22.

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Ainda assim, Fernando se manteve em silêncio até chegarmos ao subsolo onde meu carro estava estacionado e continuou da mesma forma no caminho até o apartamento de Melanie.

Ele não gostou nada quando o atendente do estacionamento me cumprimentou com camaradagem, percebendo que aquela não era a primeira ou segunda vez que deixava meu carro ali, mas não falou nada até eu apertei o botão do 304 na caixa de interfones.

— Sabina, sou eu — ele falou apenas, lançando um olhar atravessado na minha direção.

— Pai?

— Sim, abra, por favor.

— O que o senhor... Ah, vou abrir.

— Aonde você pensa que vai? — ele perguntou depois de entrar, vendo que eu o seguia.

— Se a minha vida será discutida lá dentro, tenho todo direito de participar.

— Não vou discutir a sua vida. Vou discutir a vida da minha filha — ele retrucou, tentando bloquear o meu caminho, mas eu apenas desviei e comecei a subir as escadas.

— Exatamente.

Bufando, Fernando me seguiu até o terceiro andar, pisando com força por todo o caminho. Quando bati à porta do apartamento, ele praticamente me empurrou para o lado, me tirando do caminho.

A porta à nossa frente se abriu e antes mesmo que Melanie falasse algo, ela viu que seu pai não estava sozinho.

— O que...? — foi então que seu olhar caiu sobre meu rosto que eu sabia estar começando a ficar roxo onde Fernando tinha batido. — Ai meu Deus! Pai, o que o senhor fez?! — ela perguntou chocada, encarando o pai com o olhar arregalado enquanto me puxava para dentro.

Melanie estava com a mesma roupa que eu tinha lhe deixado quando saí há pouco mais de uma hora e eu tentei esquecer o fato de que sabia que ela não tinha vestido sutiã por baixo daquela camiseta. Aquele não era o momento de pensar nisso.

— Eu estou bem, Melanie — murmurei para ela, mas me deixei ser arrastado até a cozinha.

— Não está nada bem — ela reclamou olhando para o pai por sobre o ombro enquanto pegava um saco de ervilhas congeladas no refrigerador. — Você não podia ter feito isso, pai!

— Mel–

— Não me chama de Mel! — ela gritou com ele o interrompendo. — Não vem tentar bancar o bonzinho depois de ter batido no meu namorado.

— Namorado? Ele é um velho, Melanie!

— Ele é mais novo que você, Fernando— Melanie retrucou de imediato, fazendo seu pai recuar ao ouvi-la chamando-o de Fernando.

— Você não está mesmo me comparando a esse–

— Se você o ofender–

— Melanie, não — a interrompi num tom baixo, pegando sua mão na minha. — — Eu não vou conversar com ele. Quero que ele... — Melanie se voltou direto para o seu pai, falando quase aos gritos agora. — Quero que você saia daqui. Agora!

— Você não pode estar falando sério, Melanie.

— Ah, eu estou sim.

— Não faz isso, está bem? — pedi novamente num tom baixo, atraindo sua atenção. — Converse com ele.

— Eu não quero.

— Por favor, pequena. Ele é seu pai.

— Ele te bateu!

— Melanie, ele teve motivo para pensar que deveria agir assim. Nós dois sabíamos que não seria sempre fácil. — Seu olhar caiu para nossas mãos entrelaçadas, enquanto eu passava o polegar lentamente sobre a pulseira que tinha lhe dado e que ela não tirava mais. — Eu não vou me afastar de você porque alguém da sua família não me aprova, mas também não quero que você se distancie do seu pai por minha causa.

7 𝐌𝐢𝐧𝐮𝐭𝐨𝐬 𝐍𝐨 𝐏𝐚𝐫𝐚𝐢𝐬𝐨 - 𝐕𝐢𝐧𝐧𝐢𝐞.𝐇Waar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu