Capítulo 6

493 42 3
                                    

Anahi debruçou-se na mesa para pegar outro pedaço de pizza.

— E então, o que devemos fazer? Apenas ficar sentados aqui esperando?

Alfonso olhou a casa vizinha. Ele já instalara a cortina, mas deixara-a semiaberta, para servir aos dois propósitos: que eles pudessem observar disfarçadamente os vizinhos enquanto circulavam pela cozinha, e que ao mesmo tempo estes pudessem ver que eles seguiam a rotina normal de um casal recém-casado. Se houvesse necessidade, eles esprei­tariam a casa vizinha a qualquer hora da noite, com as luzes apagadas, assim não poderiam ser vistos.

— A maioria dos serviços de observação é muito maçante. — Alfonso tomou um longo gole da lata de refrigerante, antes de depositá-la outra vez sobre a mesa.

— E o que devemos observar?

Alfonso hesitou.

— O que a preocupa? Temos de observar qualquer coisa suspeita. Como por exemplo, se todos eles entrarem num carro e saírem no meio da noite, ou se chegarem com uma caminhonete carregada, coisas desse tipo. Observar também se chega alguém de fora, alguma visita. — explicou ele. — Seu pai acha que há alguém por trás, um cérebro mandante. É esse que ele quer pegar, o líder da quadrilha.

Recostando-se na cadeira, Anahi arriscou um olhar para a casa vizinha. Nesse ritmo, ainda estariam ali no ano seguinte. Talvez pudesse apressar um pouco o andamento da situação.

— Por que não vou até lá e peço emprestada uma xícara de açúcar...

— Não.

— Você ainda não ouviu meu plano. — Ela inclinou-se sobre a mesa.

— Não. Esse caso não é seu. Você tem sorte por eu ter permitido que ficasse. — Alfonso limpou a boca com um guar­danapo de papel.

— Eu quero ajudar, e você sabe que vai precisar de ajuda. Não pode observar a casa vinte e quatro horas por dia. Qual é o problema de eu ir até lá pedir uma xícara de açúcar?

— Não sei se há problema ou não, mas não quero arriscar. Vamos com calma, tudo a seu tempo. Não vamos tomar nenhu­ma atitude precipitada.

Assim que olhou para Anahi, Alfonso soube que estava em apuros. A única iluminação vinha do luar e de um abajur no canto da sala. Anahi parecia sonolenta, como se estivesse pedindo que ele a carregasse para cima para deitá-la na cama, mas não para dormir.

Dobrando os pés sob o corpo ao sentar-se na poltrona, ela abraçou uma almofada, e Alfonso não pôde evitar o desejo de tê-la abraçada a ele.

Não se surpreenderia se ele mesmo acabasse pondo tudo a perder. Sempre fora capaz de juntar evidências suficientes para prender os suspeitos ou, ao menos, para esclarecer o caso. Temia que sua boa ficha fosse prejudicada, se Anahi continuasse perto dele.

— Meu pai comentou com você se ele desconfia de alguém especificamente, que seja o líder da gangue?

Alfonso não desejava passar nenhuma informação, mas sabia que Anahi tinha tanto conhecimento sobre o caso quanto ele.

— Não, ele ainda não tem um suspeito.

Anahi ficou em silêncio por alguns minutos, Alfonso sentia que ela o observava.

— Mas você tem. — ela falou por fim.

Era esperta aquela garota...

— Sim... tenho algumas pessoas na minha lista. — ele admitiu.

— O prefeito faz parte dessa lista, por acaso?

— Pois é... Já falei a esse respeito com seu pai, mas ele não concorda.

Perigosamente JuntosWhere stories live. Discover now