Capítulo 05

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Já passaram 01 mês desde que o presidente morreu. Agora o Dylan é oficialmente o manda chuva, ele odeia que eu fale assim. Os últimos dias foram agitados e intensos, muito trabalho, muitas confusões no país como já esperávamos, os rebeldes contra. Tem sido difícil manter a ordem, o que está deixando o Dylan a beira de um colapso. Na frente dos outros ele permanece firme, prático, direto, ríspido até diria. Mas quando estamos a sós vejo que ele está tentando fazer seu melhor. Agora mesmo estamos em seu apartamento, ele se nega ir trabalhar hoje, vim aqui arrancar ele.
— Dylan, você é um Denner. Haja como um, você não pode se esconder de suas obrigações. Falei andando atrás dele enquanto ele ia para cozinha.
— Eu sei Jess. Mas eu preciso de um descanso, não sei mais o que fazer, o país vai de mal a pior, os rebeldes tem vandalizado os quatro cantos desse país. Não há nada que eu faça para fazê-los mudarem e entender que estou do lado do povo e que não serei igual meu pai.
— Eu sei, mas vamos pensar em algo que te aproxime deles e veja que você é como nós. Tentei argumentar.
— O que Jess? Só se eu me casar com uma plebeia.
— Não seja irônico Dylan Denner, você não é um rei, para haver plebeias. Mas sabe que pode ter razão. Os presidentes nunca se relacionaram com mulheres abaixo de sua classe econômica. Talvez se você se relacionar com alguém que ...
— Nem pensar! Ele nem me deixou completar a frase.
— Porque você é muito bom senhor Denner que não possa se apaixonar por uma mulher de outra classe. Falei transparecendo minha raiva. Não acredito que o Dylan pensaria assim, está parecendo seu pai.
— Não é isso Jess. É complicado. Ele falou passando as mãos no cabelo.
— Há é? Então me explica, acho que seja capaz de entender. Ele pegou um copo com água e me entregou. E caminhou até a sala, parecia estar pensando. Quando chegou na sala, pegou um copo no bar e colocou um líquido de cor âmbar, tomando-o de uma vez só. — Anda Dylan, me explica porque você é tão bom e diferente dos outros, por acaso seu sangue é azul. Coloquei o copo sobre a mesa de centro fazendo barulho.
— Tá estressada. Você tá naqueles dias? Ele perguntou caminhando até o sofá.
— O que deu em você que está sendo tão babaca? Quer saber, isso não vai dá certo, de ser sua amiga e trabalhar pra você. Eu vou embora quando você quiser sabe onde me achar.
Peguei minha bolsa sobre o sofá e senti a mão fria do Dylan segurando meu braço.
— Espera. Me perdoa? É que tem muita coisa acontecendo. Eu não quero brigar com você. Ele falou deslizando sua mão pelo meu braço até encontra minha mão, segurando-a ele depositou um beijo.
— Não seja mais um babaca. E me deixe te ajudar. Falei quando ele me puxou para um abraço.
O Dylan era muito carinhoso e cuidadoso comigo, nunca tive amigos, principalmente homens, mas acredito que seja o jeito dele de mostrar seu cuidado.
— Não posso te contar muito Jess. É para sua própria segurança, mas vou te contar o suficiente para você entender o que vou te pedir. Não entendi nada do que ele falou, o que poderia ser perigoso para mim? E o que ele viria a me pedir? Segurando minha mão ele começou me puxar em direção as escadas que dava acesso ao andar de cima.
— Onde está me levando? Perguntei enquanto seguia seus passos.
— Para meu quarto.
Engoli em seco com a está informação, minhas pernas hesitaram durante a caminhada.
— Eu preciso te mostrar algo. Mas preciso que mantenha sua mente aberta. Por favor, não se assuste, não sei como você irá reagir, mas preciso ter a certeza que não vai surtar e sair gritando. Ele falou quando chegamos no andar de cima.
— Ok! Agora está me deixando assustada. Falei parando de frente a porta de seu quarto. — Devo ter medo? Perguntei.
— De mim? Nunca! Mas sobre o que irei te mostrar não sei se terá medo, mas não se preocupe, estará comigo. Ele falou ainda segurando minha mão quando abriu a porta do quarto e entramos.
Seguimos até o closet e ele acionou uma porta atrás de um dos espelhos. Apertei ainda mais forte sua mão.
— Tudo bem! Não precisa se preocupar. Vem! Ele me puxou pela mão e seguimos um pequeno corredor estreitos até entrar em uma sala, não muito grande. Na sala toda branca havia alguns monitores e outros aparelhos que não consigo identificar.
