Capítulo 15

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- Algum tempo depois, ele disse que queria me mostrar uma coisa, e dali em diante a minha vida acabou totalmente. - Eu ja não conseguia conter as lagrimas, lembrar de tudo aquilo era tão doloroso, era como se eu estivesse revivendo toda aquela noite. 

- Você não gritou, sei la?

- As vezes eu penso que se eu tivesse gritado, teria sido diferente, mas não teria, ninguem me ouvia. Ele começou a tirar a minha roupa, e me tocava cada vez mais, ele tentava me beijar, eu sentia tanto nojo de mim mesma.

- Mas não foi sua culpa, nada do que aconteceu foi culpa sua, você era só uma criança. 

- A noite seguinte foi a mesma coisa. Eu achei que tinha me livrado daquilo, mas eu tava extremamente errada, quando voltei para o colegio na segunda, a diretora me ofereceu um quarto sozinha, bom, eu estaria sozinha até que alguma aluna nova que pudesse ser minha colega de quarto chegasse, mas essa aluna nunca se transferiu, ela nunca veio, e toda noite o professor ia até o meu quarto e me tocava, ele me olhava nas aulas com um olhar que eu nem sei explicar, eu não conseguia me olhar no espelho. 

- Porque você não contou nada pra ninguem?

- Ele dizia que se eu contasse sobre a nossa brincadeira para alguem, ele me tiraria do colegio e me colocaria na rua, dizia que eu iria morrer de fome e ele iria gostar disso.

- Ele não podia fazer isso, né?

- Eu não sabia que ele não podia. - Suspirei e expirei por algum tempo, implorando para que as lagrimas parassem, Gaston me abraçou e eu deitei a cabeça em seu ombro, estava pronta para continuar. - Quando eu fiz 16 anos, ouvia as garotas falando sobre como perderam a virgindade com caras maravilhosos, que fizeram tudo ser mega especial, e eu fiquei com raiva, eu explodi e contei tudo o que acontecia pra diretora, ela não acreditou, então fui até uma professora que eu adoravam e contei tudo, ela disse que me apoiaria em qualquer coisa, e que me ajudaria a provar se isso realmente estava acontecendo. Ela me deu uma mini camera pra colocar no meu quarto, e naquela noite, como todas as outras por anos, ele foi ao meu quarto, e fez de novo, mas daquela vez eu tinha filmado tudo. A professora apresentou o video pro conselho do colegio, que denunciaram o professor na mesma hora e entraram em contato com meus tios, que me trouxeram pra Buenos Aires.

- Porque eles nunca te tiraram de la?

- Porque os meus pais foram bem espertos quando me abandonaram, até que eu completasse 18 anos, ninguem poderia me tirar de la a não ser eles, ou se algo grave acontecesse, como de fato aconteceu.

- Nina, me perdoa por ter te feito sentir medo, me perdoa principalmente por ter sentido raiva de você, quer dizer, você sem sombra de duvidas teve os seus motivos pra me expulsar daqui e eu agi feito um babaca.

- Eu não queria te expulsar, por isso fui no seu quarto, queria pedir desculpas, eu só fiquei aparentemente apavorada. 

- Você não tem do que pedir desculpas.

- Eu não sei deixar as pessoas se aproximarem, principalmente se forem homens, o medo aparece quando eu menos espero.

- Se depender de mim, você vai perder esse medo, e eu vou ajudar.

- Obrigada por estar aqui Gaston. - O abracei com força, pela primeira vez eu sentia que podia confiar em mais alguem, eu podia ver que nem todos os homens eram como aquele que arruinou a minha vida, homens como meu tio, Matteo e Gaston, eram bons, e jamais me fariam mal. Ouvi batidas na porta e me afastei de Gaston, virei o rosto para tentar disfarçar as lagrimas pensando que era apenas mais um médico vindo ver como eu estava, mas não era. 

- Será que eu posso entrar? - Aquela voz, era impossivel não reconhecer mesmo depois de tantos anos, senti meu corpo todo tremer e meu coração disparar, eu não estava preparada para aquele momento.

- Mãe?

Love is the nameWhere stories live. Discover now