso liguei." — Maísa não saberia explicar, mas sentiu uma certa estranheza com aquele pedido, estranheza pelo que sentiu ao ouvi-lo.

"Os meninos vão gostar, mas aviso que não passarei o dia aqui."

"Tudo bem, querida, não demoro chegar até aí."

Ela desligou e respirou fundo, não confessava mas dentro de si não era o que queria, não naquela manhã enquanto ainda se perguntava se havia feito algo para Giulia ter ido embora sem dizer nada.

- Decidiu se quer mesmo ser professor, Davi? — estavam na mesa de café todos juntos.

- Já sim, mãe. A propósito, quero aprender a dirigir.

- Eu e seu pai falamos já disso, quando quiser... — a entrada de Alex na casa chamou atenção dos quatro.

- Ainda aceitam um membro na mesa? — ele falou e rapidamente Davi e Alessandro o chamaram.

- Olhem só, aviso a todos aqui. Os três estão em período de provas, assim que... nós não vamos passar o dia aqui. Vão aproveitar o mar ou piscina mas só até essa manhã.

Ainda haviam duas amigas de Nicole pela casa, ela logo se juntou a elas para a piscina enquanto os meninos foram ao mar junto com Maísa que sentava em uma cadeira de praia observando em silêncio.

- Posso? — era Alex que sentava ao seu lado. Nesse instante o celular de Maísa vibrou com uma mensagem.

| Espero que ainda lembre que me deu seu número, espero também que não se arrependa. Desculpa por ter saído tão cedo, achei melhor antes que alguém me visse sair do seu quarto. Obrigada pelo vinho, pela companhia e pela noite. Espero que se repita.

| Te espero amanhã em um endereço que conhece. Um abraço, Giulia.

Foram duas as mensagens, Maísa sorriu doce ao lê-las, Alex a olhou com certa curiosidade. Ela bloqueou a tela voltando seu olhar aos filhos.

- Me desculpa por ontem. — ele falou e ela finalmente o olhou. — Você tem razão com isso que eu faço em misturar nossa família com meu trabalho, não deveria. Me desculpa mesmo.

- Pede desculpas a tua filha depois.

- Eu já pedi, por sorte ela me desculpou.

- Hm... — Maísa virou outra vez o olhar.

- Eu prometo tentar melhorar, me dedicar mais aos nossos filhos e a você.

- Alex, não é a primeira vez que me faz essa promessa. — ela realmente parecia compreensível ao ouvi-lo. — Mas tudo bem, vou tentar acreditar que dessa vez você está sendo honesto.

- Eu estou, querida, juro que estou! — ele beijou suas mãos algumas vezes e logo também sua boca.

O quinto amorWhere stories live. Discover now