— Que lugar é esse? Perguntei impressionada com tamanha tecnologia.
— Senta! Ele apontou para cadeira a minha frente. Após respirar profundamente prosseguiu. — Aqui é uma espécie de sala de controle.
— Onde você controla algumas ações a serem realizadas no país? Perguntei tentando entender.
— Não! Uma sala de controle onde eu sou controlado. Um estalo se deu em minha mente. Seria possível? Não pode ser. Pensei — Funciona da seguinte maneira: Eu sou o presidente escolhido, mas por trás de mim há uma equipe que me usa para executar suas ordens. Nenhuma atitude minha pode ser tomada sem antes eles serem consultados.
— Certo. E quem faz parte dessa equipe? Perguntei, mas no fundo meu coração já previa a resposta.
— Aí que está a pior parte. Jess, existe outra dimensão além desta que vivemos, sei que pode parecer estranho, e que você talvez não acredite, mas posso te mostrar algumas imagens que provém o que digo.
Como eu imaginava, há existência de outra espécie, a espécie do Kai é real. Fiquei um tempo sem conseguir falar, eu pensava em muitas coisas ao mesmo tempo, era um turbilhão de pensamento que me causaram certa tontura. Precisei respirar profundamente para me manter de pé. — Você está bem? Está pálida. Talvez eu tenha errado te trazer aqui, é muita informação pra sua cabeça. Ele falava enquanto se movia de um lado a outro e passava as mãos no cabelo, já percebi ser uma mania dele quando está nervoso.
— Eu já sabia! Foi a única coisa que só segui falar.
— Oque? Como assim você já sabia? Como? Ele parou de se mover e veio ao meu encontro. Eu não sabia até que ponto eu poderia falar sobre o Kai. Também não sei se eles se conheciam. Então resolvi falar o mínimo possível, sem detalhes.
— Eu já os vi. Já conversei. Mas algum tempo não tive mais contato.
— Como foi isso? Porque eles te procuraram? Ele perguntou incrédulo.
— Não sei! Só os vi em sonhos, achei ser coisa da minha cabeça, pensei que estava louca. Dei de ombros.
— Que alívio você está me dando em já saber, assim posso compartilhar com você minha angústia. Entende porque não posso casar com qualquer mulher independente da classe, ela não entenderia, até poderia surtar se descobrisse. Além dos fatores que implicam casar com um homem como eu, e sobre ter filhos, é a pior parte. Até onde sei sou filho do meu pai com uma mulher qualquer que meu pai usou apenas para que eu fosse concebido. Sem amor, minha genitora é a prova disso, simplesmente me reproduziu e para que eles tivessem maior controle sobre mim, fui entregue a seus cuidados até atingir a idade da substituição. Minha educação foi a mais dolorosa possível para uma criança humana, são seres sem amor por nada, nem por ninguém. Sua afirmação sobre os seres não ter amor por ninguém me causou um incomodo, seria o Kai também assim e estava apenas fingindo? E o fato de ser entregue, seria uma regra? Pensei.
Eu estava quieta olhando o nada enquanto pensava no que dizer. — Então, Jess agora você me entende? Eu não quero ter um filho com uma qualquer, tão pouco com alguém que eu não possa confiar e contar toda verdade. Eu quero tentar mudar as coisas, quero poder ver meu filho crescer, cuidar e educar. Jamais entregá-lo e deixar sofrer o que sofri.
Imagino como deve ter sido difícil para ele.
— Tudo bem. São muitas informações, estou confusa, mas vamos pensar em algo juntos.
Falei me concentrando no momento. Por mais que eu quisesse surtar, não poderia fazer isso, antes de mais nada estou lutando para ser uma boa profissional e cuidar de tudo que diga respeito a imagem do Dylan.
— Jess, você é uma pessoa incrível, forte, determinada, você já sabe da existência de outra dimensão, e não surtou, você me entende a fundo. Não vejo outra pessoa melhor que você para casar comigo.
— O que? Casar? Você só pode estar brincando. Não posso Dylan. Ele só pode estar doido. Pensei.
— Porque não? Até onde sei você não namora ninguém. E nos damos tão bem. Levantei de forma inesperada quando ele tentou tocar minha mão. Os últimos meses tem sido muito confuso para mim. — Poderíamos fazer dá certo, Jess. Completou.
— Dylan, porque eu não acreditava no amor não significa que eu deva ter um casamento arranjado, existe vários fatores, precisamos de mais para ter uma relação de homem e mulher. Tentei ponderar.
