Capítulo 29

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Quando a aula acabou eu senti que finalmente podia dizer "Estou livre do Léo", mesmo que por um instante, por umas horinhas já que no final de tudo estaríamos se vendo todos os dias até o final do ano.
Vi ele sentado esperando, provavelmente, a mãe dele.
- Você já vai? - Fernanda pergunta pra mim.
- Você não?
- Vou ficar pra fazer aquele trabalho - Ela revira os olhos - Você acabou no grupo da Ingrid, ne?
- Sim. Ela tá um saco comigo depois que viu que o Gu e eu nos aproximamos de novo - Falo séria enquanto o Gu faz tchau de longe pra mim.
- Acho que ela gosta dele mas queria falar uma coisa rapidinho com você - Ela se aproxima de mim e do meu rosto, quase como se não quisesse que ninguém ouvisse - Eu espero que você não esqueça que o Gustavo escondeu de você e do Léo esses anos todos que vocês se gostavam, por favor amiga - Ela parecia sincera, estava chateada porque eu tinha esquecido.
- Não esqueci, mas no fundo ele tinha razão - Olho pro Léo, que está levantando indo pra porta da escola - Nós não daríamos certo.
Meu celular vibra e eu vejo que a minha mãe está me ligando.
- Tô aqui na porta, vem logo.
- Tô indo.
Me despeço da Fernanda sem parar de pensar um segundo no que ela disse sobre o Gu e sobre o que eu disse também. Eu queria muito que nós dois tivéssemos uma chance nova, mas era quase impossível.
Entro no carro, no banco da frente e a minha mãe quase caí no meu colo.
- Léo! Quer vir almoçar com a gente?
- Que droga cê tá fazendo? - Pergunto pra minha mãe.
- Desculpa mas acho melhor não, tia - Léo diz pra minha mãe mas parece olhar pra mim - Obrigada pelo convite.
- Pode vir, falei com a sua mãe ela achou uma ótima ideia - Minha mãe mostra o celular - Vem logo, tô na ciclovia cara!
Léo vem andando até o carro e entra no banco de trás. Que merda é aquela? Ele não pode vir pra minha casa assim.
- E aí, como foi a aula? - Minha mãe pergunta.
- Ótima - Resmungo.
- Ih, que foi? - Minha mãe pergunta.
- Nada. Só um pouquinho irritada - Olho pelo espelho e vejo o Léo me encarando, com um sorriso bobo no rosto. Esse jeito dele me irrita.
- Vocês não tão muito bem, que foi que aconteceu?
- Nada - Eu e o Léo falamos juntos e virei o espelho pro outro lado, onde minha mãe provavelmente bateria o carro mas ele não olharia pra mim nem vice versa.

×××

- Só esperem um pouco que eu vou fazer o macarrão, terminei o molho agora pouco - Ela dá um sorriso - Vai lá pro seu quarto que eu acabei de passar cera no chão da sala.
- Ah, ótimo - Resmungo arrastando minha mochila e eu pro quarto.
Deixo a porta aberta mas minha vontade era trancar e não sair mais. Será que se eu alegar que a fechadura emperrou vai resolver algo?
Sento na cama e tiro o tênis, enquanto vejo o Léo parar na porta e me encarar.
- Não pode agir assim - Léo diz - Eu fui sincero com você.
- Sinceridade? Engraçado, né? Demorou 2 semanas pra você ter sinceridade e você ainda acha que está certo - Dou uma risada irônica.
- Não acho que tô certo, tô tentando te acalmar.
- Que droga, Leonardo. Eu fico calma quando você tá longe de mim, não entende isso?
- Eu não devia ter vindo mas o que eu podia fazer se você não contou pra sua mãe que nós terminamos?
- Você mesmo disse que a gente não tinha nada. Como íamos terminar?
- Você entendeu - Ele parecia pensativo, acho que tentando lembrar as merdas que me disse - Posso pelo menos entrar no seu quarto ou vou ter que ficar em pé?
Dou de ombros.
Ele tira o tênis pra entrar no meu quarto e joga a mochila num cantinho, ficando de pé em cima do meu tapete.
- Que foi? Vai ficar me encarando com essa cara?
- Manu, por favor - Ele tenta encostar em mim mas não permito - Me escuta.
- Fala - Tenho a sensação que quase gritei - O que você quer que eu entenda?
- Sabe quando o professor disse sobre paixão e amor, hoje?
Faço um sim com a cabeça, sem o menor interesse no assunto.
- Eu percebi uma coisa relacionada a nós - Ele senta na minha cama - O que nós temos não é paixão, a gente não quer matar a vontade. A gente quer que dure - Ele continua - Pelo menos no meu caso é isso. Eu pensei que era paixão no começo mas agora eu vejo que nunca quis acabar com o que a gente tinha.
- Mas a gente não tinha nada, não é mesmo? - Reviro os olhos.
Ele se aproxima de mim e segura na minha mão.
- Manu, eu te amo. Como eu pude ser idiota o suficiente pra falar que a gente não tinha nada? Eu fui um covarde. Por mim, eu fugia com você e a gente casava agora. Eu amo você, muito mesmo.
- Léo...
Falo quase suspirando mas não tenho tempo de lhe dar uma resposta pois quando dou por mim, Léo está em cima de mim me beijando. Na minha cama.

Destino - LeozinOnde histórias criam vida. Descubra agora