capítulo sete- André

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Lá estava ela, parada me olhando com cara de brava. Tomei um susto quando a vi. Estava com cara de poucos amigos, ainda assim estava linda. Quando entrei não dei muita atenção a ela, fiquei surpreso com a reação do meu filho. Agora que ela estava ali na minha frente, pude admirá-la. Ela estava com uma calça jeans apertada, tênis,e uma blusa grudada ao corpo. Aos meus olhos não poderia estar mais sensual. Ao olhar bem para seu rosto vi que estava brava. Desliguei o celular sem me despedir de Roberto com quem estava falando. Ela saiu da porta, veio até mim e me encarou olho no olho. Estávamos a poucos centímetros de distância separados apenas pela mesa do meu escritório. Nunca desejei que aquela mesa nunca existisse como eu desejei naquela hora. Os meus pensamentos sacanas logo foram quebrados quando ela abriu a boca.

-Que espécie de pai você é? - perguntou sem rodeios me fazendo ficar surpreso.
-Como? - pergunto ainda não acredita no que tinha acabado de ouvir.
-Que espécie de pai você é o Dr. André Andrade!? - fico em silêncio, pelo seu olhar presumi que não era uma pergunta que eu tivesse  que responder. - que tipo de pai nega um abraço ao filho? Nega uma palavra, um carinho… não é à toa que Miguel tem problemas de se relacionar, também com um pai assim, até eu.
-Você está passando dos limites professora. - digo tentando lhe calar.
-Quem passou de todos os limites foi o Sr., Como pode?
-A senhora não sabe nada da minha vida pra vir querer me dizer como devo tratar meu filho professora. - me defendo.
-Realmente, nem eu e nem essa cidade sabemos nada da sua vida dr. Andrade, mais sabe de uma coisa?, Não sou mãe, não sei como é criar uma criança, só sei que não se trata uma criança da forma que o Sr. Tratou seu filho. Trabalho com crianças há 8 anos. Sei do que estou falando. Ele é seu filho, seu sangue… eu sei que vocês tiveram perdas, que talvez por isso o Sr. Seja assim tão bruto. Mas eu também tive minhas perdas e nem por isso maltratei ninguém. Ficamos um período de luto, todos nós temos o direito de ficar, agora, temos que sair desse luto alguma vez.

Ao terminar suas palavras ela me encarou pela última vez e saiu. Me deixando ali sem palavras. Era a primeira vez que alguém vinha me dizer o que queria e não revidei. Não sabia o porquê. Será que não revidei porque sabia que ela tinha razão?

A resposta eu não sei. Só sei que não revidei. Passei o restante da noite preso em suas palavras. Preso no seu olhar da raiva sobre mim. De uma certa forma, não estava sendo o melhor pai para o meu filho. Desde que sua mãe faleceu eu não consegui ser o mesmo. Me afastei de tudo, voltei pra plenitude para fugir. Fugi das lembranças de Eduarda, fugi do meu filho deixando com os avós, fugi de mim mesma. Mais, a vida me colocou junto com Miguel de novo, e agora colocou no meu caminho uma professora linda, sexy e desaforada. E isso me intrigava. Era conhecido por todos na cidade o prestígio e fortuna da minha família, como ela não baixou a cabeça pra mim? Afinal, quem era aquela mulher?

Alice

No outro dia era sábado. Acordei cedo, ou melhor, consegui dormir direito a noite passada. Fiz um café forte e tomei. Passei o resto do dia pensando no que eu fiz a noite passada. Sabia que tinha feito o certo. Mas também sabia que teria consequências, afinal, ele também era meu chefe. Passei o dia presa nesses pensamentos. Até que no começo da noite minha campainha tocou, e como sempre era Rebeca.

Ela entrou com um vestido preto brilhante,curto, salto e cabelos presos num coque. Pronta pra alguma festa.

-Prima. Vou te levar pra inauguração da boate bliss. - falou entrando.
-Não tô afim de sair Rebeca. - falei fechando a porta.
-Você nunca tá . Faz mais de dois meses que você voltou e não faz mais nada a não ser trabalhar e ficar trancada aqui. Tá na hora de sair. De se divertir.

Por mais que eu quisesse ficar em casa e eu queria, mais passei o dia na fossa, pensando na merda que eu fiz. Comecei a dar razão pra Rebeca, em São Paulo eu sempre saía para pras baladas me divertia. Tava na hora de sair dessa fossa. Concordei com a cabeça e ela ficou animada.

A Professora Do Meu FilhoWhere stories live. Discover now