capítulo seis- Alice

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Combinei com a babá do Miguel, dona Rosa, que iria uma vez na semana dar as aulas de reforço, todas as sextas-feiras. Assim passaríamos algumas matérias e dúvidas que ele tivesse tido durante a semana das aulas da escola.

Sexta-feira chegou e no final da tarde como combinado, estava eu,parada em frente aos portões do casarão esperando ser autorizada a entrar. O casarão ficava um pouco mais afastado da cidade, cerca de 10 minutos de carro, passei pelo centro da cidade e segui numa pista nova em direção ao casarão, durante o percurso  vi algumas obras em andamento, realmente plenitude, estava se desenvolvendo bem.  Depois de alguns minutos de espera, os portões se abrem e eu entro no meu carro. Era como Rebeca havia falado, depois que passei pelos portões que tinha um grande  "A" esculpindo nele, fui dirigindo por  um caminho calçado até que vi o jardim, a fonte e o casarão. Era realmente muito lindo, parecia cenário de novela. E como Rebeca falou, um grande jardim ficava em frente a casa com uma fonte de água que não parava de jorrar. Parei meu carro ao lado, subi três degraus e antes que eu tocasse na campainha a porta se abriu.

Era uma empregada, que parecia já estar me aguardando. Ela me conduziu até uma sala de visitas logo a frente da porta e fiquei esperando e torcendo pra que Miguel fosse mais pontual do que o pai. Alguns minutos depois para o meu alívio ele chegou acompanhado da babá.

Olá Miguel, como vai? - o cumprimentei me abaixando pra ficar na mesma altura que ele.
Vou bem. - falou um pouco tímido.
Ótimo. - respondi.

A babá nos levou até um cômodo da casa onde ficava a biblioteca. Ela abriu a porta e fez sinal para que entrássemos, quando entramos ela saiu. Fiquei admirando o lugar. Era muito bonito com várias estantes por duas paredes  cheias de livros que iam de baixo a cima. Logo no meio da sala havia um sofá de couro e duas poltronas, com uma mesa de centro grande. Era um lugar perfeito para estudo.

Começamos a nossa aula e vi Miguel um pouco tímido e apreensivo. Após alguns minutos, Rosa entrou com uma bandeja e dois copos de suco, deixou e saiu, era uma mulher de poucas palavras mas parecia ser muito boa e atenciosa ao menino. Peguei um copo para Miguel e depois peguei o outro copo e começamos a beber o suco de laranja.  Após alguns instantes de silêncio, eu puxei o assunto.

Me diga Miguel, o que mais gosta de fazer? - ele pensou um pouco e respondeu.
Brincar com o meu cachorro Bob. - disse com um brilho nos olhos.
Hum, então você tem um cachorro?
Sim. Mais não está aqui comigo! - falou meio triste.
E onde o Bob está?
Na casa do meu avô Carlos Miguel. - por certo ele estava se referindo ao pai de sua mãe que agora estava passando por um tratamento contra o câncer.
Entendi…você não pode trazer o Bob pra morar com você aqui?
Eu ia pedir pro meu pai mas ainda não consegui falar com ele. Ele é muito ocupado.
Entendi. - para uma criança de quase 7 anos ele era muito esperto.
Agora que terminamos o suco, vamos voltar aos estudos. - falei tentando mudar de assunto.

1 mês se passou. Miguel progredir a cada dia na escola e nas aulas de reforço. Estava muito animada com o seu progresso. Ele era um menino tímido mas muito encantador e inteligente. Era muito bom dar aulas a ele. Estar na companhia das crianças e especialmente do Miguel, só fazia aumentar a sensação de que agora eu estava só, por mais que tivesse minha tia e minha prima por perto mais não era a mesma coisa de ter uma família, elas tinham a vida delas, tentavam me incluir em tudo mais ainda assim, minha necessidade de ter a minha própria família só aumenta com o passar do tempo.

Desde que fui até o escritório do pai de Miguel, não o vi mais. Sempre que ia até o casarão dar as aulas, nunca o vi. O menino às vezes perguntava pelo pai para a babá se ele já havia chegado, mas as desculpas eram as mesmas, ou ele chegou e foi direto para o escritório ou chegou cansado e foi se deitar. Até que, numa sexta feira quando terminamos nossa aula no começo da noite, enquanto Rosa e Miguel me acompanhavam até a porta como sempre faziam, chegando próximo a escada que dava acesso ao andar de cima, o pai de Miguel chegou. Com uma pasta na mão e falando ao telefone quase não dando importância a nossa presença ali.

Sim, Roberto. Já está tudo certo para a inauguração amanhã… está tudo sob controle, não se preocupe. - dizia ele.

Os olhos de Miguel ao ver o pai em casa se iluminaram. Então, sem conseguir se conter,largou a mão da babá e correu em direção ao pai, o abraçou nas pernas e disse.

Papai.

O homem parou, ficou sem reação. Desligou o telefone e afastou o menino. Saiu. Em direção a biblioteca, por certo indo para seu escritório.  Nos deixando ali atordoados  sem palavras. Na verdade eu fiquei mais  atordoada, Rosa parecia estar acostumada com a situação, foi aí que me toquei que não foi a primeira vez que aconteceu. Miguel, envergonhado, subiu as escadas chorando. A babá me olhou e eu apenas fiz que sim com a cabeça para que ela fosse consolar o menino.

Por mais que a minha razão me mandasse andar até a porta e ir embora dali, minha emoção era totalmente ao contrário. Movida pela raiva e revolta, entrei pelo corredor que dava acesso a biblioteca tentando achar o homem. Ele já tinha sido grosso comigo, mas eu nunca iria admitir que ele fosse grosso com uma criança. Principalmente seu filho.

Andei um pouco e na última sala do corredor o ouvi ao telefone.  Respirei fundo e vi que a porta estava aberta, apenas entrei. Ele estava de costas olhando pela janela atrás da sua mesa. Apenas fiquei parada esperando ele perceber minha presença e desligar o celular. Enquanto esperava, o vendo de costas percebi que tinha uma nuca muito sensual, o cabelo com um topete dava um charme. Era realmente um homem muito atraente. Não se passou muito tempo até que ele se virou e ao me ver ali parada encostada na porta ficou sem reação.

A Professora Do Meu FilhoWhere stories live. Discover now