— Acreditava, no passado? Porque? Agora acredita? — Eu não respondi apenas desviei o olhar. — Nós poderíamos tentar. Para mim não seria grande esforço, já te admiro tanto, como mulher, você é linda. — Voltei a lhe olhar. — Escuta, não precisa decidir agora, só promete que vai pensar com carinho. E preciso que me prometa que independente da sua resposta, nada mudará entre nós. Meus últimos meses foram intensos, cheios de acontecimentos e a melhor coisa que me aconteceu foi te conhecer. Ele deu um riso fraco e estendeu a mão em minha direção, convidando-me a um abraço. Eu não saberia o que faria dali em diante, se minha forma de olhar o Dylan mudaria, mas uma coisa eu tinha certeza, gostava dele, mas o sentimento era diferente ao que sinto quando penso no Kai.
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Faz exatas duas semanas desde que o Dylan me fez a proposta de casamento. Ele está tentando ser o mais profissional possível, nunca me pressionou, sem insistência. Ele tem passado mais tempo no trabalho que em casa, o que faz com que nos vejamos só no trabalho. Eu tenho aprendido bastante e agora que sei de algumas informações sobre o Dylan ser controlado, fica mais fácil entender determinadas atitudes que ele toma e eu reprovo, mas apesar de tudo venho tentando fazer um bom trabalho com sua imagem e tem funcionado. Nos últimos dias não houveram novas manifestações de oposição a sua posse na presidência. Já está próximo ao fim do expediente e hoje me sinto pior que nos outros dias, acho que tenho trabalhado muito e sobre estresse. Desde meu último sonho não houve nem sinal de Kai. Agora que sei com certeza que não sou louca me assusta essa sua ausência. Da última vez ele disse que estava em algum lugar que lhe impossibilitava de falar comigo, mas agora fico pensando se já não aconteceu algo pior com ele. O pensamento me causou um desconforto, senti uma gota de suor se formar em minha testa enquanto eu respirava fundo.
Segui até o elevador. Quando o elevador abriu, vi o Dylan.
— Oi! Ele falou e pôs as mãos dentro do bolso. Ele estava vestido com um terno cinza, sua aparência era cansada.
— Oi! Dia difícil? Tentei puxar assunto para quebrar o clima de tensão que era quase palpável.
— Muito! E você? Parece cansada. Falou enquanto mantinha a distância.
— Sim! Lhe dei um sorriso fraco.
— Escuta... Falamos uníssono.
— Você primeiro. Ele disse.
— Eu só queria me desculpar, talvez eu tenha reagido mal da última vez. Em seguida as portas se abriram e entrou mais duas pessoas no elevador. Recuei mais para trás, ficando mais próxima dele. O desconforto ainda me rondava, um embrulho se formava em meu estômago, enquanto eu respirava fundo.
— Não precisa se desculpar. Eu não estou chateado com você ou algo do tipo. Só estou tentando lhe dar espaço, não quero que se sinta pressionada. Falou mais como um sussurro para que as demais pessoas não ouvissem. Eu já não estava conseguindo prestar atenção, estava sentindo minha vista escurecer. Então segurei em seu braço quando a porta do elevador se abriu no térreo. — Jess? Você está bem? De repente tudo escureceu.
Senti algo me chacoalhar, e ao fundo uma voz. Senti minha pálpebra pesada ao tentar abri-las.
— Ela está acordando! Estamos caminho. O Dylan falou ao deligar o telefone.
— O que houve? Perguntei tentando levantar do banco do carro, eu estava com a cabeça repousada sobre seu colo.
— Você desmaiou. Estamos indo ao consultório do Dr.° Watson. Como se sente?
— Bem, eu acho.
— Só vou ficar satisfeito quando o Dr.° Watson lhe examinar.
Não questionei, me sentia sonolenta.
— Estou muito enjoada. Pode parar, por favor. Pedi sentindo o embrulho se formar violentamente em meu estômago.
— Alec, pare o carro!
Assim que o carro parou eu abri a porta apressada e coloquei para fora tudo que havia em meu estômago. Senti a mão do Dylan segurando meu cabelo.
— Olha pra lá não quero que veja isso. Falei tentando afasta-lo.
— Está bem, não vou olhar, mas respira, estou aqui. Uma de suas mãos estava em meu cabelo e a outra ele alisava minhas costas.
Após alguma segundos expelindo tudo que comi, acredito que até do dia anterior, finalmente senti que não havia mais nada. Dylan sempre atento pegou uma garrafa de água e me passou junto com um lenço.
— Obrigada!
— Se sente melhor agora? Podemos ir? Ele perguntou quando fechou a porta do carro.
— Sim, por favor. Recostei a cabeça no banco do carro.
— Alec, vamos!

[CONCLUÍDA] Além do agora - Sonhos podem ser reais Where stories live. Discover now