Blame the Storm ➳ Sope

>>71<<

O silêncio que se instalou na sala de estar era palpável. Os olhos de Chaerin não se desviavam nem por um segundo de seu irmão mais novo, este que se mantinha encolhido ao lado de seu alfa.

- E então? - A voz da beta soou firme, chamando a atenção de ambos. - O que vocês pretendem fazer? -

- Yoonie fica comigo. - 

Chaerin ergueu as sobrancelhas com a fala do alfa.

- Ah é? - Hoseok não vacilou. A Min se debruçou sobre seu próprio colo, fazendo com que sua postura fosse mais intimidadora. - Você, por acaso, sabe quem é o nosso pai? Tem alguma ideia do quanto ele é controlador? - O Jung não respondeu. - Yoongi, não me diga que você esta alimentando essa fantasia? - Apontou para os dois juntos.

- N-noona..Nós vamos ter um b-bebê. - Sua voz oscilou. 

A mais velha não respondeu. Yoongi quase podia escutar o som de seus neurônios trabalhando.

Chaerin riu sem vontade.

- Tenho a impressão de que esse tempo que ficou aqui, fez você se esquecer de quem é e de onde veio. - Silêncio. O semblante da mulher se fechou. - Você precisa tirar. - 

Os olhos de Hoseok se arregalaram com as palavras proferidas pela mulher. Aquilo era sério? Ela havia vindo até sua casa para dizer ao seu ômega que arrancasse seu bebê fora? Era uma piada, certo? 

- Não ouse..- Sua fala foi interrompida pela beta.

- Não ouse você! É só uma questão de tempo até o papai descobrir e quando ele descobrir, você acha mesmo que ele vai permitir que o Yoongi tenha um bebê bastardo de um alfa qualquer que ele achou em um fim de mundo? - 

- CHEGA! - 

A voz de Yoongi soou firme, assustando os outros dois ali presente. Chaerin se impertigou no sofá onde estava e ameaçou responder na mesma intensidade, porém desistiu e apenas se calou. Hoseok encarou o ômega.

- Eu não vou embora e não vou tirar o meu bebê. - Afirmou. - Essa é uma decisão minha e eu não irei deixar ninguém toma-la por mim! - 

A Min suspirou. 

- Sabe que não vai ser tão fácil, não é? - 

Yoongi não teve tempo de responder, pois o som de dois carros estacionando em frente a casa fez com que todos desviassem sua atençao para o lado de fora.

- Estão esperando alguém? - Indagou a beta com os olhos ainda presos na janela.

Hoseok negou com a cabeça, ignorando completamente o fato de que a mulher não iria ver sua resposta. Yoongi, por sua vez, arfou ao ver um homem descer do banco do passageiro. 

- É o Jo Seungwoo. - Murmurou o ômega. - Chaerin, o que voê fez? - O semblante do Min já era de puro desespero.

- Eu não fiz nada. - A mulher se apressou para responder. - Eu juro! - 

Hoseok desviavam o olhar de um para o outro e para o homem do lado de fora, que já não era apenas um, pois mais três haviam saido de cada carro.

- Quem é Jo Seungwoo? - Perguntou confuso. 

- Ele é o secretário-chefe do meu pai...- Respondeu vendo os homens liderados pelo Jo se aproximarem da porta. - Ele me achou..Papai me achou! - 

- Como?.. - Murmurou a Min.

Leves batidas foram dadas na porta de tela que os separava dos homens de Jo. 

- Sr. Min, não imagina o quanto seu pai está preocupado com o senhor. - Disse o homem com sua voz suave, demonstrando uma tranquilidade quase aterrorizante. 

- Como ele fez isso? Como achou o Yoongi? - Perguntou a beta se aproximando da porta.

- Srta. Min, acha mesmo que o senhor Bongji deixaria sua herdeira perambular por ai sem ele ficar sabendo? - Perguntou de mudo displicente. - Tenho certeza que a senhorita desconfia de que seu pai vem monitorando-a de perto faz algum tempo. - 

Chaerin arregalou os olhos.

- Me monitorando? Você está dizendo que ele estava me seguindo? - Perguntou incrédula.

- Pode interpretar assim, se for do seu agrado. - Jo desviou sua atenção para os outros dois atrás de Chaerin. - Sr. Min, seu pai gostaria que o senhor voltasse para casa conosco. -

- Nem fudendo que vocês tiram ele daqui. - Respondeu o Jung se pondo na frente do ômega.

- Por favor, senhor, não vamos fazer o uso de palavras pejorativas, afinal nós somos homens civilizados, não concorda? - 

- Se vocês colocarem um pé dentro dessa casa, eu vou chamar a polícia. - Ameaçou.

Seungwoo riu.

- Faça isso, por favor! Faz um tempo desde que vi o delegado Sook pela última vez. - 

- Hoseok, não! Meu pai é uma pessoa influênte, não iria adiantar..- Suspirou. - Eu vou. -

- O que? Não! - Se virou bruscamente ao ouvir as palavras do Min. - Não pode! Não vai! - 

- E aquele papo de "É minha escolha e eu irei toma-la"? - Indagou Chaerin.

- Eu preciso. Vou falar com meu pai e convencê-lo! Se ele quiser me deserdar, que seja. A única coisa que eu preciso é você. - 

- É arriscado demais, nós não pod.... -

- Eu vou voltar pra você, juro que vou! - Suas mãos se moveram até terem o rosto de Hoseok entre elas. - Enquanto eu não volto, você pode ir arrumando o quarto do bebê. - Um sorrisinho trêmulo se formou no rosto do Min.

- Não faz isso, por favor..Por favor. -

Yoongi se aproximou do mais velho até que seus lábios estivessem colados um no outro, em um selar carinhoso.

- Eu vou voltar. - Sussurrou colando sua testa na outra e gravando na memória a sensação de estar nos braços de Jung Hoseok. A sensação de sentir o calor do corpo do Jung penetrar em cada centímetro de sua pele. 

A separação foi brusca. Yoongi apenas se afastou do Jung com rapidez e caminhou em direção ao lado de fora da casa, entrando no carro em seguida. Seus olhos estavam fechados mas ele ainda podia ouvir o som de Hoseok pedindo para que não fosse, mas o tremor do motor sendo ligado abafou o som do grito angustiado que o Jung proferiu. 

As lágrimas simplesmente foram caindo conforme a estrada passava e a distância aumentava. Yoongi sentia como se uma parte sua tivesse sido arracanda por mãos brutas e agéis.