Déjà vu

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Cruzam imagens em espirais,

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Cruzam imagens em espirais,

turbilhão sem foco,

estalos contínuos, déjà vu,

notas de metal frio de um passarinho,

são o eco do eco do não vivido,

presentes num futuro de um passado infinito.

Acúmulo de cravos

sobre a memória de meus mortos

a culpa de um adeus sepultado

entre lábios fechados.

Carrego o anão na corcova

sempre em ascendente declínio,

e as vozes que gritam dos ossos aos sentidos.

É o retorno sem retorno,

o palpitar sem alívio, do feito,

do não feito, do arrependido.

Seriam as palavras correntes de areia

que nos atam à natureza da alma?

Pensamentos ouvidos,

linguagem muda que o espírito clama

uma vida já sem vida.

Desejo por um momento o esquecimento

que o tempo apague antigos sorrisos,

fantasmas que passam e não passam.

Enquanto isso, seguirei meu caminho,

empurrado pelos segundos, na marra

crendo em cada risada o deboche do mundo.

Como pode ser feliz uma pessoa

havendo sob sua existência

a eterna cama de tantos moribundos? 

(ilustração: Diana Tavares)

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