XVIII. Um quarto de hospital no final da tarde

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"Escrevo este diário para que quando meu corpo vier a perecer, minhas histórias perdurem eternamente, mesmo sendo elas triviais, tais como são " - Diário de Charlie Tanner (1950)

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"Escrevo este diário para que quando meu corpo vier a perecer, minhas histórias perdurem eternamente, mesmo sendo elas triviais, tais como são " - Diário de Charlie Tanner (1950)

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1953

- Lesterr!- Johnny exclama ao abrir a porta do quarto de Les.

Me animo ao ver seu rosto, agora com cor. Ele parecia feliz, como antes. Mas bem como havia percebido na noite anterior, eu nunca soube dizer ao certo quando Les estava realmente feliz.

Quando entro no quarto Les olha para mim e sorri.

- Obrigado por ter vindo- ele agradece baixinho quando chego perto.

- Não precisa agradecer- eu digo olhando em seus olhos cheios de vergonha, que evitavam olhar fixamente para os meus- eu sou seu melhor amigo, não te deixaria sozinho.... nunca- Les levanta seu olhar e abre um sorriso, o que me faz sorrir.

- Eu sei.

A tarde passou voando. Johnny fez menos piadas inapropriadas, acredito que por vergonha de Maggie. Todas as vezes que contava algo engraçado ele olhava para verificar se ela estava rindo. Na realidade, ele não parava de olhar para ela e um tom claro de vermelho preenchia as bochechas de Maggie toda vez que seu olhar se encontrava com de Johnny.

- Eu tinha me esquecido de como seus biscoitos eram gostosos Maggie, estavam perfeitos, muito obrigada- Johnny, que raramente agradece por alguma coisa, diz lambendo os dedos melados pelos biscoitos.

- Imagina- ela solta uma risada tímida- fico muito feliz que tenha gostado, de verdade. Eu posso te ensinar a fazer, é bem simples na realidade, e são bastante saudáveis, bom... mais ou menos- Maggie ri outra vez- mas é bom saber que você gosta deles.... é bom saber que todos vocês gostem deles! É uma pena que você não pode comê-los Les, mas quando você melhorar vou assar 100 biscoitos só pra você!

- Isso se o Johnny não comer todos antes- Johnny havia comido quase todos os biscoitos que Maggie trouxe para Cisco- eu só consegui comer a metade de um- reclama Charlie aborrecido.

- Eu faço mais para todos depois, sem problemas- Maggie diz com um grande sorriso e orgulhosa.

Conversamos muito e rimos muito, tudo parecia estar bem novamente. Les estava contente e seu sorriso não deixou seu rosto nem por um momento, o que aquecia meu coração tão angustiado pelos últimos dias. Charlie estava bastante quieto, como de costume, e parecia bem pensativo. Ele anotava toda hora algo em seu caderno, o qual ele sempre levou para todos os lugares. Só fui ter conhecimento do conteúdo desse caderno anos depois, e preferia não ter tido esse caderno em minhas mãos, mas isso já é uma outra história.

Tivemos que ir embora cedo, o horário de visita não era longo e Les precisava descansar. Deixei o quarto com uma sensação ruim, era estranho imaginar que nas semanas anteriores eu nunca imaginaria Les em uma cama de hospital, principalmente por uma razão tão absurda. Nós realmente nunca sabemos o que vai acontecer, ou quando vai ser a última vez que vimos uma pessoa.

- Eu te amo cara- digo para Les antes de deixar seu quarto.

Acho que foi a primeira vez que disse essas palavras para ele, e mesmo que eu desejasse que minhas atitudes já demonstrassem esse sentimento, Les precisava ouvir eu dizendo.

- Deixa de drama Christopher!- Les dá risada- Boa noite- ele se despede com bom humor e eu viro as costas e o deixo, ainda com aquela sensação estranha, que depois desse acontecimento, nunca deixou de aparecer todas as vezes que eu me despedia de alguém.

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