Capitulo 14

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LAU

  — Podemos conversar? — perguntou, puxando meu braço assim que desci do palco. 

— Desculpe, senhor, já tenho gente na frente. — digo e solto meu braço da mão dele. 

— Eu pago o dobro. 

— Não é só um que está na frente. — falo. 

— Pago o dobro de todos juntos. — tentou novamente, me fazendo revirar os olhos. 

— Negando um cliente, Lau? — chegou Mãe, me repreendendo com o olhar. 

— Não, senhora. — respiro fundo. — Como quiser, senhor. — volto o olhar para Zabdiel. 

— Vamos? — esticou a mão e eu ignorei, indo na frente. 

— Modos, Lau, modos. — escuto Mãe falar. 

Chego no quarto e entro no mesmo, esperando por Zabdiel, que entra e tranca a porta. 

— Finalmente, né? — falou. 

— O que você quer? 

— Conversar com você. 

— Zabdiel , não me importa que você paga mais, o meu trabalho não é ficar conversando com você. 

— Você já me disse isso, e eu ignorei, assim como estou fazendo agora. — se sentou na cama e bateu ao lado dele. 

Nego com a cabeça e cruzo os braços, esperando ele começar. 

— Vai ficar em pé o tempo todo? Vai cansar as pernas. 

— Isso seria problema meu. — digo e ele ergue as mãos em rendição. 

— Vim te fazer de psicóloga, mas agora é um assunto diferente. — falou e eu revirei os olhos. 

— Quer saber, Zabdiel? — pergunto, descruzando meus braços. — Cansei. Eu cansei de ser sua psicóloga, sua tapa buraco, sua conselheira amorosa e tudo o mais. Que inferno! 

— Mas eu nem comecei ain... 

— E eu já estou de saco cheio! — o interrompo. — Eu que vou encher seus ouvidos hoje! Primeiro, se depois disso tudo você continuar vindo aqui para desabafar comigo, você não vai conseguir nem que compre esse lugar inteiro. 

— Tá. — sussurrou. 

— Eu estou exausta. Exausta desse lugar, exausta da minha vida, exausta de você e principalmente de não ser suficiente pra você. Exausta de sempre te dá conselhos para ficar com a Gwen sendo que minha vontade sempre era mandar você esquecer ela e ficar comigo! Exausta de como eu sempre penso que tudo vai dar certo na minha e não dá. Nunca! — começo e ele me olha com os olhos levemente arregalados. — Exausta de sempre descer aqui, dançar naquela merda de palco e em seguida transar com homens que eu nunca vi na minha vida. Que provavelmente são casados, têm filhos e provavelmente eu esteja destruindo uma família. Exausta de sempre lembrar que isso nunca vai mudar e que eu nasci pra isso. Exausta por querer tanto encontrar alguém especial e construir a minha família como se eu nunca tivesse feito programa na minha vida, como se isso nunca tivesse existido. — aponto para o quarto já sentindo lágrimas em meu rosto. — Eu estou exausta de tudo. E ninguém percebe isso, nem você, que sempre vem e fica aqui comigo deitado na cama conversando. E você não percebe porque você não se importa. Você simplesmente chega, começa a jogar os seus problemas e eu deixo os meus de lado para te ajudar. — completo sem saber se ele entendeu alguma coisa, já que minha voz estava completamente embargada e eu soltava alguns soluços durante a fala. 

— Caralho... — sussurrou e eu desviei o olhar, suspirando. 

— Esquece. — murmuro e tento secar as lágrimas em meu rosto. — Esquece o que eu falei. Tudo. 

— Não. — falou e se levantou, se posicionando em minha frente. — Não precisa ficar assim mais. Eu tô com você agora. 

— Não tá, não. — murmuro. — Você nunca vai estar. 

— Eu estou. — afirmou e secou algumas lágrimas do meu rosto, não tendo sucesso pois quanto mais secava, mais saía. — Você não precisa continuar exausta com tudo isso. Eu vou ajudar você, tá bom? — sussurrou e segurou em meu rosto. 

— Você não precisa, você... que droga. 

— Me desculpe por sempre vir encher seus ouvidos e nunca ter percebido que você também estava querendo alguém pra desabafar. Você sempre parece tão dona de si, sem problemas, bem resolvida pra caralho, que eu nem reparei. Esquece tudo o que eu falei sobre a Gwen pra você. Eu não estava batendo bem da cabeça. — riu um pouco, secando minhas lágrimas. — Eu percebi que não era por ela que eu estava apaixonado. — sussurro e olhou nos meus olhos. — É por você. 

Que? 

— Eu estou completamente apaixonado por você, Lau. E me perdoa pelas coisas idiotas que eu falo, eu não estava sabendo como lidar com o sentimento direito e acabava falando merda. — disse. — Mas eu tô muito disposto a tentar algo com você, eu juro. Dar a vida que você sonha, uma família, tudo o que você quiser. 

— Tá falando isso só porque eu acabei de dar um show aqui e você ficou com pena? — pergunto. 

— Tô falando falando isso porque eu gosto de você. — sussurrou, se aproximando e roçando nossos lábios. — Gosto muito de você. — completou e me beijou.

Nothing but you • ZABDIEL DE JESÚS  Where stories live. Discover now