Capítulo 06

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DYLAN DENNER
       Após ter feito a proposta a Jess eu preferi manter distância. Não queria que ela se sentisse pressionada, apesar de querer muito saber sua resposta da qual esperava ser positiva.
Quando lhe encontrei não contei a ela tudo, também não tinha permissão para falar tudo.
Antes de meu Pai partir ele me disse que haviam dois lados: Os Akires e os Vrilons. Nós recebíamos instruções dos Vrilons, para governar. Mas a um longo tempo meu pai fez um pacto com os Akires afim de conseguir nos emancipar e viver livres dessas influências, segundo os Akires há uma arma muito poderosa capaz de nos livrar para sempre de tais influências. Não sei até que ponto é verdade, ou se podemos confiar, mas a muito tempo meu pai vinha fazendo assim, se deu certo até agora provavelmente deverá ser mantido. Depois que encontrei a Jess no elevador e ela passou mal, eu a trouxe ao consultório do Dr. Watson, agora estou aqui, na recepção, esperando para saber o que ela tem. Já se passou bastante tempo. Ouvir a porta do consultório ser aberta e uma enfermeira saiu.
— Sr. Denner?
— Sim!
— A senhora Denner lhe aguarda. Sorri que nem um bobo ao ouvir senhora Denner. Deveria corrigi-la, mas gostei.
Entrei na sala e encontrei a Jess com os olhos chorosos e muito pálida, seu olhar assustado me deixou preocupado, será que ela está muito doente? Será que é algo grave?
— Jess? Oque houve? Você tá chorando? Watson? Oque está acontecendo aqui.
— Sente Sr. Denner. A senhorita irá conversar com o senhor. Estarei tomando um café, conversem à vontade. Ele disse e saiu nos deixando sozinhos.
Esperei por uns segundos, mas ela não falou nada.
— Então, me conte, o que há? Falei segurando sua mão afim de acalma-la.
— Eu não sei como isso foi acontecer Dylan. Eu estou perdida. Ela disse enquanto chorava mais.
— Shiiiu... Está tudo bem, vai ficar tudo bem, seja o que for vamos resolver. Foi isso o que me falou quando mais precisei de você, então, respira e me conta.
Ela respirou profundamente algumas vezes, enxugou as lágrimas, olhou para os quatro cantos da sala, parecia receosa.
— Depois de tudo o que falamos em seu apartamento, não sei se é seguro falar aqui, alguém pode nos ouvir.
— O que você vai me contar tem a ver com aquele assunto? Perguntei.
— Sim!
Seja o que for apesar de deixá-la abalada, ela ainda assim foi forte, e esperta em não querer conversar em um local que pudesse não ser seguro. Ela nunca para de me impressionar.
— Tudo bem! Vamos para minha casa, lá conversamos com calma.
Seguimos o caminho ambos envolto no silencio. Jess não disse mais nada, mas enquanto olhava pela janela eu vi suas lágrimas escorrerem. Seja o que for eu estarei com ela, cuidarei dela, mesmo que ela não me queira como marido, ainda assim, preciso manter ela ao meu lado. Quando chegamos finalmente no meu apartamento deixei que ela entrasse primeiro, entrei em seguida. Assim que fechamos a porta, Diana, minha funcionária, apareceu.
— Boa noite senhor! Quer que eu sirva o jantar?
— Não Diana! Está liberada, pode ir.
Queria ficar a sós com a Jess, então lhe peguei pela mão e segui caminho ao andar superior.
— Sim senhor!
Assim que entramos em meu quarto a Jess desabou a chorar de uma forma que nunca imaginei vê-la um dia. Seja o que for é algo assustadoramente sério para deixá-la nesse estado.

JESS MAYNARO

Após a porta do quarto ser fechada eu não consegui mais segurar oque tanto me torturava.
— Jess, você está me assustando. Oque há? É algo muito grave? Você está doente? Senta.
O Dylan me puxou pelas mãos me fazendo sentar na cama enquanto ele agachava diante de mim. — Respira. Me conta.
— É grave, muito grave, minha vida acabou.
Foi oque consegui falar.
— Porque?
Ele parecia perdido.
— Eu não sei como isso aconteceu Dylan. Eu não sei como. Eu não sei como é possível. —Falei entre soluços. — Mas o fato é que aconteceu e agora eu estou perdida.
— Oque aconteceu? Porque você está perdida?
Ele perguntou tentando ler em meu rosto, mas acredito que só oque via era desespero e medo.
