Em Frenesi

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"Pôr do Sol com Vista para um Vale Montanhoso" (1645): Acima se encontra uma pintura de Claude Lorrain, um mestre do paisagismo barroco, frequentemente incluía paisagens acidentadas em suas obras. Esta pintura apresenta uma cena com um vale profundo e montanhas rochosas.

" Ninguém entra no mesmo rio duas vezes, pois quando isso acontece, não é o mesmo rio e ele não é a mesma pessoa

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" Ninguém entra no mesmo rio duas vezes, pois quando isso acontece, não é o mesmo rio e ele não é a mesma pessoa. " - Heráclito

Os dias vagaram pelo tempo, ele que é o incontrolável, destemido e decidido. Àquele que só obedece a sua própria lei por natureza, onde nenhum ser sequer irá se sobressair perante aos seus mandamentos, não há como desviar, como subverter seus dogmas, não há forma para dobrar sua métrica e muito menos alongar a mesma.

O tempo é como um martelo que não há necessidade de uma mão, aquele que pune todo e qualquer ser existente neste plano que vós estamos, é o ressignificar da justiça quando somente ele mesmo justifica as consequências de uma causa, movimento este que só discorre nas entrelinhas da natureza do próprio, do incontrolável, do destemido e do decidido.

Dê ao tempo o que deve-se ao tempo, é a cura para a lágrima que anseia livrar-se de seu tristonho olhar, é o desejado auto perdão para a culpa de uma errônea causa cometida, é o cicatrizar de uma ferida, o desabrochar das flores e o quebrar das correntes. Ele é a liberdade da alma e a prisão do corpo, o tempo, aquele que destrói enquanto carne e osso ao passo em que constrói a alma ante o definhar.

E ele inevitavelmente decorreu.

Sete estações da primavera transpassaram seus olhares, iniciada logo após o perecer dos corpos em mar aberto, o renascer imperava sobre o escuro luto que havia se instalado após a guerra. Ao longo dos dias se venerava a deusa Deméter, fortemente associada ao brilho do sol que aflorava as mais cintilantes cores das plantações e dos jardins que preenchiam as lacunas do espaço.

Outras setes procederam a primavera, os dias em que o sol reinava como em nenhuma outra estação, o verão pintava os dias olímpicos que convidavam a todos para as competições. Carregando o brilho do sol como um símbolo, Um deus tomava o protagonismo dos outros, aquele que simboliza a estrela da manhã, o deus sol, Apolo. Seu nome inaugurava o período de colheita, seus dias eram sinônimos de festejos, celebrações e alegrias.

Chegando ao outono, onde o brilho já não reluzia como em dias passados, onde as almas pareciam vagar pelas entrelinhas dos dias e das noites. As celebrações que efervesciam pelas manhãs e tardes, desta vez somente se desabrochavam pela noite, aos moldes do deus Dionísio, o vinho domava seus corpos, convidando-os para uma noturna dança que acabara em grandes orgias, seu nome era sinônimo na busca pelo divino êxtase coletivo.

Até que as almas, que antes se instalavam nas entrelinhas, desta vez tomavam o protagonismo, o inverno pairava sobre seus corpos arrepiados, onde as noites pareciam imortais e os dias que curtos não fazia de seus olhos um mar cintilante à luz do sol. O luto voltava a tingir os lares daqueles que recordavam os corações afundados em Egeu, enquanto Hades, o deus do submundo, compartilhava para com o mesmo o frio e seco ar da morte.

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⏰ Last updated: Dec 08, 2023 ⏰

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O Legado De OrfeuWhere stories live. Discover now