O quinto amor

Cap 1

- Onde estão os meninos? — Alex falava tentando controlar a nítida impaciência em sua voz.
— Maísa, minha querida, são quase quinze minutos de atraso, por favor.

Alex viu sua esposa gentilmente subir as escadas chamando por seus três filhos, mais uma vez.

- É sério, Nicole? Está no celular? Minha filha, desça por favor, seu pai está esperando. — Maísa saiu do quarto da jovem de 15 anos para logo entrar no quarto do filho mais novo.

- Eu já estava descendo, juro! — Alessandro se justificou já saindo do seu quarto, era o mais doce, nem parecia ter seus 13 anos.

- Davi? — Maísa o chamou. Se olhou mais uma vez no espelho e não parecia tão feliz com o que via, foi a voz do seu filho mais novo que a tirou da sua infinitude de pensamentos que logo se fariam mais presente.

- Vem, mãe, Davi já tinha descido, todos estão no carro.

- Oh, obrigada, meu bem. Vamos sim.

Ela o abraçou por sua cintura e logo estavam os cinco dentro do carro. Como quase sempre era, o silêncio reinou, até que fosse Nicole a quebra-lo.

- Por que precisamos ir a um casamento que nem conhecemos a pessoa?

- Porque é de uma empresária muito importante para nosso escritório, é a mãe dela e fomos convidados. — Alex respondeu de forma séria e Nicole abaixou a cabeça voltando a atenção para seu celular.

Ao chegarem, de imediato notaram como a festa era clássica. Alessandro quase tropeçou com sua distração. Imediatamente todos foram apresentados à jovem empresária.

- Não sabia que a Giulia era tão mais jovem. — Maísa comentou baixinho para que somente Alex a ouvisse, eles já estavam em uma mesa.

- Alex! Vem, aquele dono da CK está aqui. Maísa, vou roubar só por instante seu esposo, tudo bem? — Giulia falava de um jeito divertido.

- Claro, à vontade! — sua resposta não saiu como havia planejado, ela sorriu com pouca graça.

- A propósito, você é muito bonita. — Giulia falou antes de sair. É claro que saiu deixando uma Maísa completamente envergonhada, não lembrava a última vez que havia sido chamada por "você".

- Volto em um instante, querida. — Alex sorriu e levantou.

Maísa observava todo o ambiente, estava em um jardim mas no centro havia um salão com um grupo ao vivo. O casamento não teve uma cerimônia demorada, em esse meio tempo Alex já havia voltado ao lado da sua esposa e filhos.

- Mãe, podemos ir? — Davi com seus quase 18 anos falou baixinho, parecia odiar tudo aquilo mas suportava pela mãe.

- Um instante, querido, ficamos só até o início da festa e logo podemos ir embora.

Claro que se passou bem mais que isso. Mas algo acabou prendendo um pouco mais a atenção de Maísa. A luz caiu, somente algumas poucas velas no chão iluminavam o salão, de repente a música começou, era o que mais Maísa amava ouvir, ela sorriu pela primeira vez naquela noite.

- Olha, mamãe, um casal vai dançar tango! — Alessandro, sensível como era, falava baixinho, estava entusiasmado por sua mãe.

A música começou. O rapaz, ficou parado e a moça de vestido vermelho longo, cabelo preso e rosa vermelha na boca logo iniciou passos lentos, sozinha. Maísa nunca antes havia visto algo tão bonito em sua vida, tanta leveza e sensualidade em uma só pessoa lhe prendeu bem mais do que imaginara.

- Minha nossa, nem assim você larga esse celular! — Davi provocou a irmã.

- Me deixa! — ela respondeu mas agora prestava atenção na dança.

Os dois dançavam como se flutuassem, todavía a atenção de Maísa permanecia na jovem de cabelos escuros. Foram incontáveis as vezes que lamentou internamente não estar com seus óculos, quase não via seu rosto como queria.

- Ela é muito bonita, não é? — Alessandro ainda extasiado falou a sua mãe enquanto aplaudia com o máximo de suas forças.

- Oh querido, queria poder vê-la melhor mas não trouxe meus óculos. — o menino sorriu deitando rapidamente a cabeça no ombro da mãe.

Outra dança começava, o dançarino tirou a agora noiva, e a moça tirou o senhor agora casado para dançar, o que levou os convidados à muitos aplausos. Inclusive de Maísa, ela realmente estava encantada.

- Quem é ela? Você a conhece? — perguntou ainda sem olhar para seu esposo que bebia ao seu lado.

- Olha, eu pouco prestava atenção nessa dança, sabe que não gosto desse tipo de música.

O sorriso de Maísa rápido se esvaiu. Notando, por fim, o semblante de sua esposa, Alex levantou o rosto e viu a dançarina se despedir do público.

- Acho que são da escola dos pais da Giulia, eles têm uma escola de dança pelo que soube.

- Mesmo? — Ela não escondeu a surpresa, o olhou mas não quis perguntar mais.

Finalmente podiam ir, mesmo que Alex ainda não quisesse. Próximo ao portão principal, Giulia se despedia e seus pais também. Maísa notava seu rosto um pouco diferente que antes, talvez fosse o batom mais forte.

- Foi realmente um prazer conhecer vocês. — disse Giulia. — Principalmente você, Maísa. — ela sorriu tocando na mão da mais velha.

- Digo o mesmo, senhorita. Agradeço outra vez o convite em nome da minha família. — Ainda sem graça, Maísa foi gentil, não demorou nada para que logo estivessem no carro.

Por ser madrugada, tanto Alessandro quanto Nicole, dormiam no caminho, Davi estava atento ao celular.

- Amanhã farei uma viagem mas essa será curta, chego em tempo ao aniversário da Nicole. — Maísa olhou séria.

- Outra vez? — como poucas vezes, seu tom soou diferente para Alex.

- Já disse, chego em tempo.

Nada foi dito até em casa. Com toda a ternura característica de Maísa, ela acordou os filhos os conduzindo até seus quartos, um a um ela fechou a porta. Quando voltou ao quarto, Alex já estava deitado com pijama, olhando com atenção seu tablet.

- Você demorou.

- Fico preocupada com a Nicole, ela quase nunca se alimenta, já percebeu isso? — ela lindamente tirava seus brincos para deitar-se.

- Maísa, é normal que isso aconteça, ela é jovem, meninas na idade dela são assim.

- Não é normal, Alex.

Maísa respirou fundo deitando seu corpo e sentindo Alex abraça-la, afastando seu cabelo beijando seu pescoço. Ele não a via, tampouco notava o quão tensa estava sua esposa por não querer aquela carícia. Suas mãos subiam sua camisola de forma acelerada, quase ríspida.

- Espera, Alex... — disse baixinho afastando um pouco a mão dele de suas pernas.

- Você fica linda nessa camisola.

- Estou cansada. — foi sua resposta. Ela já podia sentir sua ereção.

- Ficaremos longe três noites... não tem saudades?

- Alex, você está bêbado. Há meses que só consegue me tocar quando bebe, sabia disso?

Alex resmungou em frustração, afastou-se de forma abrupta e virou seu corpo para o outro lado enquanto uma lágrima única, teimosa, caía dos olhos de Maísa.