— Eu estou grávida Dylan! Ele soltou minhas mãos e levantou, dando dois passos para trás.
— Grávida? Como assim? Você disse que não tinha ninguém. Ele passava as mãos no cabelo como faz quando esta em situações difíceis.
— Eu não tenho Dylan! Eu sou virgem. Após minha declaração ele voltou me olhar.
— Oque? Virgem? E como você engravidou? Você contou para o Dr. Watson que era virgem? Oque ele disse? Como você pode ter engravidado? Você tá falando a verdade Jess? Ele me enchia de perguntas enquanto andava de um lado para o outro.
— Não sei se poderia contar ao Doutor. Mas acho que sei oque aconteceu. Ele parou de andar e veio até mim.
— Então diga!
— Lembra que eu te falei que tinha conhecimento da outra existência? Então, eu via através de sonhos, pareciam reais. Em um dos últimos sonhos eu tive relações com um deles em sonho. Eu não sei oque aconteceu, eu posso tá ficando louca, mas juro, nunca estive com ninguém antes até este sonho. Então é a única explicação que encontro, não disse ao doutor, não sei se poderia dizer, precisava falar com você que os conhece também e talvez saiba se devo ou não falar, porque se falar vou parecer um louca e há a possibilidade de ser colocada em uma ala da psiquiatria.
Dylan sentou numa poltrona que havia no quarto próxima a janela. Ele estava com o olhar fixo para mim até que seu olhar desceu para minha barriga.
— Jess isso é surreal. Se eu não soubesse que há mais coisas além de nossa existência eu poderia te achar uma louca, mas acredito em você e acredito nessa possibilidade. Só não entendo como? Será que fizeram de forma proposital?
Não havia ainda pensado nessa possibilidade, mas me causou um calafrio, senti medo. Dylan parece ter percebido e se levantou e sentou ao meu lado.
— Não precisa ter medo, eu vou te proteger.
— Como? Somos só humanos, você mesmo recebe ordens deles.
— Exatamente, recebo ordens deles e você e uma pessoa próxima a mim. Oque me leva acreditar que talvez se eles soubessem de sua gravidez já teriam de alguma forma demostrado isso. Ou já teriam lhe pego, se fosse algo intencional. São tantas possibilidades, mas acho que ainda não saibam. Mas tem algo que me intriga. Como esse ser se aproximou de você em sonho?
— Resumidamente: Eu o vejo desde a minha infância, sempre em sonhos. Nos sonhos sempre fomos amigos, se fosse pesadelos ele sempre me ajudava, mas este último sonho houve algo mais. Confessar aquilo me causava certa vergonha.
— Você é apaixonada por este ser? A pergunta de Dylan me pegou de surpresa, pois não sei dizer oque eu sentia em relação ao Kai, mas sei que me fazia bem pensar nele.
— Eu não sei dizer Dylan. Nunca tive nenhum tipo de relacionamento na vida. Acho que ele notou meu desconforto sobre o assunto.
— Tudo bem, não precisa me falar mais nada. Mas se me permite dizer: Acredito que se há essa ligação entre você e este ser talvez os outros não saibam. Pelo pouco que sei eles não iriam permitir, a não ser que seja para benefício próprio. Mas, como até agora você ainda está aqui, significa que ninguém sabe.
— Pensar assim não sei se me ajuda ou me amedronta mais. Porque uma hora eles vão descobrir, minha barriga vai crescer, sem contar que não sei como será. Se vai ser um bebê normal ou se vai ser igual a eles.
E meus pais, Dylan, eles não sabem de nada. Como vou dizer que estou grávida?
Minha cabeça está dando um nó e os meus problemas parecem só estar começando. Ficamos alguns segundos calados e minhas lágrimas parecem terem secado.
— Acho que tenho a solução.
Dylan disse ao se levantar.
— Como? Perguntei incrédula.
— Eu já havia te pedido em casamento mesmo antes disso tudo. E se isso que tá acontecendo for a confirmação que precisávamos para saber que é o certo a fazer? Se dissermos a sociedade que estamos noivo e vamos nos casar, quando você aparecer grávida vão achar que é nosso. Assim também podemos ter certeza se eles sabem, porque se souberem a verdade quando eu disser que o bebê é meu filho eles vão me questionar por estar mentindo. Problema resolvido com eles, com seus pais, com a população por você ser uma moça de origem diferente da minha. Resolvemos tudo de uma única vez.
