quatro perdas em um dia.

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Alícia passou o resto da aula toda trancada no reservado do banheiro feminino do clarinda. Ela não podia sair dalí,assim todos a veriam daquele estado, aquele estado triste,fracassado e deplorável.

O rosto enchado,maquiagem borrada..

Aquilo não era real. Não poderia ser!

Já era tarde.

Um senhor baixinho gordo, com bigode grisalho e óculos entrou no banheiro feminino,era o zelador.
Ele percebeu que um reservado estava trancado bateu na porta.

Alícia continuou sentada e abriu a porta,a bolsa no colo.

Os olhos dele se arregalaram quando a viu dentro do reservado.

-O que você ainda está fazendo aí, menina?!-Então,olhando para o relógio prateado barato no pulso disse;-as aulas já terminaram a duas horas!

-Desculpe.-ela disse secamente,se levantou e caminhou até a porta. Quando chegou na porta se virou para ele.-Será que pode fingir que não me viu aqui?

Ela saiu quando ele fez que sim com a cabeça.

Quando entrou no carro,que era o único no estacionamento se olhou no espelhinho.

A ficha ainda não tinha caído.

Ela pôs as mãos no volante e se lembrou que daqui a algumas semanas não poderia mais dirigir. A barriga iria encostar no volante. Tudo parecia sem sentido e doentio.

Ela desbloquiou o celular.

Nada. Nenhuma mensagem, nem ligação. E o pior? E se elas haviam dito tudo? E se o colégio todo já soubesse? O estômago dela, vazio a horas se embrulhou com esse pensamento.

Onde Gabriel tinha se metido? Onde ele estava agora que ela mais precisava. Eles iam ter um bebê. Isso já era fato. Isso era uma tragédia. E não tinha,não tinha como piorar.

Como ela desejava querer que houvesse um "acordar"e pronto! Tudo voltaria ao normal. Ela acordaria na sua cama em meio aos seus lençóis de fios egípcios e tcharan! Um sonho.

Eram quatro amigas. Nenhuma ficou. Nenhuma.

Alicia chegou em casa e tomou um banho,ainda atordoada.

A barriga até parecia maior. Mas não. Era cedo de mais. Isso era psicológico. Isto é doentio. Isso é loucura. O cérebro dela doía. Informação demais,demais.

Logo ela começou a pensar em todo o dinheiro que iria ter que gastar,No pré-natal,plano de saúde,roupinhas,berço,carrinho,brinquedos..

E o pior; como ela ia dizer para a mãe dela o que houve? Ela seria capaz de voltar agora mesmo e a matar,literalmente. Seu pai também morreria,se ele já não estivesse morto.

Assim que ela saiu do banheiro,finalmente limpa e vestida Já era noite, ela usava um short e uma regata roxa.

A luz do celular acendeu,de repente.

O coração dela desparou.

Era uma chamada perdida de Gabriel.

- graças a deus! Onde você se meteu? Que droga.-ela disse.

O celular chamou uma,duas vezes.

Ele atendeu no segundo toque.

-Alô? -ele disse, a voz rouca.

-preciso de você -A voz de Alícia estava enganissada.

- porquê? O que? Você tá bem?-Ele perguntou,parecia assustado.

-Eu..-Alicia segurava o choro.-Preciso. De. Você. Agora. Por favor.

Alícia fechou os olhos e uma lágrima escorreu.

-bateu saudade?-Gabriel brincou.

-Não é nada disso que você está pensando, quero dizer..-Alicia respirou fundo.-só venha logo,por favor.-Alicia apertou os olhos com força.

-Está bem. Estou indo.-Gabriel desligou.

Abandonada. - A rainha.- SENDO REESCRITO E MELHORADO.Où les histoires vivent. Découvrez maintenant