Anahi debruçou-se na mesa para pegar outro pedaço de pizza.
— E então, o que devemos fazer? Apenas ficar sentados aqui esperando?
Alfonso olhou a casa vizinha. Ele já instalara a cortina, mas deixara-a semiaberta, para servir aos dois propósitos: que eles pudessem observar disfarçadamente os vizinhos enquanto circulavam pela cozinha, e que ao mesmo tempo estes pudessem ver que eles seguiam a rotina normal de um casal recém-casado. Se houvesse necessidade, eles espreitariam a casa vizinha a qualquer hora da noite, com as luzes apagadas, assim não poderiam ser vistos.
— A maioria dos serviços de observação é muito maçante. — Alfonso tomou um longo gole da lata de refrigerante, antes de depositá-la outra vez sobre a mesa.
— E o que devemos observar?
Alfonso hesitou.
— O que a preocupa? Temos de observar qualquer coisa suspeita. Como por exemplo, se todos eles entrarem num carro e saírem no meio da noite, ou se chegarem com uma caminhonete carregada, coisas desse tipo. Observar também se chega alguém de fora, alguma visita. — explicou ele. — Seu pai acha que há alguém por trás, um cérebro mandante. É esse que ele quer pegar, o líder da quadrilha.
Recostando-se na cadeira, Anahi arriscou um olhar para a casa vizinha. Nesse ritmo, ainda estariam ali no ano seguinte. Talvez pudesse apressar um pouco o andamento da situação.
— Por que não vou até lá e peço emprestada uma xícara de açúcar...
— Não.
— Você ainda não ouviu meu plano. — Ela inclinou-se sobre a mesa.
— Não. Esse caso não é seu. Você tem sorte por eu ter permitido que ficasse. — Alfonso limpou a boca com um guardanapo de papel.
— Eu quero ajudar, e você sabe que vai precisar de ajuda. Não pode observar a casa vinte e quatro horas por dia. Qual é o problema de eu ir até lá pedir uma xícara de açúcar?
— Não sei se há problema ou não, mas não quero arriscar. Vamos com calma, tudo a seu tempo. Não vamos tomar nenhuma atitude precipitada.
Assim que olhou para Anahi, Alfonso soube que estava em apuros. A única iluminação vinha do luar e de um abajur no canto da sala. Anahi parecia sonolenta, como se estivesse pedindo que ele a carregasse para cima para deitá-la na cama, mas não para dormir.
Dobrando os pés sob o corpo ao sentar-se na poltrona, ela abraçou uma almofada, e Alfonso não pôde evitar o desejo de tê-la abraçada a ele.
Não se surpreenderia se ele mesmo acabasse pondo tudo a perder. Sempre fora capaz de juntar evidências suficientes para prender os suspeitos ou, ao menos, para esclarecer o caso. Temia que sua boa ficha fosse prejudicada, se Anahi continuasse perto dele.
— Meu pai comentou com você se ele desconfia de alguém especificamente, que seja o líder da gangue?
Alfonso não desejava passar nenhuma informação, mas sabia que Anahi tinha tanto conhecimento sobre o caso quanto ele.
— Não, ele ainda não tem um suspeito.
Anahi ficou em silêncio por alguns minutos, Alfonso sentia que ela o observava.
— Mas você tem. — ela falou por fim.
Era esperta aquela garota...
— Sim... tenho algumas pessoas na minha lista. — ele admitiu.
— O prefeito faz parte dessa lista, por acaso?
— Pois é... Já falei a esse respeito com seu pai, mas ele não concorda.
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Perigosamente Juntos
RomanceAmor de brincadeira, ou paixão de verdade? Há inúmeras vantagens e desvantagens na vida de um policial disfarçado. Tomar a bela filha do chefe como suposta esposa em uma arriscada operação para desmascarar uma quadrilha pode ser ruim. Contudo para A...