— Não seria certo com sua vida. Você assumir um filho que não a seu, nem sabe como ele será, você me falou da vontade de ser pai e de querer criar seu filho diferente de seu pai. Tentei ponderar.
— Exatamente, mais um motivo, esse bebê já é meu filho Jess, para todos os efeitos, e assim será em meu coração. Farei dele um homem muito melhor que eu.
— E se for menina? Perguntei.
— Não precisarei fazer nada, ela será perfeita como a mãe — Ele passou a mão em meu rosto como forma de carinho — Sei que não me ama como homem, mas eu vou fazer essa família dar certo Jess. Você só precisa aceitar e me deixar cuidar de vocês.
Ele falou pondo a mão sobre minha barriga.
Eu não sei oque aconteceria, mas pensando no bem estar desse bebê eu precisava tentar.
— Está bem! Podemos tentar. Assim que proferi essas palavras seu sorriso se alargou. Sei que gosto do Dylan como um grande amigo, mas vou me esforçar para aceita-lo por inteiro em minha vida.
Depois dessa longa conversa liguei para meus pais e disse que iria fazer uma pequena viagem a trabalho, mas na realidade o Dylan pediu que eu ficasse para o final de semana, assim ele poderia cuidar de mim de perto.
Tomei um banho demorado e vesti um roupão. Ao sair do banheiro encontrei Dylan na cozinha já tomado banho, cabelos molhados, calça de moletom e camisa básica. Ele me disse que havia deixado uma calça de pijama e uma de suas camisetas para mim sobre a cama. Segui para o quarto, troquei a roupa que ficou um pouco folgada, mas serviu. Após pentear os cabelos ele entrou no quarto com uma grande bandeja.
— Trouxe nossas refeições. Disse enquanto entrava e depositava sobre uma mesinha que havia no quarto. — Hoje a senhorita é minha hóspede, e será bem servida.
— Bobo. Obrigada! Sorri. Apesar de estar me sentindo melhor, ainda assim, minha cabeça parecia estar em uma assembleia extraordinária. Será que Kai sabia que eu estava grávida? Onde ele estaria agora? Será que ele falou a verdade quando disse que estava num lugar sem poder me encontrar? Será que algum dia voltaria a vê-lo e se isso acontecer será que eu poderia contar sobre a gravidez? Eram muitas dúvidas, mas eu deveria viver um dia de cada vez, para o bem da minha sanidade mental e para o bem do bebê que eu nem sabia se era humano ou não.
Após o jantar Dylan me mandou descansar, tentar dormir. Ele disse que os quarto de hóspedes não havia roupa de cama trocada, já que ele nunca recebe visitas então ele pediu que eu ficasse no quarto dele e ele iria para o quarto de hóspedes. Não quero incomodar, mas ele disse que agora que seremos uma família, o meu bem estar e o do bebê é prioridade. Achei fofo, o Dylan é um homem incrível, não sei como aguentaria sem seu apoio. Amanhã será um longo dia, iremos contar a meus pais. Na segunda informaremos a mídia nosso casamento, pra ser sincera estou com medo. Não sei como meus pais e pessoas vão reagir. Pior, não sei se vamos conseguir manter isso em segredo, seja de Kai ou sua espécie, quem descobrir não sei o que fariam com o bebê ou comigo.
O Dylan já foi para o outro quarto, enquanto eu estou aqui sem conseguir dormir. Se o Kai pode me ouvir, onde ele está que não está escutando?
Impaciente de estar deitada levantei e andei até a janela para olhar a noite. Andei pelo quarto que era maior que minha antiga casa, até que olhei para o closet e me lembrei da sala que o Dylan me mostrou. Senti um arrepio só de imaginar sua existência, mas movida pela curiosidade me forcei caminhar até lá. Mas quando estava dentro do closet, alguém bateu na porta.
Sai rapidamente e voltei ao quarto quando a porta se abriu.
Dylan apareceu.
— Vi que o abajur estava aceso, está se sentindo bem? Perguntou quando entrou no quarto.
— Sim! Só pensando. Não consigo dormir.
— Hum... Ele falou pondo a mão no bolso da calça de moletom.
— E você? Porque ainda está acordado? Perguntei lhe convidando a sentar na cama.
— Mesmo motivo. Muitos pensamentos, não é todo dia que você vai conhecer seus sogros, pedir a filha deles em casamento e ser pai. Tudo de uma única vez.
