Capítulo 16

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Não, recusava-se a pensar aquilo. No entanto, precisava se certificar. Moveu-se cautelosamente e se aproximou, man­tendo-se encostada na parede do armazém até ficar a poucos passos de onde ele estava caído.

Todo o seu corpo tremia. Suas pernas fraquejavam, forçan­do-a a ficar de quatro no chão.

O homem jogou a arma no chão e começou a caminhar na frente do armazém. Anahi procurou enxergar melhor para avaliar o estado de Alfonso, temendo ver uma poça de sangue sob sua cabeça.

De súbito, viu-o se mexer, ou melhor, rastejar de joelhos. Suspirou aliviada, e voltou à atenção para aquele que ousara ferir seu amor.

Havia alguma coisa familiar nele. Olhou novamente para o estranho. E então percebeu. Não... Não podia ser.

Vagarosamente, pôs-se de pé. Estava muito nervosa.

Al?! Era ele, perto de Alfonso? Anahi fechou os punhos. Não... Não podia ser o gentil, educado e distinto Al. Devia ser algum marginal das ruas, com o porte parecido...

Quando ele se virou, Anahi deu um passo à frente, sabendo que ele não podia vê-la. Naquele breve momento, vislum­brou o rosto dele e qualquer outra especulação desapareceu.

Sim, era Al.

Desgraçado, ele a enganara! Provavelmente se divertira à sua custa o tempo todo. Anahi apertou os lábios para não gritar. Porque não adivinhara a verdadeira natureza dele?

Forçou a mente para raciocinar se Al tinha fornecido alguma pista que não notara. Ele mostrava interesse por sua família e pela onda de roubos. Anahi sentiu uma pontada no estômago. Alfonso e seu pai estavam certos, quando haviam suspeitado que poderia haver outra pessoa envolvida. E a informante era ela! Sentiu-se culpada, principalmente porque Alfonso estava ferido.

— George! Barry! Saiam daí! — A voz de Al ecoou na escu­ridão. Não era o mesmo homem em quem ela sempre confiara.

Com uma raiva que nunca sentira antes, Anahi apertou os dentes. Não permitiria que alguém que a tivesse usado daquela maneira saísse ileso.

Sem demora, pegou o celular do bolso de trás e digitou o número de seu pai.

— Por que está me ligando assim tão tarde? — Joe atendeu sem dizer alô. Nunca ligava naquele horário a não ser que precisasse de ajuda.

— Papai, alguma coisa está acontecendo e precisamos de apoio.

— Onde você está?

Anahi foi para o outro lado do galpão, para o caso de a brisa carregar sua voz e denunciar sua presença.

— Estou na zona oeste da cidade. Lembra-se daqueles armazéns perto da Duncan Street?

— Sim, sei onde é.

— Ótimo. Precisamos de reforço, mas quero que você espere até que eu me certifique do que está acontecendo. Não quero colocar Alfonso em mais perigo do que já está. — Ela fez uma pequena pausa. — Os Merediths estão aqui. Al golpeou a cabeça de Alfonso.

— Al?!

— Isso mesmo. Eles não sabem que estou aqui. Não sei como ele está ligado aos Merediths, mas só pode ser algo ilegal. Antes que venham até os armazéns, quero me certificar de que Alfonso esteja fora da linha de fogo.

Joe nada disse durante alguns minutos.

— Faremos como você quiser. Tenha cuidado.

— Pode deixar, você me treinou muito bem. Espere pelo meu sinal.

Perigosamente JuntosWhere stories live. Discover now