Capítulo 4

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Ao se dirigir à porta da frente, Anahi olhou mais uma vez para a casa suspeita. Parecia tudo em paz. O gramado da frente estava aparado, um Lincoln quase novo estacionado na entrada de carros. Obviamente, os suspeitos não tinham proble­mas financeiros.

Se bem que nos dias atuais, não era difícil pertencer à clas­se média. Bastava ter um cartão de crédito e cheque especial. Ou então, no caso deles, roubar dos outros.

Um menino de cerca de doze anos andava de bicicleta na rua, e Anahi viu uma garotinha sentada na varanda de uma casa, um pouco mais acima na rua, brincado com uma boneca. Era uma cena típica de um bairro residencial.

Procurou a chave na bolsa. Depois de olhar mais uma vez por sobre o ombro, entrou na casa. Martin e Angie deviam chegar logo, por isso ela deixou a porta aberta e entrou.

A casa era bonita, embora fosse a menor do quarteirão. Não era tão espetacular como outras oferecidas pela imobiliária, mas era agradável. E apropriada para um casal recém-casado.

Um lance de escadas levava ao segundo andar. O corrimão de mogno brilhava. Ela sabia pelos prospectos, que a casa tinha dois dormitórios, um banheiro em cima e outro no térreo. Tinha também uma pequena sacada no andar superior.

Entrou na sala de estar vazia e parou diante da lareira. Ao passar os dedos pela cornija, ouviu alguém subindo os degraus de entrada. Virou-se, esperando ver Martin e Angie, e arregalou os olhos ao ver quem era.

— Alfonso?!

— Anahi?!

Ela franziu a testa.

— O que está fazendo aqui? — Seu coração estava dispa­rado. O que havia naquele homem que a atraía e a irritava na mesma proporção? — Eu estava esperando Martin e Angie, não você.

— Seu pai me incumbiu do caso. Serei o suposto marido de Angie. E você?

Anahi respirou fundo para se acalmar.

— Meu pai achou que pareceria mais real, se eu mostrasse a casa como corretora de imóveis.

Essa não... Seu pai a enganara novamente. Não menciona­ra que Alfonso estaria no caso. Dissera que seriam os agentes Martin e Angie.

Mas o jogo dele não ia funcionar. Mostraria a casa em um piscar de olhos e iria embora. Não deixaria que Alfonso a aturdisse. Embora ele já a tivesse aturdido.

Notou que ele ficara muito sério, de repente.

— Você não deveria estar aqui. Seu pai não deveria ter mandado você fazer este serviço...

— Desculpe-me. — interrompeu Anahi, com as mãos apoiadas nos quadris. — Sou perfeitamente capaz de cuidar de mim mesma. Para sua informação, ainda tenho minha licen­ça de policial. Estou na reserva para alguma emergência, e também sou corretora de imóveis. Portanto, estou capacitada para exercer as duas funções.

— Isto não é uma brincadeira, Anahi... — Insistiu ele. — Estamos lidando com criminosos de verdade, gente perigo­sa. Eu sugiro que você entre no seu carro e se afaste daqui. Angie e eu podemos olhar tudo, sozinhos.

— Ah, é mesmo? Sinto desapontá-lo, mas você não tem nada com isso.

Alfonso admirava a coragem dela, mas continuava prefe­rindo que ela ficasse longe dali. Em dois passos, venceu a distância que os separava.

— Não tente facilitar com os bandidos, Anahi. Você está fora do seu ambiente.

Ela sentiu uma súbita raiva, que logo passou quando olhou para os lábios entreabertos de Alfonso.

Perigosamente JuntosWhere stories live. Discover now