Ele sorriu. Jura que ele tá preocupado com isso?
— Não precisa se preocupar com isso, meus pais já gostam de você, só por ter me dado uma oportunidade. Talvez questionem a pressa do casamento, mas depois que souberem da gravidez, vão concordar. Quanto a gravidez, tenho receio que minha mãe desconfie de algo, ela sabe que sou muito responsável.
— Mas um casal apaixonado como nós poderia cometer um deslize, acho que ela vai pensar assim.
Ele disse após forçar um riso irônico.
Também sorri, mas o sorriso não chegou aos olhos.
— Sei que não sente nada por mim Jess, além de amizade. Mas juntos vamos construir uma linda história. Só me deixar tentar. Ele disse passando a mão na minha bochecha.
— Deixarei, mas peço que seja paciente. Eu quero tentar fazer dar certo. Falei de forma sincera.
— Tudo bem! Como quiser, tudo no seu tempo. Agora vou tentar dormir, tente fazer o mesmo. Falou ao se levantar.
— Você não quer ficar aqui comigo? Perguntei, mas seus olhos saltaram.
— Aqui dividindo a cama, ela é grande o suficiente para nós dois.
— Está bem! Se não for lhe incomodar. Neguei com a cabeça e ele andou até o outro lado da cama.
— Boa noite Jess! Disse ao dar em beijo em minha bochecha.
— Boa noite Dylan... Dylan?
— Oi!
— Obrigada!
A madrugada foi longa, não conseguia dormir, uma montanha de pensamentos me agitou, até que consegui finalmente adormecer.
No meio da madrugada acordei sobressaltada, uma sensação de ser perseguida me rondava, igual aos sonhos de infância com o homem vagalume. Olhei na penumbra do quarto e o Dylan estava adormecido, ao meu lado. Resolvi ir à cozinha tomar um copo de água, logo iria amanhecer.
Desci as escadas, as janelas da varanda estavam abertas e entrava a brisa da madrugada fazendo as cortinas branca voarem. Caminhei a passos largos afim de fecha-las. Assim que coloquei as mãos na maçaneta de uma das portas senti a brisa em minha pele e uma sensação familiar de estar sendo observada. Quando fechei a primeira porta, ouvi a sua voz sussurrando em meu ouvido.
— Jess, onde você está?
Era ele, era o Kai, nem que eu viva outra vida, nunca esquecerei está voz...
— Estou aqui! Cadê você?
— Jess, onde você está?
— Eu estou aqui! Não consegue me ver? Eu não consigo te ver? Kai?
— Jess, onde você está? Sua voz repetia, como um mantra. Eu andava pela sala e não o via.
— Kai? Eu estou aqui! KAI? KAI?
Senti chacoalhão...
— Jess, acorda! Está tudo bem! Foi só um pesadelo.
Olhei volta e ainda estava na cama.
— Desculpe te assustar Dylan. Falei esfregando as mãos no rosto.
— Tudo bem! Não me assustou, eu não estava dormindo. Você está bem?
— Sim!
— Você teve um daqueles sonhos?
Ele perguntou ao ver que minha mão, involuntariamente, tocava meu ventre.
— Não! Não desse tipo de sonho.
— É que você falou um nome algumas vezes... Era ele? O tal ser?
Tive a sensação de sua pergunta ter uma pontada de ciúmes.
— Não quero mentir para você, Dylan. Sim, foi com ele, mas nada que se preocupe, eu não lhe vi, não consegui falar, se realmente foi real, alguma coisa está impedindo nosso contato.
— Como assim?
Dylan perguntou franzindo o cenho.
— Não sei explicar, mas pareceu estar perdido, como se eu falasse e não me ouvisse, sabe?
— E isso nunca aconteceu antes? — Ele parecia intrigado — Desculpe, não quero ser invasivo, só estou querendo entender, como se comunicam.
Ele justificou-se.
— Não, isso nunca aconteceu antes.
Dylan parecia desconfortável com a conversa, com o olhar fixo em seu relógio de pulso, parecia pensar. Eu não o queria deixar desconfortável, ele parece ter sentimentos reais por mim, enquanto eu estou falando de alguém humanamente impossível.
— Você acha que ele sabe da sua gravidez? Sua pergunta interrompeu o breve silêncio.
— Acredito que não, não sei dizer com certeza, mas acho que não.
— Ok! Nosso plano continua o mesmo! Dito isso ele se levantou.
— Onde você vai? Perguntei.
