44. Senhora Outonal- Hard Vertigo

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Não quando foi atingida.
A chama de fogo se espalhou pela vestimenta.
Tão quente.
Tão raivosa.

Girar no vazio, vazio
Girar no vazio, vazio
Girar no vazio, ele me faz girar
No vazio, vazio, vazio
Girar, girar no vazio
Girar no vazio, ele me faz girar

Mas não durou muito.
Não, ela acabou com o fogo. Nada mais a podia queimar.
Nada mais do que a intensa culpa.
Era poderosa, mas se submeteu a isso durante anos.

As chamas se tornaram dela.
Não queimando o corpo. Apenas as roupas viraram cinzas.
Não tinha vergonha do próprio corpo.
Era bela. Ainda que com as enormes cicatrizes e roxos.

"Chega."
Sussurrou.
Olhos se enchendo de fúria.
Os dedos pegando fogo. Sendo erguidos e apontados para o Grão-Senhor.
"Eu disse não."
Uma lança tão perfeita. Feita da chama da alma que se voltou a acender.
Era a única coisa que pode o queimar.

Eris se aproveitou.
Não sendo estúpido e também atacando. Para matar e acabar com sofrimento de séculos por quais passaram.

A mulher acordou daquele profundo mar de dores.
Aceitando uma túnica de uma das empregadas. A agradecendo com um sorriso, genuíno agora.

Quem pode me dizer, o que aconteceu?
Desde que ele partiu, eu pude me levantar
Isso não é nada além de uma lembrança, uma lágrima do passado
Presa dentro dos meus olhos, que não quer mais partir
Oh não, não sorria
Você que não conhece

As pernas falharam por um segundo. Arregalou os olhos percebendo o que havia feito.
Se permitiu cair de joelhos. Pegar as cartas também.
Ela tremeu, se engasgando em um choro. Lendo as cartas novamente.
Tantos anos.
Tantos anos os quais ainda imaginava uma vida ao lado de Helion.

O corpo dela estremeceu, não pelo choro, mas pela dor e a enorme força que adentrou. Um poder muito além do que tinha antes.
Olhou para Eris, com um pouco de medo e entendeu o que havia acontecido.

Não havia mais Grão-Senhor.
E não foi um de seus filhos que assumiu o poder.
Havia sido ela mesma.
Havia assassinado o marido.
E tomado o trono.

Seu por direito igual a ele.
Seu e dos filhos.
Seu e de Eris e Lucien.

"Chame... Chame..." Parou por um tempo, olhando em volta. "Chame Lucien."
Pediu, se levantando, arrumando as cartas e indo para o quarto.
"Chame Helion..."
Pediu a uma das empregadas pessoais, tão sorridente.

As vertigens e a dor
Eles são superficiais, não sabem nada do coração
Ele era o meu mundo, e muito mais que isso
Espero te rever do outro lado da vida
Me ajude, tudo está ruindo já que ele não está mais aqui
Você sabe, meu lindo amor, meu lindo soldado
Que me faz

Não era mais Senhora da Corte Outonal.
Era uma Grã-Senhora.
Por esforço pessoal. Por ajuda daqueles qual amava.
E por causa, dos mundos quais continuou vivendo por.
Graças a Helion.
Graças a Eris.
Graças a Lucien.

Esperança era algo meio raro a se passar pela cabeça da mulher.
Era algo impossível.
Mas havia conseguido.
Encontrar os outros dois homens de sua vida foi como um desabar.
Um desabar bom.
Que tirou os pesos dos ombros dela.

Abraçar Lucien.
Isso foi como o segurar no colo novamente.
O filho estava tão grande.
Tão belo e parecido com o pai. Igualmente fisicamente e os podia confundir se virassem de costas.

Ela conseguiu falar com Helion. Conseguiu o beijar.
Conseguiu o abraçar e chorar com o mesmo.
Tocar e segurar como se fosse escapar.
E voltar a aqueles braços fora a melhor escolha.

Apenas teria escolhas boas agora.
As vertigens doloridas haviam ido embora. E agora os benefícios dos sacrifícios se fariam presentes.

Uma primeira noite livre.
Uma primeira noite de amor.
Um primeiro jantar com risadas e todos os filhos na mesa. Junto do amante que se continuou por séculos.

Girar no vazio, vazio
Girar no vazio, vazio
Girar no vazio, ele me faz girar
No vazio, vazio, vazio
Girar, girar no vazio
Girar no vazio, ele me faz girar

Aquela fora, a primeira de muitas. A primeira onde Helion havia beijado novamente o corpo dela. Adorando as cicatrizes de forma gentil.
Foi também o primeiro dia onde acordaria e voltaria ao quarto de Lucien, para o fazer despertar.
Onde iria para Eris e o sacudiria até realmente acordar.

Ela iria preparar o café.
E se sentar a mesa.
Iria organizar a corte. Trabalhar na satisfação de seu povo.

Iria os fazer felizes.
Os festivais. Os bailes.
Tudo o que faltava e que pudesse demonstra a pura felicidade que sentia.

◕݂ࣨ  𝐃𝐄𝐒𝐈𝐑𝐄 𝐎𝐅 𝐓𝐇𝐄 𝐒𝐓𝐀𝐑𝐒.Where stories live. Discover now