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Estava no meio de uma reunião com sete representantes de laboratórios farmacêuticos, quando meu celular vibrou ao meu lado, em cima da mesa de madeira. Por um tempo, enquanto um dos representantes apresentava um novo remédio, eu ignorei o aparelho. Apenas quando ele terminou e antes do outro começar, foi que destravei o celular, vendo que tinha recebido uma mensagem de Melanie.

"Vou ter que ficar na escola depois da aula. Provavelmente amanhã também, então não vamos poder nos encontrar. Desculpe por isso."

Franzi o cenho com a mensagem, tentando descobrir o motivo daquilo, já que ela não tinha se dado ao trabalho de explicar. Pelas minhas contas, Sabina deveria estar no horário do intervalo quando enviou a mensagem, cerca de dez minutos atrás. Olhei rapidamente o relógio de pulso, vendo que ela provavelmente ainda estava fora da sala de aula e rapidamente respondi.

"Aconteceu alguma coisa?"

Pouco depois, enquanto o homem continuava gesticulando à minha frente, exibindo uma apresentação nos slides, interrompi as anotações que fazia quando Melanie enviou a resposta.

"Aceitei a oferta da monitoria. Começo hoje. Vai ser um teste, e se o professor aprovar, amanhã vou ficar de novo para ajudar a turma do primeiro ano."

"A monitoria acontecerá todos os dias?" perguntei novamente, dessa vez tendo que me forçar a prestar atenção na apresentação à minha frente, porque a ideia de não poder mais ver Jasmine durante a semana me deixou um tanto desnorteado. Eu praticamente já estava contando os segundos para vê-la novamente.

"Apenas de terça a quinta."

Senti uma vontade absurda de bater minha cabeça contra o tampo da mesa. Só poderia vê-la agora às segundas e sextas, isso se não aparecesse nenhum compromisso para mim que me impossibilitasse sair do hospital naquele horário.

"Tudo bem. Te ligo à noite."

Deletei aquelas mensagens do aparelho e voltei a me concentrar nos representantes, achando melhor pensar naquele problema depois.

A noite, como prometido, depois de jantar falei a Hailey que ia ao escritório enviar alguns e-mails, mas antes mesmo de chegar lá, vi que teria outro problema para lidar.

— Ah, Vinnie, meu bem - Hailey chamou quando comecei a me afastar. - Dei uma olhada nas fotos que você enviou.

— Fotos? - perguntei franzindo o cenho, envolvendo sua cintura quando ela se aproximou com sua taça de vinho na mão.

— As fotos da casa de campo - ela esclareceu com um sorriso. - Gostei muito daquela de pedras que tem uns arbustos ao redor. Parece ser muito aconchegante.

— Eu já escolhi a casa. Fiquei com a do lago.

No segundo seguinte em que falei aquilo, vi que coisa boa não viria dela. Seu sorriso imediatamente desapareceu e ela se afastou de mim como se tivesse levado um choque, um vinco aparecendo entre seus olhos.

— Você escolheu a casa sem me consultar?!

— Eu te enviei aquelas fotos na segunda e hoje é quarta-feira, Hailey. Avisei a você que tinha que dar logo uma resposta para a corretora.

— Independente da sua pressa, Vinnie, você não poderia ter feito isso - ela retrucou, sua voz aumentando um pouco de volume. - É uma decisão importante que deveria envolver toda a família, inclusive seus filhos.

— Por que você está fazendo tanta questão? Não é como se você gostasse do campo, afinal. - Tentei ao máximo manter minha voz calma. Mas quando ela começou a gritar de verdade, dizendo que eu estava sendo egoísta por privar a família dessa escolha, dizendo que às vezes nem a tratava como se fosse sua esposa, mantendo-a fora de boa parte da minha vida, a minha paciência foi para o espaço, embora ainda tenha conseguido manter a voz baixa. - Nós não temos conta conjunta, até onde lembro, Hailey. Nunca cheguei para lhe pedir satisfação do que você faz com o seu dinheiro, então não é da sua conta como gasto ou deixo de gastar um dinheiro que é só meu.

7 𝐌𝐢𝐧𝐮𝐭𝐨𝐬 𝐍𝐨 𝐏𝐚𝐫𝐚𝐢𝐬𝐨 - 𝐕𝐢𝐧𝐧𝐢𝐞.𝐇Onde as histórias ganham vida. Descobre agora