— Não consegui dormir, eu estava trabalhando no escritório quando ouvi seus gritos. Irei voltar ao que estava fazendo, tente descansar, breve irá amanhecer.
Ele deu um sorriso fraco e seguiu até aporta, fechando-a ao sair.
Fiquei mais uns minutos divagando em meus pensamentos. Logo meus olhos pesaram e eu me rendi mais uma vez, ao sono.



DYLAN DENNER

Sai do quarto e segui de volta ao escritório, onde instantes atrás estava reunido com os Akire.
Sentei em minha mesa e voltei acessar o monitor.
— Então? Oque houve com a sua mundana que fez você encerrar uma cessão? Um dos generais perguntou.
— Minha vida pessoal não lhes diz respeito, nem faz parte do acordo que vocês tinham com meu pai.
— Pelo visto você não nos conhece o suficiente, mas sugiro que seja amigável igual seu pai para que não tenhamos problemas. O general falou tentando impor uma moral que comigo não iria colar.
— Acho que vocês estão esquecendo que sou instruído e treinado pelos Vrilons. Espécie responsável pelo regimento do planeta de Ylon, com isso não há nada que possam fazer para pôr fim a minha "presidência" já que ainda não tenho um herdeiro, minha vida é importante para eles. Quanto a vocês só estão tendo acesso a mim, devido uma aliança que meu pai fez com vocês, da qual estou curioso para saber quais seriam minhas vantagens. Então, não venham com ameaças, vocês não estão falando com meu pai. Se a aliança for vantajosa para mim, irei mantê-la, caso contrário, entregarei este acesso aos Vrilons.
Dito isso, percebi seus olhares de irá e incredulidade. Cresci longe de um lar, de uma família, longe de carinho. Cuidados e amor são palavras que desconheço em meu vocabulário, mas devo admitir que com isso me tornei um homem forte o suficiente para me fazer ser ouvido.
— Tudo bem! Sua vida pessoal não nos diz respeito, desde que continue cumprindo com o combinado. Não sei até que ponto seu pai lhe pôs a par de nosso acordo, mas por hora, só saiba, há um ser em seu mundo que está escondida entre vocês com a ajuda dos Vrilons. No início de tudo éramos todos do mesmo lado, mas o príncipe Ourok da 5ª dimensão se apaixonou por uma mulher do seu planeta e com ela teve uma filha. Após a descoberta nós discordamos sobre a forma de utilização da raça humana para o benefício de nossa espécie. No início não entendemos o porquê dele negar que todos pudessem acessar aos humanos, depois que descobrimos que as crianças nascidas meio humanas e meio Vrilons seriam seres extremamente fortes e indestrutíveis. O Ourok era muito egoísta, quis ele apenas o poder de ter uma filha híbrida. Quando houve a divisão de nosso povo, nós os Akires ainda assim conseguimos realizar a produção de algumas crianças híbridas com a mesma idade da criança, filha do Ourok, mas logo fomos descobertos e as crianças ficaram sobre o poder dos Vrilons e nós seríamos enviados como castigo ao buraco negro, onde nunca mais sairíamos. No dia do nosso julgamento armamos uma fuga, o plano era pegar a filha do Ourok, mas ele foi mais esperto, enviou a criança para Ylon antes de nossa chegada. Durante a batalha o Ourok matou meu pai, mas também foi morto por um dos nossos, tolo.
Hoje todas crianças híbridas, já são adultas, para ser mais preciso, existem 5 híbridos, 4 homens que vivem sobre o regimento dos Vrilons e a filha do Ourok, escondida em algum lugar deste mundo.
Breve ela irá completar 21 anos, assim seu poder lhe dará os primeiros sinais, assim poderemos rastreá-la melhor e finalmente acha-la.
— O que vocês querem com a filha do Ourok?
Foi tudo que consegui falar, após ouvir toda aquela história.
— Ela é a única mulher híbrida, precisamos dela para procriar nossa espécie, poderemos fazer um exército de híbridos. O Ourok antes de sua morte realizou uma reprogramação em nossa espécie onde não conseguimos mais utilizar aos humanos como ele o fez no passado.
— E onde meu pai entra nessa história? Oque ele ganharia com este acordo?
— Vocês nos ajudam a achar a garota e nós quando conseguirmos retomar o poder da 5ª dimensão tornaremos seu país independente. Apenas seu país.
— Tudo bem! Mantenho o acordo.
— Ótimo! Acesse os arquivos que seu pai mantinha secretamente e veja a quantas anda a processo de encontrar a garota. Breve retomaremos o contato. Dito isso eles encerraram a transmissão.
Fiquei pensando em tudo que eles disseram, talvez se eu achar a garota eles têm o que querem e eu ponho Ylon independente da influência dos Vrilons. Oque faria com que a Jess, fique segura e longe desse ser que lhe cerca. Mas eles disseram que eles não podem mais procriar com humanos, então como a Jess tá grávida? Será que o ser que lhe ronda é um híbrido? Se só há uma mulher híbrida, talvez os homens híbridos possam procriar? Nossa, muita informação, vou ficar louco, mas seja o que for talvez seja um meio de ajudar Jess e finalmente tê-la só para mim.

JESS MAYNARO
Estamos a caminho da minha casa, vamos falar com meus pais sobre a gravidez e nosso relacionamento, se é que posso chamar assim.
Sempre achei linda a relação de meus pais, muito amor, carinho, respeito, cumplicidade, nunca me imaginei amando ninguém, talvez por ser estranha no colégio, mas se o Dylan for para mim e para esse bebê tudo que ele demostra e diz querer ser, já me dou por satisfeita.
Hoje pela manhã quando acordei em sua casa ele já havia providenciado tudo, haviam roupas para que eu pudesse me trocar, produtos de higiene pessoal, café da manhã, anel de noivado, sem esquecer que ele já havia ligado para Dr. Watson e pedido indicação de algum médico de confiança que pudesse acompanhar minha gestação. É estranho pensar que em poucas semanas minha vida era tranquila e hoje vivo nessa montanha russa de acontecimentos e na incerteza do amanhã. Como será este bebê? Onde está Kai? Será que ele sabe? Se sabe porque não me procurou? São tantas perguntas que minha cabeça dá um nó.
— Tudo bem? Melhorou o enjoo? Fui despertada de minha confusão pelas palavras do Dylan.
— Um pouco melhor, obrigada. Só estava pensando um pouco. Sorri.
— Estou ansioso para conhecer seus pais, nunca me relacionei antes com alguém que fosse necessário conhecer a família... Sua família é grande?
— Não! Somos só meus pais e eu. Segundo meus pais eles eram de outro país, vieram para cá comigo muito pequena, não conheci avós, tios ou primos. E você?
— Não sei quem é minha mãe! Meu pai não teve irmãos. Também não se casou, não me deu irmãos.
— Sinto muito!
— Tudo bem, farei diferente dele, apesar da responsabilidade de cuidar de Physalis, eu quero ter uma família, dar e receber amor. Não quero morrer como ele, sozinho, onde todo trabalho e ambição não foram suficientes para lhe consolar em seu leito de morte.
Após um breve silêncio, chegamos a minha casa.
Respirei fundo, era chegada hora da encenação.
Assim que coloquei a chaves na porta fui surpreendida por minha mãe.
— Jess minha filha, onde esteve? Fiquei preocupada, você não costuma dormir fora de c... Ela parou de falar assim que viu o Dylan, atrás de mim.
— Desculpe senhora Maynaro, a culpa foi minha. Me permita me apresentar: Sou o Dylan, prazer. Conhecê-la.
Disse ele estendendo sua mão.
— Eu sei quem o senhor é!
Ela falou apertando sua mão.
— É verdade! Apesar de minha visita hoje ser pessoal.
Ele falou piscando para mim. Minha mãe nos olhou por alguns segundos.
— Entrem! Filha, deveria avisar que traria seu chefe para almoçar conosco. Falou minha mãe enquanto segurava um pano de prato.
— Temos visita? Falou meu pai ao entrar na sala.
— Paizinho! Caminhei até ele para pegar em sua mão e levá-lo até o Dylan — Pai, este é o Dylan. Dylan, este é o John, meu pai. Dylan estendeu a mão, peguei uma mão e levei até a do meu pai.
— Filha, este é o senhor Denner?
— Por favor senhor Maynaro, deixe a formalidade de lado, aqui sou só o Dylan. É um prazer lhes conhecer pessoalmente, a Jess fala muito bem dos senhores.
— Vamos sentar! Falei afim de quebrar o clima denso que estava na sala. — Mãe, Pai, nós temos um comunicado a fazer. Dito isso Dylan segurou minha mão como incentivo. Minha mãe olhou para nossas mãos juntas e arregalou os olhos.
— Se me permite, gostaria de falar Jess — Disse o Dylan, provavelmente ele percebeu meu desconforto em começar a contar uma história que está muito longe de ser a verdade, mas que ainda assim, parece mais verdade que a própria verdade — Sr. E Sr.ª Maynaro, hoje vim aqui como o Dylan. Eu e a Jess nós conhecemos a pouco tempo, mas tempo suficiente para nascer uma grande amizade. A filha de vocês é a pessoa mais pura, verdadeira, de bom coração que já conheci em toda minha vida. Mas, aos poucos essa amizade foi tomando forma e nossa convivência, trabalhando junto, fez crescer mais ainda minha admiração por ela. Com isso acabamos nos apaixonando, por isso vim aqui hoje, para pedir a vocês a permissão para noivar com a Jess.
Quando Dylan terminou de falar, meu pai estava com uma expressão indecifrável, já minha mãe, estava boquiaberta. Após um breve silêncio meu pai disse as primeiras palavras.
— Senhor Denner, o emprego que o senhor ofereceu a minha filha foi intencional? O senhor já planejava isso?
— Pai!
— Tudo bem, Jess! Não, senhor Maynaro. Sua filha é extremamente inteligente e capacitada para função. Ela conseguiu em pouco tempo o que a acessória do meu falecido pai não fez em anos de trabalho, acalmar os rebeldes/opositores.
— Pai! O Dylan não é esse tipo de homem. Ele está aqui exclusivamente por mim, por se importar comigo. Falei olhando para Dylan e apertando sua mão, silenciosamente eu lhe agradecia por seu sacrifício e por saber que ele não premeditou me contratar, para me forçar se relacionar com ele, isso só estava acontecendo porque eu precisava naquele momento.
— Seu pai sabe, filha. Ele, assim como eu, só está surpreso. Não é querido?
— Sim!
Meu pai respondeu forçadamente, não sei o que há com ele, mas parece não ter gostado da notícia, imagina a próxima que está por vir.
— Bom, agora que já falamos sobre nosso relacionamento, temos mais uma notícia! Falei ao esfregar as mãos uma na outra.
— Mais uma?
Meu pai perguntou de forma rabugenta.
— John! Deixe-os falarem. Minha mãe interviu.
— Obrigada mãe! A segunda notícia é que estou grávida, vamos ter um bebê.
— Oh céus, filha! Você será mamãe. Parabéns meu amor, não esperava, mas estou tão feliz por você. Gerar uma vida fruto do amor entre duas pessoas é o que há de mais incrível. Enquanto minha mãe me abraçava pensei brevemente que este ser é fruto dos meus sentimentos pelo Kai. Quando me soltei do abraço da minha mãe, notei o desconforto do Dylan, claro, ele também deve ter pensado na declaração da minha mãe. Esse filho não é fruto do nosso amor.
— Tem certeza filha?
Foi tudo que meu pai perguntou.
— Sim, tenho certeza. Passei mal e o Dylan me levou ao médico, onde através de exame ficou confirmado.
— Parabéns! O senhor está feliz pela notícia de que será pai?
Minha mãe perguntou ao Dylan.
— Será o melhor pai que meu filho poderia ter, ele já o ama, mesmo sem lhe conhecer.
Falei passando a mão sobre o braço do Dylan em forma de carinho, afim de fazê-lo esquecer o que minha mãe havia dito minutos antes.
— Sim! Estou muito feliz! Finalmente terei uma família de verdade.
Ele sorriu e pegou minha mão depositando um beijo.
Após o breve desconforto ajudei minha mãe a servir mesa para o almoço.
Quando estávamos todos já sentados, almoçando meu pai resolveu falar.
— Então, como fica agora? Quando casam?
— O mais breve possível! Só o tempo de organizar alguns documentos, acredito que em até uma semana.
Disse o Dylan respondendo ao meu pai.
— Não acham muito cedo? Filha, porque não espera por seu aniversário, falta alguns mes...
— John! Não! Querido por favor. Deixe Jess seguir seu caminho. Querida, fique à vontade para seguir seu coração, faça suas escolhas.
Não sei o que há com meu pai, ele é sempre tão complacente.
— Seu aniversário querida? Perguntou o Dylan.
— Sim! Completarei 21 anos, mas ainda falta um bom tempo.
— Hum ... Você quem sabe, mas acho que não se sentiria confortável em casar com a barriga já aparente, por conta da mídia, talvez.
— Sim, sim... Tem razão, não quero ser o centro das atenções. Meu pai soltou um riso forçado.
— Tarde demais minha filha, você será o centro das atenções por muitos e muitos anos. Com licença!
Dito isso meu pai levantou da mesa com o auxílio de sua bengala e seguiu para sala.
— Desculpe meu marido senhor Denner. Se me permite irei falar com ele, com licença. Minha mãe levantou e foi até a sala.
— Sinto muito Dylan, fazer você passar por isso, se preferir podemos desistir. Meu pai não é assim, tem algo errado com ele. Falei com os olhos marejados.
— Ei, relaxa, respira... Está tudo bem é natural, não é todo dia que os pais descobrem que a filha tá em um relacionamento que eles não sabiam, que vai casar, que está grávida e que o futuro marido é o presidente. É muito para cabeça deles, dá um tempo. Deixa-me ir lá tentar falar com eles, a sós.
Dito isso Dylan levantou e seguiu até a sala. Logo levantei e fui até o meu quarto, meu refúgio.

DYLAN DENNER
Resolvi ir até a sala para tentar acalmar os pais da Jess, preciso mantê-los como aliados, se ela sentir alguma oposição em relação a aprovação deles, talvez ela desista de nós sem antes mesmo termos começado.
Meu sentimento por Jess é possessivo, agora que já a tive em minha casa, em minha cama, não posso deixa-la partir, não sem antes mostra a ela que eu posso ser o seu  mundo.
A passos lentos chego no corredor que dá acesso à sala, mas ouço algo que me intriga.
— John, você está louco! Que história é essa de esperar a Jess completar 21 anos. Por acaso pensou em contar algo a ela?
— Violeta, não podemos esconder dela para sempre, uma hora as coisas vão acabar acontecendo. Já pensou, logo agora ela está grávida, não sabemos como será está gestação, se for perigoso para ela e para a própria criança...
— Chega John! Eu não quero ouvir, estamos a quase 21 anos nos virando, a Jess cresceu bem, saudável, normal, se tudo for mantido como sempre foi, tudo ficará bem. Agora volte lá, o senhor Denner está nos esperando.
Chocado com o que acabei de ouvir tentei ligar um mais um, será? Será que a Jess é a tal filha? Como faria para ter certeza? Preciso pensar, ter a certeza.
— Senhor Denner, está aí muito tempo? Perguntou a Sr.ª Maynaro.
— Não senhora, estava indo ao encontro dos senhores, queria falar em particular.
— Tudo bem! Diga.
— É sobre a Jess.
— O que tem ela? Ela está bem?
— Sim, quer dizer... Nós achamos melhor ela se mudar já para nosso apartamento, lá ela terá mais conforto e cuidados com a gestação. Ela passou muito mal, precisou de atendimento, tenho receio de que isso seja necessário mais vezes e devido meu trabalho mantê-la por perto é mais fácil para cuidar dela. Sei que é tudo muito novo para os senhores, mas acredite, para mim também. Se serve de consolo, eu cuidarei da filha de vocês com total devoção. Jess em tão pouco tempo já é meu mundo, não me imagino numa vida sem ela.
Não falei nenhuma mentira. Jess é minha, mesmo antes de nos encontrar, nada, nem ninguém poderá nos afastar.
Após conversar e convencer seus pais sobre o que seria melhor para Jess, eles finalmente cederam. Jess havia subido para seu quarto.
Após a conversa com seus pais segui a seu encontro, lhe que havia meio que me entendido com seus pais, ela sorriu e me abraçou em agradecimento.  Falei sobre ela ir morar comigo e que seus pais concordavam que seria melhor para os seus cuidados. Ela não gostou muito da ideia, mas justifiquei lhe dizendo que se vamos casar em uma semana, não fará diferença sua mudança já ocorrer. Também tinha a questão de sua segurança, já que seria mulher do presidente, além de carregar um bebê que não sabemos se os outros sabiam da sua existência, isso seria um risco para ela, pois se eles descobrissem e eu não estivesse por perto para intervir. Enfim, após as várias justificativa ela concordou, organizou alguma de suas coisas para levar até nosso apartamento.
Ao descermos nos despedimos de seus pais e seguimos, rumo a nossa nova vida. Finalmente, minha vida, minha alegria começarão agora, ao lado de Jess.



Continua...

[CONCLUÍDA] Além do agora - Sonhos podem ser reais Onde as histórias ganham vida. Descobre agora